Hino Nacional do Brasil: história, curiosidades e como cai no vestibular

Hino Nacional do Brasil: história, curiosidades e como cai no vestibular

Reunimos tudo o que você precisa saber sobre um dos quatro símbolos oficiais do Brasil

Ouviram do Ipiranga? Hoje é Dia do Hino Nacional brasileiro! Conversamos com o professor Marco Túlio, que dá aulas de História no Estratégia Vestibulares e preparamos um texto com tudo o que você precisa saber sobre esse símbolo nacional.

O Hino brasileiro tem fortes tendências de uma escola literária específica, já passou por reformas e acompanhou momentos importantes na política do País. Confira a seguir.

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História do Hino Nacional

A melodia do Hino brasileiro nasce em 1831, em sinal de comemoração à abdicação do trono por parte do imperador Dom Pedro I. O governante voltava ao seu país de origem, Portugal, em meio a uma grave crise de popularidade de seu governo no Brasil.

“D. Pedro I demonstrou ser um governante autoritário, o que fez com que se desgastasse diante das elites agrárias brasileiras. Além disso, havia certo temor de que o monarca tentasse a reunificação entre Brasil e Portugal”, explica o professor Marco Túlio.

O compositor da música, que ainda não tinha letra, foi o maestro Francisco Manuel da Silva, cofundador da Imperial Academia de Música e do Instituto Nacional de Música. A primeira execução aconteceu no dia 13 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro.

Até aquela data, o Hino Nacional era o mesmo da independência, composto pelo próprio Dom Pedro I.

Letra do Hino Nacional

A primeira versão da letra foi escrita por Ovídio Saraiva e exaltava o período Regencial — como é chamada a época em que um grupo político governava no lugar de Dom Pedro II, que herdou o trono ainda criança.

Os versos deixavam explícito a expectativa do povo em relação à política com um governante que, pela primeira vez na história do País, era brasileiro. Confira um trecho:

Uma prudente regência

Um monarca brasileiro

Nos prometiam venturosos

O porvir mais lisonjeiro.

E vós donzelas brasileiras

Chegando de mães ao estado

Dai ao Brasil tão bons filhos

Como vossas mães tem dado.

Reforma do Hino Nacional

Mesmo com a letra composta, muitas vezes a melodia do Hino era executada sozinha durante o Segundo Reinado, o governo de Pedro II. E após a proclamação da República, em 1889, os republicanos desejavam uma nova música, que valorizasse o novo sistema político.

Por esse motivo, o presidente Marechal Deodoro da Fonseca organizou um concurso que escolheria outros versos. No entanto, a música vencedora não agradou pessoalmente Fonseca, que manteve apenas a melodia de Francisco Manuel da Silva como Hino.

Mais tarde, em 1906, um membro do Instituto Nacional de Música, Alberto Nepomuceno, propôs ao presidente Afonso Pena uma nova reforma do Hino Nacional. Foi então criado um novo concurso que elegeu a letra como conhecemos hoje, escrita pelo professor e poeta Osório Duque-Estrada.

Leia mais:

Letra atual

Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas

De um povo heroico, o brado retumbante

E o Sol da liberdade, em raios fúlgidos

Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte

Em teu seio, ó liberdade

Desafia o nosso peito a própria morte

Ó, Pátria amada

Idolatrada

Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido

De amor e de esperança, à terra desce

Se em teu formoso céu, risonho e límpido

A imagem do Cruzeiro resplandece

Gigante pela própria natureza

És belo, és forte, impávido colosso

E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada

Entre outras mil

És tu, Brasil

Ó, Pátria amada!

Dos filhos deste solo, és mãe gentil

Pátria amada, Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido

Ao som do mar e à luz do céu profundo

Fulguras, ó Brasil, florão da América

Iluminado ao Sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores

Nossos bosques têm mais vida

Nossa vida, no teu seio, mais amores

Ó Pátria amada

Idolatrada

Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado

E diga o verde-louro dessa flâmula

Paz no futuro e glória no passado

Mas se ergues da justiça a clava forte

Verás que um filho teu não foge à luta

Nem teme, quem te adora, a própria morte

Terra adorada

Entre outras mil

És tu, Brasil

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo, és mãe gentil

Pátria amada, Brasil!

