Ao ler um material, um dos fatores que auxiliam na interpretação do conteúdo, é o conhecimento sobre o processo de escrita, entender a estrutura daquele texto e qual seria o objetivo do autor naquela escrita. Tudo isso depende da correta identificação do tipo textual, a partir da estrutura, linguagem, local em que foi publicado e todo o contexto que engloba aquele assunto.
Neste artigo, você encontra características típicas que devem ser observadas em um texto para conseguir fazer uma identificação do tipo textual de forma clara, assim, há uma possibilidade de interpretar os escritos com mais facilidade, bem como é possível escrever com mais coerência e coesão conforme a forma do conteúdo.
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O que são tipos textuais?
Na Língua Portuguesa, os textos podem ser classificados conforme suas características gerais e estrutura, entre elas: linguagem utilizada, organização dos parágrafos, objetivo do autor, mensagem transmitida, forma de escrita, público alvo, entre outros aspectos.
Ao observar todos esses elementos, marcadores estruturais e linguísticos de um conteúdo, é possível classificar um texto conforme seu tipo, os tipos textuais. Assim, ao continuar a leitura, a interpretação fica mais clara sobre os objetivos e estilo de escrita, de forma que o pensamento pode ficar mais direcionado para encontrar os pontos principais daquela mensagem.
Por exemplo, ao ler este artigo, observe a forma como ele está construído e organizado. Inicia-se com uma introdução sobre um tema e, certo ponto, há indícios de que será um texto didático, metalinguístico, que trata sobre assuntos da própria Língua Portuguesa. Com isso, toda a interpretação deve voltar-se para captar as informações ensinadas, para aumentar um conhecimento.
Ao escrever um texto, também é relevante redigi-lo de forma a respeitar as características daquele tipo textual, assim o leitor também poderá captar elementos e estruturas que direcionam sua interpretação, facilitando a compreensão da mensagem que será transmitida.
Por exemplo, em um texto argumentativo, é necessário apresentar o assunto, situar o interlocutor no tema, para então apresentar uma tese. Dessa forma, o leitor pode captar o objetivo do texto em debater o conteúdo e, assim, buscar os argumentos apresentados para formular sua própria opinião.
Marcadores linguísticos e estruturais que ajudam na identificação do tipo textual
Em geral, a primeira impressão que temos sobre um texto é visual, a forma como as palavras estão dispostas na folha ou tela já podem direcionar a interpretação. Texto em prosa, em que frases e parágrafos são encadeados, geralmente são mais longos e abrangem tipos textuais narrativos, dissertativos, argumentativos, científicos, fictícios, entre outros.
Por outro lado, quando o leitor se depara com um texto escrito em forma de poesia ou poema, dividido por estrofes e versos, observa-se que há um objetivo artístico mais fundamentado naquele escrito. Então, espera-se por temas mais subjetivos, que buscam um refinamento do visual, estrutura e musicalidade do texto — essas características variam de acordo com a história literária e o tipo de escrita de cada autor.
A maior parte dos textos iniciam-se com uma introdução sobre um assunto e, já nos primeiros parágrafos, é possível captar algumas informações a respeito daquele escrito. Por exemplo, textos que utilizam a linguagem formal e culta no geral possuem conteúdo mais objetivo, direto, com menos informações subjetivas.
De forma oposta, os textos de conteúdo mais emocional, que abordam o cotidiano e aspectos íntimos da vida aderem a uma linguagem mais simples, emocional, abstrata, por vezes utilizam termos e expressões coloquiais.
Outro marcador importante a ser observado nos textos é a disposição dos verbos: uma escrita mais impessoal geralmente evita as primeiras pessoas do discurso, de forma deixar as ações em uma perspectiva objetiva. Esse tipo de escrita é comum em textos dissertativos, jornalísticos, científicos, entre outros.
Quando os verbos utilizados estão conjugados na primeira pessoa do singular ou plural, há uma maior tendência da escrita ser subjetiva, voltada para aspectos da vida pessoal, ou ainda, narrar histórias de uma perspectiva individual. É um estilo de redação comum em crônicas, contos, narrativas, cartas, poemas, entre diversos outros.
