Economia e sociedade no período do açúcar

Economia e sociedade no período do açúcar

A era do açúcar no Brasil corresponde à época em que o plantio da cana-de-açúcar e sua manipulação, nos engenhos, eram a principal atividade econômica. Ainda durante a colonização, a economia e sociedade do período do açúcar expressam os valores sociais, políticos e culturais que deram estrutura ao povo colonizado, sob o comando dos europeus. 

O conhecimento sobre a história nacional possibilita a compreensão de muitos aspectos atuais da sociedade, desde características culturais, religiosas, econômicas e até mesmo como se formaram os preconceitos, mitos e concepções de forma coletiva.

Dada a importância dos temas históricos, muitos vestibulares requerem que o candidato tenha uma ampla visão sobre os acontecimentos ao longo da história do país e do mundo. Para te ajudar na construção desse olhar crítico e panorâmico sobre o período do açúcar e suas repercussões, a Coruja preparou este artigo com as principais informações do assunto, aproveite!

Período colonial no Brasil 

Os portugueses chegaram às terras americanas ainda em 1500, época em que se desenrolaram as Grandes Navegações, quando diversos estados europeus dedicaram-se a explorar outras terras a partir da navegação marítima.

Portugal foi um Estado pioneiro nesse processo, mas o principal objetivo era chegar às Índias, terras do oriente que eram ricas em especiarias e mercadorias de grande valor econômico na Europa. À medida que exploravam os oceanos, esses europeus se depararam com outros territórios, entre eles o Brasil.

Por algum tempo, no estabelecimento da colonização, os lusitanos dedicaram-se, principalmente, à exploração do pau-brasil, que fornecia um corante de cor avermelhada muito interessante para a manufatura têxtil europeia, enquanto que o tronco das árvores era utilizado na construção de móveis e outros artigos de madeira.

Do ponto de vista econômico, entretanto, era necessário estabelecer uma atividade mais lucrativa, com benefícios para os investidores lusitanos e que trouxesse ganhos financeiros para a metrópole. Foi assim que se estabeleceram as culturas de açúcar no nordeste, ao longo do século XVI, que duraram por cerca de 200 anos como propulsoras da máquina colonial.

Como o ciclo do açúcar é uma das primeiras operações bem estruturadas dos colonizadores em terras brasileiras, ele também foi a base para a construção da sociedade colonial, com características que repercutem sobre a civilização brasileira até o século atual.

+ Veja também: Pacto colonial: contexto histórico e definições

Sociedade açucareira

Grupos sociais

A sociedade do açúcar possui uma estrutura marcante na história brasileira, a hierarquia de classes era bem demarcada no espaço geográfico. Como a vida da maior parte da população girava em torno da produção açucareira, os engenhos tornaram-se um ambiente central nessa sociedade.

São três grupos sociais principais: 

  • os senhores de engenho, ricos, latifundiários e aristocratas, que muitas vezes eram portugueses;
  • os escravos, figuras centrais na mão de obra açucareira, mas realizavam esse trabalho de maneira compulsória; e
  • os homens livres, como artesãos, pessoas que prestavam serviço pago aos engenhos, entre outros. 

Estrutura

A organização estrutural das fazendas desse período deixa evidente como a arquitetura pode transmitir mensagens, e a mensagem da sociedade açucareira exaltava os ricos, latifundiários, os homens influentes na política, enquanto os escravos eram relegados a espaços insalubres, sem requintes ou recursos, muitas vezes as necessidades básica não eram supridas. 

O centro do poder era a casa grande, onde moravam o senhor de engenho e toda a sua família, era o local de mais imponência naquelas terras. Geralmente tinham uma construção robusta, com requintes correspondentes à época. 

Por outro lado, os escravos viviam nas senzalas que, embora não tinham um padrão específico de construção para todos os engenhos, repetiam a estrutura precária. Móveis, camas e até banheiros eram inexistentes em algumas senzalas, o material da construção era simples, a higiene mínima e isso possibilitava a proliferação de doenças. 

A casa grande e a senzala geralmente estavam muito afastadas uma da outra, assim o senhor do engenho poderia estar longe dos escravizados e, em casos de rebelião, teria mais tempo de proteger-se. 

Esse contexto também pode ser visualizado de maneira mais sociológica, que expressa a distância social entre as duas classes, como se até mesmo a distribuição fosse estratégica na perpetuação da desigualdade social. 

Patriarcado 

O patriarcado, por influência de diferentes tradições, era a base para a sociedade açucareira no Brasil. Assim, a visão central é do homem, do pai, do senhor do engenho, do padre, as decisões, ações e finanças eram atribuídas à figura masculina, como o centro pelo qual o povo se direcionava. 

Economia açucareira

A estrutura econômica da colônia durante o ciclo do açúcar foi baseada na posse de terras e escravos. Nessas, eram realizados os plantios, que geralmente continham só tipo de planta, ou seja, eram monoculturas. 

As propriedades também tinham um grande tamanho, fazendas grandes, conhecidas como latifúndios, e a mão de obra empregada para preparar a terra, plantar, cultivar e colher a cana de açúcar era escravizada.

Nesse cenário, encontra-se uma outra atividade econômica do contexto colonial: a escravização e o tráfico negreiro. Em uma posição de metrópole tanto na África como na América, Portugal conseguiu estabelecer um processo de comercialização de escravizados na região africana, que eram o motor para o desenvolvimento da agricultura na colônia brasileira.

O sistema que une plantação em monocultura, realizada em latifúndios e realizada por mão de obra escravizada é chamado de plantation. Esse modelo manteve-se no país por muitos anos, mesmo após o término do ciclo do açúcar .  

+ Veja também: Resumo do Ciclo da Cana-de-açúcar: contexto e características

Questão sobre economia e sociedade no período do açúcar

FUVEST 2024

“Na coluna do ativo como na do passivo, seria difícil exagerar o papel do açúcar na história do Brasil colonial. Se ele foi o produto que proporcionou a base inicial solidamente econômica para o esforço do colonizador, foi também o que plasmou o regime de propriedade latifundiária, instalou a escravidão africana na América portuguesa e, no seu exclusivismo, inibiu o desenvolvimento da policultura (…), embora estimulando, em áreas apartadas, a pecuária e a lavoura de subsistência. (…) Ele desenvolveu um estilo de vida que marcou a existência de todas as camadas da população que integrou, reservando, contudo, seus privilégios a uns poucos.”

MELLO, Evaldo Cabral de. Um imenso Portugal: História e historiografia. São Paulo: Ed. 34, 2002. p.110.

O texto indica que, no Nordeste açucareiro dos séculos XVI e XVII,

A) a mão de obra de escravizados de origem africana e indígena era empregada nos canaviais, na pecuária e na lavoura de subsistência.
B) a distribuição de terras baseava-se na concessão, pela Coroa portuguesa, de privilégios e pequenos lotes a donatários.
C) os privilégios concentravam-se nas mãos dos senhores de engenho, em detrimento da população escravizada ou livre e pobre.
D) o desenvolvimento de relações socioeconômicas fundadas na horizontalidade recebia estímulos governamentais.
E) o modo de produção feudal prevaleceu na exploração agrícola pela metrópole.

Alternativa correta: C.

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