Unificação italiana: contexto histórico e como aconteceu

Unificação italiana: contexto histórico e como aconteceu

O processo de unificação italiana diz respeito ao período em que a Península Itálica foi reorganizada territorialmente, depois da saída dos austríacos da região. Trata-se de uma etapa crucial para a formação do Estado italiano propriamente dito. Leia e saiba mais sobre o contexto histórico e o desenvolvimento da Itália. 

Contexto histórico da unificação italiana

Congresso de Viena

A unificação italiana ocorreu em meio a grandes transformações do território europeu. Esse processo aconteceu especificamente na Península Itálica, que muitas vezes é conhecida como “bota da Itália”, pelo contorno do mapa, como você pode ver a seguir. 

No começo do século XIX, a Itália não existia como nação absoluta. A região era ocupada por diferentes reinos, que tinham suas próprias regras, moedas, pesos, medidas e, assim, conviviam independentemente. 

Essa característica tem uma correlação histórica importante: o Congresso de Viena. Esse evento é marcante na história europeia, porque reorganizou o território do continente depois das grandes investidas e dominações implantadas pelos governos de Napoleão Bonaparte. Foi então que a região italiana ficou fragmentada em diferentes províncias.

Revolução Francesa

Como antecedente desse período, ainda podemos citar a Revolução Francesa. Quando ideais iluministas foram difundidos não somente na França, mas resvalaram por toda a Europa e até mesmo nas Américas. Assim, o monarquismo estava em cheque em vários territórios,

Para evitar que novas revoltas ou revoluções acontecessem, monarquistas de várias regiões uniram-se e formaram grupos de dominação sobre outras nações. Observa-se, então, um contexto de dominação das nações mais poderosas sobre as outras. Na Península Itálica, grande parte dos pequenos reinados estavam sob comando dos austríacos e outras dominadas pela própria Igreja Católica. 

A grande questão é que, apesar dos esforços em conter os ideais revolucionários, eles já estavam disseminados pela população. Foi então que movimentos nacionalistas e liberalistas nasceram dentro da Itália. 

Os movimentos para a unificação italiana

A ideia principal dos movimentos que se desenvolveram durante o século XIX, era de unificar os territórios da Península Itálica e transformá-la em um só estado-nação. Nasceram diversas correntes de pensamento sobre como essa reorganização deveria acontecer, algumas com inclinação religiosa, outra republicana e, por fim, grande influência de ideais monarquistas. A primeira ascensão revolucionária deu-se no ano de 1848, mas foi pouco efetiva. 

Então, em 1850 houve um novo levante: como era a segunda vez que isso acontecia na região, ficou conhecido como Risorgimento — foi comandado pelo “conde de Cavour”, chamado Camilo Benso. Ele era primeiro-ministro de uma das províncias, Piemonte-Sardenha, a única em que o governo monarquista tinha caráter menos absoluto, pois havia constituição para coordenar as ações do rei. 

O líder foi necessário para alinhar os interesses italianos e franceses contra o Império Austríaco. Foi assim que coordenou um acordo com os franceses, em favor de libertar-se do domínio imperialista. Sua decisão foi estratégica para encontrar reforço militar, assim, poderiam guerrear contra os imperialistas austríacos com maiores chances de vitória. 

Esse plano foi efetivo e garantiu uma vitória expressiva do Reino de Piemonte-Sardenha. Assim, foi conquistada a região da Lombardia, que passou do domínio austríaco para o controle italiano. O bom resultado dos revolucionários influenciou outras províncias, que libertaram-se das dominações austríacas e uniram-se à Piemonte. 

Apesar das divergências de pensamentos sobre como a revolução e a unificação deveriam acontecer, até mesmo líderes republicanos perceberam que o projeto de Camillo Benso estava em ascensão. Com isso, a forma de governo monarquista, proposta pelo primeiro-ministro, ficou em evidência na região. 

Foi assim que Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Maldini, grandes nomes do republicanismo italiano, alinharam-se com o Risorgimento. Inclusive, foram responsáveis por dominar regiões ao sul da península e entregá-las ao Reino de Piemonte-Sardenha. Pouco a pouco, ficou nítido que os territórios estavam centralizados em torno do mesmo governo, que era representado pelo rei Vítor Emanuel II, que iniciou seu reinado em 1861. 

De fato, a Itália já estava formada e, por fim, o território de Roma foi anexado quando a região ficou fragilizada. Antes, haviam franceses que protegiam o lugar, mas com a Guerra Franco Prussiana (1870-1871), os esforços de guerra da França concentraram-se em outros locais. Com essa brecha, os italianos dominaram Roma e os territórios da Igreja. 

Consequências da unificação italiana

Como todo movimento ou revolução histórica, há influência da unificação italiana sobre a história da região. Uma das primeiras coisas a ser notada é que, com a questão do Congresso de Viena e a necessidade de reorganização do território, as novidades que já estavam em toda a Europa demoraram a chegar à Itália. Por exemplo, entende-se que o processo de industrialização italiano é atrasado historicamente, quando comparado a outras nações da mesma região. 

Outro ponto importante foi um debate em relação à Igreja Católica. Afinal, com o domínio dos Estados Pontifícios (sagrados, como o atual Vaticano), os italianos opuseram-se ao poder da igreja. Essa questão atravessou o século XIX e só foi solucionada em 1929, na ocasião, o mediador foi Benito Mussolini, que permitiu o nascimento do Estado do Vaticano, por meio do Tratado de Latrão.

Questão sobre unificação italiana

(Faculdade Santa Marcelina – FASM 2019)

No início da unificação, estimou-se que não mais de 2,5% de seus habitantes falavam a língua italiana no dia a dia. Provavelmente uma porcentagem bem maior, mas ainda uma modesta minoria, teria se sentido naquela data como italianos. Não é de admirar que Massimo d’Azeglio exclamasse em 1860: “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”.

(Eric J. Hobsbawm. A era do capital – 1848-1875, 2017. Adaptado.)

A afirmação do político italiano revela que

a) o nacionalismo aglutinou politicamente povos culturalmente homogêneos.

b) a unificação política resultou da supremacia popular no movimento.

c) a formação do Estado nacional precedeu o sentimento nacionalista.

d) o patriotismo do conjunto da nação fomentou o movimento de unificação.

e) a diversidade linguística justificou a necessidade de união nacional.

A alternativa A está incorreta, porque o trecho aponta para o oposto disso. Ou seja, o nacionalismo aglutinou povos culturalmente heterogêneos, que não compartilhavam a mesma língua.

A alternativa B está incorreta. A unificação da Itália não foi um processo resultante da supremacia popular, e sim da burguesia interessada em unir o país, promovendo o avanço industrial e um mercado comum.

A alternativa C está correta. O trecho afirma que a Itália foi unida sob uma mesma bandeira, após um árduo processo de unificação. No entanto, o sentimento de pertencimento nacional, ou seja, sentir-se italiano, ainda não existia no período de criação do Estado, porque cada região possuía uma cultura e identificação própria. Para comprovar isso, o texto afirma que apenas 2% dos “italianos” falavam o idioma, dada a heterogeneidade presente no local. Por conta disso, o político afirmou que a Itália foi “feita” antes que se “fizessem” os italianos.

A alternativa D está incorreta, porque o trecho afirma que o sentimento nacional ainda não existia quando se unificou a Itália. Portanto, é impossível que o patriotismo tenha sido um dos elementos fomentadores do Estado nacional.

A alternativa E está incorreta, porque a diversidade linguística era um dos elementos que dificultava a união nacional. Este não serviu, portanto, para justificar a formação do Estado.

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