Como identificar os tipos textuais?
Agora que você conhece os principais elementos que classificam um texto literário, é importante aplicar essa teoria ao ler diferentes materiais, no cotidiano, durante os estudos ou até mesmo no ambiente de trabalho.
Um passo importante, nesse sentido, é conhecer os aspectos básicos dos principais tipos textuais da Língua Portuguesa, que estão descritos na tabela abaixo.
Argumentativo | Descritivo | Expositivo | Injuntivo | Narrativo | |
Voz do discurso | Argumentador | Observador | Informante | Guia/explicador | Narrador |
Linguagem | Geralmente formal, culta. | Pode ser formal, culta, coloquial. | Pode ser formal, culta, coloquial. | Geralmente formal, direta, objetiva | Pode ser formal, culta, coloquial. |
Conteúdo | Argumentos e dados sobre um tema. | Descrição de objeto, pessoa, personagem, animal. | Apresentação de informações | Explicação de passo a passo, métodos para realizar determinada tarefa | Contar, relatar, narrar histórias |
Gêneros textuais | Dissertação, tese. | Reportagens, biografias, relatos históricos. | Verbete de dicionário. | Manual de instruções, receitas culinárias. | Conto, novela, romance, fábula, crônica. |
Com base nisso, no momento de sua leitura, considere primeiramente se é um texto em forma de prosa ou poesia. Em seguida, grife as principais palavras do texto e entenda em qual tipo de linguagem elas se encaixam: formal ou informal. Depois, continue a leitura e entenda se o objetivo do autor é expor um conteúdo, argumentar sobre ele, opinar sobre um tema ou outro qualquer.
Considere sempre a estrutura total do texto, se há personagens ou dados expostos. Durante sua interpretação, procure elementos que apontem para qual tipo de público o autor escreveu aquele texto — por exemplo, textos para crianças tendem a utilizar palavras simples e termos em diminutivo, textos jornalísticos são mais diretos e estatísticos, enquanto teses científicas apresentam palavras e jargões específicos de cada área das ciências.
Ao congregar essas informações básicas, é possível delimitar aspectos importantes que direcionam e identificam cada escrito em um tipo textual. Por vezes, um mesmo material pode apresentar características que se enquadram em duas categorias, mas geralmente elas têm uma relação e semelhança, como a união das dissertações com textos argumentativos.
+ Veja também: Tipos de narrador: narração em primeira e terceira pessoa
Questão sobre identificação dos tipos textuais
UnB (2023)
Não se deveria dizer “consumir cultura”. Em vez de “consumir música” ou “consumir teatro”, deveríamos voltar a dizer “ouvir música”, “assistir ao teatro”, e assim por diante.
Na Roma antiga, “consumir” tinha o sentido exclusivo de gastar e destruir. Com o tempo, passou-se a empregar o termo referindo-se ao consumo de alimentos, o que não deixa de ser uma destruição: destruímos os alimentos ao comê-los, para nos mantermos vivos e saudáveis. Já que, para comê-los, é preciso primeiro comprá-los, consumir tornou-se sinônimo de comprar, adquirir. E, na sociedade em que vivemos, em que tudo, inclusive a cultura, virou produto, não é estranho pensar em consumir música, teatro, dança, livros etc.
Em tempos em que o consumismo domina as relações sociais e em que há uma forte reação contra ele por parte de setores mais esclarecidos da sociedade, falar em consumir cultura pode soar mercantilista. Quem consome não frui, e a cultura deveria ser, antes de tudo, fruição.
Aldo Bizzocchi. Cultura é artigo de consumo? Internet: <www.diariodeumlinguista.com> (com adaptações).
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, faça o que se pede no item.
Em relação à tipologia textual, o segundo parágrafo do texto é predominantemente
A) argumentativo.
B) descritivo.
C) informativo.
D) narrativo.
Alternativa correta: C.
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