A Vinda da Família Real para o Brasil: contexto e consequências
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A Vinda da Família Real para o Brasil: contexto e consequências

Um dos momentos marcantes da História Nacional foi a vinda da Família Real para o Brasil no ano de 1808, por diversos motivos políticos e estratégicos. Entender essas relações contextuais e as consequências desse evento é importante, já que esse assunto costuma aparecer nos vestibulares com frequência. 

Por essa razão, a Coruja construiu o artigo abaixo, que resume as principais informações e características desse acontecimento histórico brasileiro. Ao final, você encontra questões resolvidas para treinar sua compreensão do tema. Confira!

Contexto Histórico da Vinda da Família Real para o Brasil

A vinda da família real para o Brasil está diretamente ligada com o Período Napoleônico, a nação Inglesa e a rivalidade entre França e Portugal nessa época.

Primeiramente, é importante saber que Inglaterra e Portugal possuíam um acordo, denominado por Acordo de Methuen. Com esse documento, os dois países estabeleceram uma integração econômica. Portugal cedia vinhos ao povo inglês e a Inglaterra era responsável pelo suprimento têxtil da nação portuguesa. 

Posteriormente, quando Napoleão Bonaparte inicia seu processo de expansionismo sobre a Europa, a Inglaterra representa seu principal obstáculo. Isso porque os ingleses possuíam grande poder marítimo e predominavam no controle dos mares.

Ao notar que estava sendo prejudicado pela força inglesa, Bonaparte utilizou meios estratégicos e estabeleceu um bloqueio continental à Inglaterra. Com essa determinação, os Estados não podiam mais fazer conexões comerciais com a nação inglesa. Os lugares que desobedecessem as ordens teriam suas terras invadidas pelo exército francês. 

Devido aos acordos político-econômicos historicamente realizados entre Portugal e Inglaterra, o reino português optou por não admitir o bloqueio imposto por Napoleão. Para pressionar ainda mais, Bonaparte se alinhou com a Espanha para conseguir uma rota de invasão a Portugal.

Nesse caso, a Espanha cedia a passagem das tropas napoleônicas por seu território, em troca de ganhar porções de terras portuguesas, caso a campanha francesa vencesse. 

Veja também: Imperialismo: conceitos e consequências

A Vinda da Família Real para o Brasil

Ao analisar a situação de rivalidade e possível invasão que sofreriam, foi proposto à corte portuguesa que o governo fosse transferido para o Brasil. Para assegurar a independência de sua nação, o príncipe regente, D. João, aceita a ideia e, em 1807, inicia-se o processo de embarque da família real.

Dessa forma, pode-se dizer que os elementos citados no tópico anterior são os principais motivos para a vinda da família real para o Brasil. 

A chegada da família real no Brasil

Em janeiro de 1808, a família real portuguesa chegou ao território brasileiro junto com grande parte da corte. Estima-se que desembarcaram aproximadamente dez mil pessoas no Rio de Janeiro e em Salvador. 

Além do contingente humano, foram trazidos móveis, jóias, riquezas, dinheiro, obras de arte, livros, documentos e diversos objetos de valores para o povo português.

Com a presença da nobreza no solo colonial, diversas relações coloniais se enfraqueceram e novas conexões foram criadas, acompanhe no tópico a seguir.

Consequências da vinda da família real para o Brasil

Assim que chegou ao Brasil, D. João redigiu uma Carta Régia, que determinava a Abertura dos Portos às Nações Amigas. Esse documento está relacionado com o rompimento do pacto colonial, uma vez que, a partir de então, a nação brasileira não estava mais restrita ao comércio com a metrópole portuguesa

Esse movimento do príncipe regente foi muito favorável à Inglaterra, que tinha fortes interesses na expansão de seu mercado consumidor devido ao contexto histórico que permeava sua comercialização.

Algum tempo depois, toda a família real portuguesa se estabeleceu no Rio de Janeiro e essa cidade tornou-se a sede da corte no território brasileiro, ou seja, a capital do império

Também foi nesse contexto que D. João liberou a industrialização e manufatura no país, por meio do Alvará de Liberdade Industrial — apesar de permitida, a indústria brasileira não tinha proteção e estrutura social, política e econômica para fomentar um grande desenvolvimento. 

Para alinhar ainda mais o contato com a Inglaterra, D. João assinou tratados que favoreciam a menor taxação de produtos, o início do processo de abolição da escravidão, a liberdade religiosa protestante, entre outros benefícios que favoreciam o comércio dos ingleses e a proteção e comercialização dos portugueses.

Além dessas medidas de cunho mais burocrático, o príncipe D. João também foi responsável por diversas alterações culturais importantes no território brasileiro. É possível citar a criação de museus, bibliotecas, escolas de artes, bancos, academias militares, laboratórios científicos, construção do Jardim Botânico, e o incentivo da Missão Artística Francesa. 

Brasil como Reino Unido de Portugal

Em 1814, no Congresso de Viena, que aconteceu após a Revolução Francesa a fim de restabelecer o mapa da Europa, foi acordado que a legitimação da posse das terras só aconteceria se os governantes estivessem no território.

Ou seja, nessa situação, a família real portuguesa perderia sua dominação sobre o território português na Europa, já que estava instalada em território estrangeiro. Nesse contexto, a corte optou por elevar o Brasil a Reino Unido de Portugal, o que permitia a permanência dos portugueses aqui e a preservação da posse das terras europeias.

Entenda também a Proclamação da independência do Brasil: contexto, causas e consequências

Questão de Vinda da Família Real para o Brasil

Com a questão abaixo, que caiu no Enem de 2010, treine seu conhecimento histórico sobre a vinda da família real para o Brasil e confira a resolução proposta pelo time do Estratégia Vestibulares. 

ENEM 2010

Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil.

Alvará de liberdade para as indústrias (1° de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características desse período explicam esse fato?

a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.
b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio.
c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa.
d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio internacional.
e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas.

O projeto de instalação da manufatura não se concretizou porque o mercado brasileiro dependia extremamente da agroexportadora escravista e obtinha produtos da nação inglesa — isso deixava a manufatura brasileira enfraquecida, a ponto de não haver o desenvolvimento significativo, como afirma a alternativa B.

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