O Descobrimento do Brasil aconteceu no ano de 1500, quando navegadores portugueses chegaram às terras baianas, tiveram contato com os indígenas nativos do território e passaram a observar quais riquezas poderiam obter a partir delas.
Acompanhe este texto resumo sobre o Descobrimento do Brasil e compreenda melhor o contexto histórico desse evento, a expedição de Pedro Álvares Cabral, a chegada dos europeus à nossa região, os registros encontrados da época e as polêmicas atuais a respeito do assunto.
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Contexto histórico do descobrimento do Brasil
O descobrimento do Brasil aconteceu em meio a efervescência das Grandes Navegações Europeias. Esse momento histórico é marcado pelas viagens exploratórias dos portugueses, espanhóis e ingleses. Em primeira instância, o maior anseio era encontrar a Índia e comercializar suas especiarias, mas novos territórios foram descobertos e tornaram-se alvo de seus interesses mercantis.
Por falar em interesse mercantil, é importante mencionar que o regime econômico vigente na época do descobrimento do Brasil era o mercantilismo. Antecessor do capitalismo, as atividades desse sistema tinham como objetivo acumular riquezas para uma nação dentro de seu território — isso tornava muito visionária a exploração de novas terras, que potencialmente seriam fontes de bens valiosos.
Mas, afinal, se várias nações se dedicaram às navegações, por que foram os portugueses os responsáveis pela descoberta do Brasil?
A verdade é que Portugal foi a região que iniciou a empreitada para a exploração dos territórios. As condições político-econômicas da nação favoreceram que esse movimento acontecesse:
- As terras portuguesas estavam unificadas e definidas deste 1429, sem interferência de conflitos com povos estrangeiros, como acontecia com a Guerra dos Cem Anos nos países vizinhos;
- A estabilidade política acompanhava aquele povo há um tempo significativo, devido à Revolução de Avis, que aconteceu em meados dos anos 1300;
- O conhecimento náutico dos portugueses estava em ascensão;
- A posição geográfica de Portugal favorecia navegações em direção a várias terras, inclusive as Américas que viriam a ser descobertas em 1492;
- A rivalidade entre Portugal e Espanha, que também tinha interesses mercantilistas e expansionistas, foi um fator de impulso para a continuidade das navegações lusitanas;
- Além disso tudo, surgiu um interesse em propagar o catolicismo por diversas porções do planeta.
A expedição de Pedro Álvares Cabral
Diante do cenário favorável às navegações exposto logo acima, Portugal prontamente iniciou expedições. A viagem de Pedro Álvares Cabral, cavaleiro importante da sociedade portuguesa, contava com treze embarcações, das quais eram: nove naus, uma transportadora de mantimentos e mais três caravelas.
Os navegantes partiram de Lisboa em março de 1500, com cerca de 1500 tripulantes. O destino previsto era o contorno do continente africano, em direção aos interesses na Índia. Mas a navegação tomou outros rumos, desde seu início partindo para Cabo Verde, passando pelas redondezas equatoriais, próximo a ilha de Fernando de Noronha e, por fim, avistando o Monte Pascoal, na Bahia.
A chegada ao território brasileiro
Ao avistarem terra, esperaram por mais algum tempo até o desembarque, mas sabe-se que as embarcações adentraram regiões brasileiras em 22 de abril de 1500 — essa é a data do descobrimento do Brasil.
No dia seguinte, quando os europeus de fato tocaram em solo brasileiro, marcou-se o primeiro encontro entre os estrangeiros e os indígenas nativos de nossa região. Esse momento é destacado pela manipulação implantada pelos portugueses — as cartas do escrivão Pero Vaz Caminha demonstram eurocentrismo desde o primeiro contato:
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador.
Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.”
Apesar das falas pesadas, essa relação foi calma, houveram trocas de acenos e presentes, alguns indígenas visitaram os barcos europeus, houve uma missa, e tudo parecia “correr bem”. Mas é importante ressaltar que toda a visão histórica sobre esse acontecimento parte de um contexto português, e as falas indígenas são apagadas nesse evento.
A expedição foi embora em primeiro de maio, para levar as boas notícias à futura metrópole portuguesa.
Por fim, mesmo após o descobrimento do Brasil, as nossas terras só passaram a ser colonizadas em 1530. Nesse período de 30 anos, conhecido como pré-colonial, houveram algumas instalações portuguesas no litoral e a exploração do pau-brasil, apenas.
Descobrimento do Brasil ou chegada dos portugueses?
O termo “descobrimento” do Brasil vem sendo cada vez mais questionado por historiadores que se dedicam a essa área de estudo. A noção de que os territórios foram descobertos é um tanto quanto eurocêntrica, uma vez que já haviam humanos que habitavam essas regiões milhares de anos.
Expressões como essa são uma forma de reforçar a ideia de que a civilização só se instalou no Brasil depois que os portugueses descobriram nossas terras — obviamente essa não é a melhor representação para o evento. Na verdade, os indígenas possuíam e possuem formas de organização social complexas e admiráveis, portanto são dignos de reconhecimento e respeito.
Diante de tal dilema, muitos livros didáticos abordam o tema com a expressão “A Chegada dos Portugueses”, porque assim fica evidenciada a adição de um novo povo ao território, que já estava estabelecido e organizado.
Questão da Unicamp sobre o descobrimento do Brasil
Agora que você já conhece as principais informações sobre o descobrimento do Brasil, acompanhe a resolução da questão da Unicamp em 2011 a respeito desse assunto:
UNICAMP 2011
Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. lsto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos de dar-lhe.”
(Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.)
Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as culturas indígena e europeia foi
a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores.
b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população.
c) facilitado pela dociIidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura.
d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas.
Os escritos de Caminha deixam explícita a vontade do escritor em compreender, no gesto dos indígenas, exatamente aquilo que favorecia os interesses europeus. Dessa forma, não é possível assumir um “interesse de ambas as partes”, já que a interpretação apresentada tem uma visão unicamente portuguesa.
Não é possível assumir, do trecho, que os indígenas foram dóceis. Historicamente, vemos que, na verdade, houve uma oposição entre nativos e colonizadores. Além disso, na época em questão a revolução industrial ainda não estava em desenvolvimento. Assim, as alternativas A, C e D estão inviabilizadas, de forma que a afirmação correta é a letra B.
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