Saiba o que é epidemia e veja as maiores da história

Saiba o que é epidemia e veja as maiores da história

Você sabe quais foram as maiore epidemias da história? Neste ano pandêmico, precisamos entender a importância destas, e como são cobradas nos vestibulares!

Os professores do Estratégia Vestibulares, Carol Negrin e Marco Túlio, prepararam uma aula completa com tudo sobre as epidemias que aconteceram ao longo dos tempos e qual a importância histórica para os vestibulares e o Enem. No ano pandêmico que vivemos, questões sobre doenças, saúde pública e vacina podem ser cobradas nos processos seletivos. 

Nesse texto, contamos pra você tudo sobre a aula e o contexto das principais epidemias que acometeram a humanidade. De início, já alertamos: endemia, epidemia e pandemia são coisas diferentes.

O que é endemia, epidemia e pandemia?

A diferenciação é necessária para não errar mais na disciplina de história e na redação, olha só:

  • Endemia: quando uma doença tem frequência em uma ou algumas regiões específicas.
  • Epidemia: quando ocorre um aumento repentino no número de casos de uma doença em várias regiões, é uma doença infecciosa e transmissível.
  • Pandemia: quando atinge grandes proporções ao espalhar-se por diversas regiões do planeta, é uma doença infecciosa e que causa a morte de grande número de pessoas.

Peste bubônica

Durante o século VI, houve a primeira pandemia, que ficou conhecida como “praga de Justiniano”. Justiniano foi o mais importante imperador do Império Bizantino e, em seu contexto, aconteceu a disseminação dessa moléstia, principalmente em torno do Mediterrâneo.

“A transmissão deu-se de homem a homem e há estimativas de que, no mínimo, 40% da população do Mediterrâneo foi vitimada por essa doença”, explica o professor.

O segundo surto desta doença é chamado de peste negra ou peste bubônica, pois provocava bubões enegrecidos nas virilhas e axilas e foi trazida do Oriente por navios genoveses e desembarca na Europa em torno de 1348. 

Nessa época, passou-se a associar a doença ao contato humano, e muitos fogem para o campo levando a maior disseminação. Com isso, a doença se espalhou rapidamente diante das precárias condições de higiene existentes nos centros urbanos e vilarejos. Acredita-se que um terço da população europeia foi dizimada pela doença.

Qual a causa da peste bubônica?

A peste bubônica é causada pelo bacilo Yersina pestis, transmitido pela picada das pulgas e piolhos de ratos contaminados. Os navios desembarcavam com mercadorias infectadas , e o ambiente sujo era propício para a proliferação dos roedores.

As más condições de higiene contribuíram para que a peste se alastrasse, além da população de ratos que não era controlada pelos gatos da Idade Média. “Antigamente, os gatos eram vistos como algo maléfico e também foram dizimados”, explica a professora Carol Negrin.

A máscara usada nesta época, tinha um bico alongado onde eram colocadas especiarias para que se impedisse o contato com os odores e pessoas pestilentas. 

Ainda nesta época, a população buscava uma justificativa da doença, como o castigo divino. Com isso, há o aumento da venda das indulgências, a doação de bens para a Igreja e a construção de templos religiosos.

Além disso, um efeito relacionado à peste bubônica é o crescimento dos flagelantes, que eram cristãos que saíam pelas ruas buscando se purgar de seus pecados se castigando em público. 

Consequências

Do ponto de vista econômico, a doença contribuiu para a desagregação do sistema feudal e camponeses que sobreviveram se mobilizaram por melhores condições de trabalho.

Além disso, contribuiu para gerar mudanças na mentalidade medieval. A percepção de morte foi alterada, passando a ser encarada como uma força imparcial que se projeta sobre todos os homens, independente da classe ou da moral.

Houve também um grande efeito na cultura, com o surgimento do laicismo que dá origem, posteriormente, ao humanismo.

A Conquista da América

A partir do século XV, doenças trazidas pelos europeus para a América tiveram um impacto devastador entre os povos indígenas. Doenças como a varíola, o sarampo, a catapora, a tuberculose, a febre amarela e a gripe contribuíram para dizimar os nativos. Isso aconteceu pois eles tinham baixa imunidade para as doenças europeias, hábitos coletivos e desconhecimento de tratamentos.

“Na Conquista do México, quando Cortez desembarcou em 1519, existiam cerca de 30 milhões de indígenas na Mesoamérica. Já no final do século, apenas dois milhões sobreviveram”, ressalta o professor Marco Túlio.

Recentemente, descobriu-se que a salmonela e a varíola foram responsáveis por dizimar grande parte dos astecas. 

Quando demonstraram ter conhecimento sobre a disseminação de algumas doenças e o impacto causado nos indígenas, europeus e brasileiros travaram “guerras bacteriológicas” contra os ameríndios.

A sífilis, que alguns a apelidaram de “vingança dos índios”, tem origem ameríndia e foi levada à Europa pelo retorno da primeira expedição de Colombo. Além disso, por ser uma doença sexual, é vista como uma espécie de doença moral, sendo associada com o pecado.

Aliadas às guerras de conquista, à escassez de alimento e aos trabalhos forçados, as doenças trazidas pelos europeus foram responsáveis pelo maior genocídio da humanidade. 