Em 1971, durante a Ditadura Militar, o Hino se concretizou como símbolo oficial da República Federativa do Brasil ao lado da Bandeira do Brasil, o Brasão Nacional e o Selo Nacional, pela Lei nº 5.700, de 1º de setembro.

Veja também:

Curiosidades sobre o Hino Nacional

A execução

Você sabia que a Lei 5.700 considera desrespeitoso bater palmas durante a execução do Hino? É o que diz o Artigo 30 “Durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, os civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência.”

A letra

Os versos de Duque-Estrada foram compostos na época em que a escola literária predominante era a do Parnasianismo, por isso, o compositor usou o decassílabo heróico nos versos, isto é, verso de dez sílabas poéticas com marcação na sexta e na décima sílabas tônicas.

“Entre os restritos círculos letrados de nosso País, as palavras mais rebuscadas não causavam estranhamento. Porém, muitas delas não estavam presentes na comunicação popular”, comenta o professor Marco Túlio.

A história contada

O Hino Nacional narra o momento em que, durante uma viagem, Dom Pedro I proclama a Independência do Brasil em relação à então Metrópole Colonial, Portugal. 

Apesar de todo o glamour que os versos trazem sobre o momento, a verdade é que ele aconteceu de um jeito bem diferente. O professor Marco Túlio explica que a versão expressa na letra e no imaginário popular se deve muito ao quadro do pintor Pedro Américo, feito muitos anos depois da independência.

“Independência ou Morte!”, também conhecido como “O Grito do Ipiranga”, – Pedro Américo, 1888 / Foto: Wikipédia.

“A razão que levou a comitiva de D. Pedro a realizar uma rápida parada às margens do Rio Ipiranga, na província de São Paulo, não é nem um pouco heroica: o príncipe teve um mal-estar intestinal enquanto retornava para o Rio de Janeiro, o que o forçou a se aliviar por ali.”, comenta o professor Marco.

O professor ainda destaca que Dom Pedro I e seu grupo não usavam uniformes militares, mas sim roupas de tropeiros, e viajavam montados em mulas, ao invés de cavalos.

Glossário do Hino Nacional

Repleto de palavras que caíram em desuso no idioma Português no Brasil, o Hino Nacional pode ser complicado de interpretar. Por isso, a Coruja preparou um glossário com as palavras mais incomuns no nosso vocabulário, veja os significados:

  • Ipiranga: Rio onde, às margens, D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822;
  • Plácidas: Calmas;
  • Brado: Grito;
  • Retumbante: Que provoca grande som;
  • Fúlgidos: Que emite ou reflete luz;
  • Penhor: Garantir;
  • Límpido: Puro e transparente;
  • Cruzeiro: O Cruzeiro do Sul é um grupo de estrelas em forma de cruz que só pode ser visto no céu do Hemisfério Sul, e está sempre presente no céu do Brasil;
  • Resplandece: Que brilha intensamente;
  • Impávido: Destemido, impetuoso;
  • Colosso: Em quantidade excessiva;
  • Fulguras: Ato de brilhar; ação de se distinguir em relação aos demais;
  • Florão: Que possui muito valor, preciosidade;
  • Garrida: Exuberante;
  • Lábaro: Bandeira, estandarte ou peça de pano quadrangular, com as cores ou com o símbolo de determinada nação, país, agremiação; 
  • Flâmula: Chama pequena; e
  • Clava: Arma feita de madeira maciça.

Como o Hino Nacional cai no vestibular?

Para o professor Marco Túlio, uma abordagem possível sobre o Hino nos vestibulares é a respeito da história que ele conta, ou seja, a Independência do Brasil. O professor acredita que, em questões desse tipo, é importante se ater ao fato de que o processo de independência é marcado muito mais por continuidades do que descontinuidades.

Marco explica que mesmo após tornar-se um País livre, o Brasil manteve a monarquia como forma de governo, a escravidão como sistema de trabalho, a desigualdade baseada no latifúndio e a exclusão política das classes desfavorrecidas.

“A independência do Brasil não foi um processo revolucionário, porque ele não causou transformações drásticas nas estruturas econômicas, políticas e sociais.“, explica o professor.

Além disso, ele frisa a importância de lembrar que as reivindicações sobre a independência em relação a Portugal tiveram a participação inclusive de mulheres, escravos e negros livres.

Leia mais:

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