Contrarreforma: contexto histórico e característica

Contrarreforma: contexto histórico e característica

O século XVI foi marcado por intensas transformações na visão religiosa da sociedade europeia. Nomes como João Calvino e Martinho Lutero deram início ao movimento de Reforma do cristianismo, que originou a religião protestante. Nesse contexto, a Igreja Católica perdeu muitos fieis e, para reestruturar a visão social sobre a instituição, preparou a Contrarreforma, que é um movimento católico criado para combater os vieses protestantes entre a população.

Para além de um tema puramente religioso, a Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica representam também eventos políticos, afinal, naquele período, religião e política tinham uma relação íntima. 

O foco deste artigo é o movimento de Contrarreforma, quais foram as motivações que originaram essa reação, como foi organizada e suas características. Do ponto de vista de vestibulares, ainda, o Estratégia separou uma questão de prova comentada sobre a temática, assim, é possível entender como o assunto cai nas avaliações de maneira prática. 

O que é Contrarreforma?

O movimento de Contrarreforma foi iniciado pela Igreja Católica, no século XVI, como uma reação às reivindicações e teses levantadas pelo protestantismo na Reforma Prostestante. Além de combater ideias que os católicos consideravam como erradas, também tinha o objetivo de espalhar a fé cristã e católica por outras partes do mundo, além do continente europeu. 

Contexto histórico da Contrarreforma

Para discorrer a respeito da Contrarreforma, é necessário embasar as informações no contexto histórico que cerca esse grande evento da história. No século XVI, o mundo acabara de sair um sistema social feudal, ou seja, a Igreja tinha um papel central na educação religiosa, moral e também tinha fortes poderes políticos. 

Reforma Protestante

Com a transição da Idade Média para a Idade Moderna, as bases da sociedade também se alteraram. O cristianismo mantinha-se como religião principal e fonte de sabedoria para muitos indivíduos, mas, agora, a influência da Igreja era gradativamente menor. 

Ao mesmo tempo, a Idade Moderna foi marcada por essa transição do teocentrismo, em que Deus é o centro da sociedade, para o antropocentrismo, em que o ser humano ocupa um lugar central na estrutura social. 

Diante disso, muitos homens tomaram a liberdade de analisar criticamente os comportamentos da Igreja Católica. Foi então, que difundiram ideias contra a venda de indulgências, defendiam a tradução da Bíblia, para que os fieis tivessem acesso à leitura e interpretação individual dos livros, e muitos outros protestos que colocaram em xeque o comportamento da Igreja.

À medida que essas ideias inovadoras se estabeleceram em muitos países europeus, a Igreja perdia fiéis e também enfraqueceu seu domínio territorial e político sobre as regiões. Nesse cenário, foi importante criar um plano de ação para conter tais transformações, que foi a Contrarreforma.

Características da Contrarreforma

Uma das primeiras intervenções da Igreja Católica para fortalecer o catolicismo na Europa foi a criação da Companhia de Jesus, instituição que reunia religiosos que tinham como função principal ensinar e difundir o cristianismo, do ponto de vista católico.

A Companhia de Jesus é a organização que sustentava os jesuítas, que também foram missionários em terras brasileiras para a catequização dos indígenas que aqui viviam. Nesse sentido, a Igreja optou por também difundir seus princípios para além dos limites geográficos europeus, assim, o número de fieis também cresceria.

É válido lembrar que, historicamente, o cristianismo é uma religião marcada pelo empenho missionário, de difundir os conhecimentos sobre seu Deus único para povos que ainda não o conheçam. 

Em uma visão histórica, a Contrarreforma foi, ao mesmo tempo, um movimento de crença e política, afinal, os locais para onde os missionários eram enviados, geralmente, eram colônias ou territórios dominados, conquistados, explorados por nações europeias.

Concílio de Trento

Um evento de suma importância na construção da Contrarreforma Católica foi o Concílio de Trento, período de tempo do século XV em que os clérigos católicos uniram-se para debater como poderiam barrar o crescimento do protestantismo em toda a Europa.

Houveram medidas de ação realizadas pela própria Igreja, como o envio de missionários, catecismo de crianças, reafirmação de dogmas e doutrinas, perpetuação da imagem dos santos católicos e além muitas outras crenças que foram questionadas por protestantes foram confirmadas pelos católicos, com o objetivo de consolidar o que era considerado como fé católica. 

Simultaneamente, as autoridades religiosas preocupavam-se em como parar a difusão das ideias protestantes. Foi então que eles resolveram estabelecer o conhecido Tribunal do Santo Ofício, em que retornaram as práticas da Inquisição.

A função desse tribunal era julgar todos aqueles que difundiam as ideias protestantes ou que compactuavam desses valores. Na época, foi confeccionada uma série de livros que seriam proibidos dentro da sociedade católica, entre eles livros que apoiavam a Reforma, que tinha um viés mais científico do que teológico ou que tinha ideias contrárias ao pensamento da Igreja naquele momento.

Fato é que, pessoas que declaravam ou eram flagradas em concordância com esses ideais mais protestantes sofreram danos morais e físicos, por meio de tortura ou até mesmo a morte em praça pública. 

De certa forma, a Contrarreforma foi bem sucedida por perpetuar o catolicismo em muitos países na Europa. Um exemplo clássico foi a Itália, país que até hoje está em torno do pequeno país do Vaticano, onde vive a autoridade máxima da Igreja Católica, o papa. Ao mesmo tempo, a exploração extracontinental nas Américas também favoreceu o crescimento do catolicismo. Por outro lado, a Contrarreforma não foi suficiente para calar a voz protestante, que mantém-se como forte corrente religiosa até os dias atuais. 

Questão de vestibular sobre Contrarreforma

Enem (2022)

TEXTO I

Manda o Santo Ofício da Inquisição que ninguém, seja qual for seu estado, idade ou condição, pare com carroça, caleça ou montaria nem atrapalhe com mesas ou cadeiras o centro das ruas, que vão da Inquisição a São Domingos, nem atravesse a procissão em ponto algum da ida ou da volta, amanhã, 19 do corrente, em que se celebrará auto de fé. E também que nem nesse dia nem nos dos açoites ouse alguém atirar nos réus maçãs, pedras, laranjas nem outra coisa qualquer.

PALMA, R. Anais da Inquisição de Lima. São Paulo: Edusp; Giordano, 1992 (adaptado).

TEXTO II

Como acontece em todos os ritos, o sentido do auto da fé é conferido pela sequência dos atos que o compõem. Os lugares, as posturas, os gestos, as palavras são fixados previamente em toda a sua complexidade. Por isso, o auto da fé apresenta momentos fortes — durante a preparação, a encenação, o ato e a recepção — que convém seguir em seus pormenores.

BETHENCOURT, F. História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-XIX. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.

O rito mencionado nos textos demonstra a capacidade da Igreja em

A) abrandar cerimônias de punição.
B) favorecer anseios de violência.
C) criticar políticas de disciplina.
D) produzir padrões de conduta.
E) ordenar cultos de heresia.

Resposta: Os autos da fé consistiam na organização de uma procissão pública dos indivíduos condenados pela Inquisição, o que contribuía para suscitar a adequação de seus espectadores aos dogmas e valores da Igreja, com o intuito de que não tivessem o mesmo destino.

Alternativa correta: D. 

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