Estratégia resume: O Ateneu, de Raul Pompéia

Estratégia resume: O Ateneu, de Raul Pompéia

Confira agora mesmo o resumo da obra “O Ateneu”, baseado na aula da professora Viviane Andrade Oliveira

O livro O Ateneu se passa no século XIX e é um romance naturalista onde Raul Pompéia apresenta patologias sociais e desnuda as falsas moralidades. Com 12 capítulos, a obra foi publicada em folhetins no ano de 1888 e faz parte do movimento realista no Brasil, sendo considerada uma das mais importantes da época. 

O contexto em meio a diversas histórias vividas ao longo do tempo e da estadia no colégio interno, durante a história, Raul Pompéia, denuncia o espaço escolar e seus problemas. Sua trajetória no colégio interno, que durou cerca de dois anos, é tomada de diversos acontecimentos.

Com romance, ironias e ressentimento, o autor apresenta aspectos exclusivos do internato que contribuíram para  formação de jovens, e até mesmo de características únicas de Raul Pompéia. A obra apresenta descrições físicas e psicológicas, e impacta os leitores ao mostrar como os personagens se envolveram com os acontecimentos.

Para você entender mais sobre a obra, preparamos um resumo com tudo o que você precisa saber, como contexto histórico, personagens, biografia da autora, linguagem, gênero textual e questões fundamentais do livro. Acompanhe abaixo.

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Quem foi Raul Pompéia?

O autor, Raul Pompéia, nasceu na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em 12 de abril de 1863. Raul veio de uma família tradicional, instruída e abastada, e com apenas 10 anos, foi matriculado em um internato, chamado Colégio Abílio, o qual tinha como diretor o Dr. Abílio César Borges. 

Em seguida, foi transferido e terminou seus estudos secundários no Colégio Pedro II. E antes de ingressar na faculdade, publicou seu primeiro romance, Uma tragédia no Amazonas.

Raul frequentou a Faculdade de Direito de São Paulo e participou de eventos abolicionistas e republicanos. Nesse período, ainda publicou a obra As jóias da Coroa, que possuía cunho anti-monarquista. Em busca de encontrar e estudar mais ideologias a qual acreditava, Raul e alguns colegas se transferiram para a Faculdade de Direito de Recife.

Quando já estava formado, publicou em folhetins o romance O Ateneu. Nesta obra memorialista, Raul conta como foi sua traumática estadia no colégio interno. Após a publicação, dedicou-se à atividade jornalística na Gazeta de Notícias, e, posteriormente, tornou-se secretário da Academia de Belas Artes e professor na Escola Nacional de Belas Artes. 

Entretanto, Raul sofreu com a depressão e desenvolveu diversas inimizades, atraindo polêmicas para sua vida. Um exemplo, foi sua rixa com Olavo Bilac, um poeta, contista e jornalista brasileiro, o qual chamou para um duelo que não aconteceu devido intermédio de amigos. 

Ainda assim, foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional, mas foi demitido após ser acusado de desacato. Por fim, Raul se deu um tiro no peito e pôs fim a sua vida na no dia 25 de dezembro de 1895, aos 32 anos de idade. 

Contexto histórico de O Ateneu

No século XIX, houveram grandes modificações políticas, econômicas, sociais e artistas que se iniciaram na Europa. Esse continente, e mais especificamente na França e Inglaterra, sofreu revoluções no século anterior.

Revolução Francesa e Revolução Industrial

Essas revoluções passaram a impactar a sociedade, promovendo desenvolvimento tecnológico, eclodindo teorias críticas, ideológicas e filosóficas, proporcionando a urbanização em massa. 

Já na segunda metade do século XIX, a sociedade se via em meio a uma sociedade capitalista, mercantil, corrupta, marginalizada e doente. Desse modo, uma visão científica e racional adentrou as rodas artísticas e fez com que surgisse um movimento contrário ao romantismo, o realismo.  Essa nova tendência pode ser encontrada em diversas artes, incluindo a literatura, que posteriormente se aprofundou e misturou-se com o naturalismo

Cientificismo

O autor passou a adotar descobertas científicas e correntes sociológicas, filosóficas e biológicas desse período para seus trabalhos. Com um diálogo entre os escritores realistas e naturalistas com o Positivismo, de  Comte; o Socialismo, de Marx e Engels; o Evolucionismo, de Darwin; o Determinismo, de Taine; dentre outros.

Isso justifica as descrições e objetividade de linguagem, e os temas das obras dessa época serem verossímeis, mostrando sem pudores a falsidade, o egoísmo, o adultério, a marginalidade e as relações de interesses. 

Movimento em que o livro se encaixa

O livro O Ateneu é uma obra que conta com os movimentos realismo e naturalismo, onde ambos tinham como objetivo mostrar as suas personagens, tal qual o mundo lhes apresenta, descobrindo, nas entranhas de seus seres, as explicações de dados comportamentais amorais ou imorais. 

Realismo

As principais características do realismo são, veracidade ou busca da verossimilhança, materialização do amor, mulher não idealizada e heróis cheios de fraqueza, denúncia das injustiças sociais, linguagem culta e objetiva, narrativa lenta e detalhista e descrições psicológicas das personagens.

Dessa maneira, obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Dom Casmurro e O Ateneu, de Raul Pompéia, são obras realistas que desnudam os desvios de caráter, mostram os conflitos e as relações humanas da sociedade mercantil, apresentam a hipocrisia e afetação das regras sociais de conveniência e aparência.