Curiosidade: A “Pequena Varíola” da Idade Média é a varíola propriamente dita, foi a maior assassina de todos os tempos, matando um quarto da população humana desde a criação do mundo e está erradicada desde 1980. Já a “Grande Varíola”, era a sífilis, uma doença sexualmente transmissível e venérea, causada pela bactéria Treponema pallidum.

Revolta da Vacina

As doenças peste bubônica, varíola e febre amarela assolavam o Rio de Janeiro do início do século XX. A febre amarela era transmitida pela picada de mosquitos, e alguns médicos acreditavam ser transmitida pelo contato com sangue, suor e secreções dos doentes.

A situação na cidade do Rio de Janeiro era caótica e os navios estrangeiros não queriam atracar no porto do Rio. O então presidente Rodrigues Alves nomeou Oswaldo Cruz como diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, que estudou no Instituto Pasteur em Paris e instaurou uma série de medidas sanitárias.

Em 1900, a população da capital federal era assolada por doenças epidêmicas. Para reverter a situação, o presidente Rodrigues Alves deu início à “Regeneração”, um conjunto de reformas que buscavam sanear a cidade e atribuir a ela uma imagem de “civilizada”.

Para isso, uma reforma urbana foi empreendida pelo prefeito Pereira Passos, que instituiu a política conhecida como “bota-abaixo”. Esta, consistia na demolição de cortiços e casebres que forçaram a remoção das camadas pobres da população das áreas centrais, o que fez com que a população expulsa se instalasse nos morros, dando início às primeiras favelas. 

O higienismo é uma doutrina social que nasceu no século XIX, quando governadores passaram a dar mais atenção à saúde e à moral da população. Entretanto, essas propostas carregavam uma garca de discriminação social, ao passo que os pobres eram retirados dos centros urbanos.

Para controlar a epidemia de peste bubônica, doentes foram isolados e vetores capturados, além de promover certos investimentos em saneamento básico. No caso da febre amarela, a maioria da população acreditava que a doença era transmitida pelo sangue, suor e secreções, realizando desinfecções nas roupas e casas dos doentes.

Por outro lado, Oswaldo Cruz acreditava que a transmissão era feita pelo mosquito. O que resultou em brigadas focadas na eliminação de focos do inseto, reduzindo o número de casos de febre amarela.

Com isso, a população foi castigada pelo governo e pela varíola. Já que o governo interrompeu um movimento ascendente de adesão obrigatória à vacinação, e, portanto, a vacinação voltou a cair.

Em 1908, o Rio de Janeiro foi atingido novamente pela mais violenta epidemia de varíola de sua história. Assim, em um movimento contrário à Revolta da Vacina, a população correu para ser vacinada.

Gripe espanhola

A gripe espanhola ocorreu a partir de 1918, nos anos finais da Primeira Guerra Mundial, e foi causada por um subtipo de vírus H1N1, vírus influenza do tipo A. “Acredita-se que tenha surgido nos Estados Unidos, pois os primeiros casos da doença foram registrados em um acampamento militar no Kansas”, afirma o professor Marco Túlio.

Em pouco tempo, a doença matou mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, mais que o dobro do número de mortos pela guerra. Parte de sua mortalidade está relacionada à negligência das autoridades públicas. 

Como a medicina da época encontrou dificuldade em entender a doença, os sistemas de saúde ficaram abarrotados e o isolamento social passou a ser adotado como medida de prevenção. 

Gripe espanhola no Brasil

A doença chegou ao Brasil pelo navio inglês Demerara, que realizou paradas em Recife, Salvador e no Rio de Janeiro. Por conta da contaminação, em poucos meses o Brasil já registrava mais de 30 mil mortos.

Isso causou perturbação no cotidiano da população, como aulas suspensas, cinemas e espetáculos públicos proibidos, comércios fechados, ritos funerários proibidos, falta de serviço de transporte, alta dos preços e escassez de alimentos.

Quando coveiros começaram a morrer no Rio de Janeiro, a polícia saiu à caça de homens fortes para forçá-los a enterrar os cadáveres que se amontoavam pelas ruas. Pílulas e tônicos foram anunciados como miraculosos nos jornais. Em São Paulo, a mistura da cachaça, limão e mel era adotada como remédio caseiro, dando origem à caipirinha.

Um dos efeitos gerados pela Gripe Espanhola foi que as autoridades passaram a ter uma preocupação maior com a saúde pública. 

O Carnaval de 1919 do Rio de Janeiro foi considerado “libertino” e marcado por excessos pelos jornais, e no “Loucos Anos 1920”, o final da Primeira Guerra e da pandemia contribuíram para que se iniciasse um período de maior liberdade nas artes e costumes.

Como foi criada a primeira vacina?

A oposição à vacinação obrigatória ocorreu desde o surgimento da primeira vacina. Em 1798, Edward Jenner inoculou em um garoto de oito anos o pus extraído de pústulas de uma camponesa que ordenhava vacas. 

Após verificar que o garoto pegou a varíola em sua forma benigna e se recuperou em dez dias, não hesitou em inocular pus de pústulas de um bixiguento que havia morrido novamente em James, provando que ele não podia mais ser contaminado.

Entretanto, Jenner teve que encarar uma terrível campanha da imprensa contra sua vacinação terrível, o que despertou o interesse de Napoleão, que queria invadir a Inglaterra mas sem perder homens para a varíola.

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