Naturalismo

O naturalismo é um movimento descendente do realismo, com preocupações temáticas próximas, sendo muitas vezes difícil diferenciar os dois movimentos. O naturalismo leva o positivismo e a objetividade mais a fundo, pretende desnudar a condição humana e seu comportamento de maneira experimental, científica, observando a hereditariedade e a influência do meio nos personagens.

O movimento naturalista apresenta personagens imersos em uma sociedade doente, comparando-os a animais, os quais não resta nada além da própria condição biológica e socialmente patológica.

As principais características do naturalismo são, linguagem simples e regionalismos, descrições e narrativas lentas, ênfase no sensual e despreocupação com a moral, zoomorfismo e patologia social, ambientes pobres e personagens de minorias, impessoalidade e objetivismo, e determinismo e cientificismo. 

Personagens de O Ateneu

  • Sérgio: garoto tímido, que sofre com os jogos de interesses dos colegas; desiludido pela realidade do cotidiano do colégio.
  • Dr. Aristarco: rígido diretor do colégio; moralista e materialista; move-se de acordo com seus interesses econômicos e de vaidade. 
  • Sanches: salva Sérgio de afogamento, mas sugere “favores” em troca.
  • Franco: travesso e sofre desprezo dos pais e do diretor.
  • Barbalho: gorducho zombeteiro, descrito como futuro marginal.
  • Barreto: de meditação “trevosa”, só falava de punição no inferno.
  • Bento Alves: homem bom e misterioso, bibliotecário e amigo de Sérgio

Como o gênero de livro memorialista é visto em O Ateneu

O Ateneu é um livro memorialista, ou seja, Sérgio, o personagem principal e narrador, conta em doze capítulos sua trágica história vivida em um colégio interno, durante a passagem da fase infantil para a fase da adolescência. O narrador-personagem é aquele que aparece em primeira pessoa e participa da história e dos acontecimentos narrados.

Assim, o tempo de ação e o tempo de narração são diferentes. Enquanto o tempo de ação mostra os fatos que aconteceram, como Sérgio criança vivendo em um internato, o tempo de narração apresenta com Sérgio já adulto nos contando a história.

Como são retirados relatos do seu dia a dia, e acontecimentos que estiveram presentes no passado e na infância de Sérgio, ele conta-nos com suas próprias experiências como foi viver essa época. 

Análise

Em O Ateneu, o autor descreve suas relações afetivas com os demais colegas de internato e isso foi revolucionário para a época. Ainda que contasse suas histórias pessoais, Raul Pompéia criticava a sociedade do final do século XIX. 

Durante os capítulos, Sérgio, o narrador-personagem, conta detalhadamente como foi sua estadia, desde a entrada até a saída, do colégio interno Ateneu. Permeada de subjetividades e impressões pessoais a partir do garoto de onze anos, entendemos mais sobre o que aconteceu em sua infância. 

Ao longo da história, percebemos análises críticas que o próprio Sérgio faz a partir de sua visão daqueles que o rodeiam, como o diretor, sua esposa e seus colegas. Não obstante, Sérgio está entregue à religião e à devoção à Santa Rosália, o que justificaria seu comportamento calmo e sereno, diferente de antes.

Outro ponto é a aproximação de Sérgio e Bento Alves, um colega do internato, o que gera diversos comentários e piadas por parte dos demais internos. Esses acontecimentos geram brigas e revelam as fraquezas do autor, um dos aspectos do realismo.

Em seu segundo ano de Ateneu, Sérgio está mais ciente dos atos deturpados e violentos do colégio, abrindo sua visão a novas expectativas. Ainda assim, continuava sendo visto como um dos “fracos” no internato. Nesta época, uma carta pornográfica marcava um encontro homossexual interceptada por Dr. Aristarco, que colocou Sérgio em pânico, já que estava sendo olhado de maneira mais rigorosa pela diretoria após a situação com Bento Alves.

No final do ano, Sérgio adoece de Sarampo e sua família se muda para a Europa, deixando-o no internato com meio dúzia de outros garotos que também não voltaram para casa no final do ano. Assim, é cuidado por dona Ema e estreita seus laços com a mesma, desenvolvendo um carinho de mãe. Por fim, um fatal incêndio destruiu todo o colégio Ateneu, acabando também com as histórias e vivências de Sérgio. 

Crítica Social

O colégio “O Ateneu” pode ser considerado um “microcosmo” da sociedade brasileira. Uma vez que, sozinha, a instituição é suficiente, em sua gente e ambiente, para representar as patologias da sociedade brasileira da segunda metade do século XIX. Os personagens influenciam o ambiente pesado e violento e sofriam influência dele, onde todas experiências de todos são traumáticas. 

Todos são caricaturas depreciativas, grotescas e violentas, o que enfatiza o tom dramático e traumático da experiência do menino nos seus quase 2 anos vivendo nesse ambiente e convivendo com essas pessoas.

O Ateneu também se destaca de outras obras do período por possuir requinte verbal, linguagem culta e apurada, as quais não foram tão valorizadas por outros autores do realismo. Já a linguagem empregada por Raul Pompéia é rica, sem ser rebuscada, sendo um fino trato que o diferencia dos demais autores. 

A ironia e o  ressentimento que o autor emprega ao longo de seu livro, incomum às obras memorialistas anteriores. O senso psicológico, os comentários subjetivos, impregnados de perspicazes impressões individuais, mostram mais de seu estilo particular, onde os fatos são importantes, mas não mais do que suas memórias e senso crítico.

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