Teatro: gênero dramático, características e questões

Teatro: gênero dramático, características e questões

O teatro é uma das artes mais antigas da humanidade, reconhecido por sua capacidade de representar situações do cotidiano adicionando ou não elementos fantásticos ao enredo. Trata-se de uma forma artística baseada no gênero literário dramático, que será explorada neste artigo. 

Leia mais e entenda sobre as características principais do gênero dramático, como o texto é estruturado, exemplos de obras, além de acompanhar a resolução de uma questão de vestibular sobre o tema. 

O que é teatro?

A literatura classifica as obras em três gêneros literários:

  • O gênero lírico, em que há expressão de sentimentos, subjetividade, impressões e sentimentos do autor;
  • O gênero épico, que narra histórias e trajetórias heróicas de personagens, baseadas ou não em fatos reais; e 
  • O gênero dramático, em que uma narrativa é construída para que seja representada, interpretada por atores.

Diante dessa classificação, o teatro é a representação encenada de um texto dramático. É a própria dramatização do enredo escrito, com as falas, cenários, personagens, trilha sonora, entonação e posicionamento corporais necessários para contar a história. 

Em algumas situações, a palavra teatro também pode ser utilizada para representar o local que possui a estrutura necessária para as encenações. Por exemplo, o “Theatro Municipal de São Paulo” é um prédio e monumento histórico, em que ocorrem representações dramáticas e também outras apresentações artísticas, como danças, orquestras, shows de comédia, entre outros. 

Teatro Municipal de São Paulo
Theatro Municipal de São Paulo
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Origem do teatro

O teatro tem origens ligadas à Antiguidade Clássica. Relatos históricos comprovam que, na Grécia Antiga os indivíduos já possuíam o costume de encenar situações e trazer reações sentimentais aos espectadores, principalmente durante as festas religiosas. 

Há uma relação religiosa no surgimento do teatro: em festas ao deus grego Dionísio, os cidadãos reuniam-se para agradecer pelo vinho e pela alegria. Geralmente, os rituais eram realizados com danças e cantos. Em um dado momento, um dos devotos, Téspis, decidiu interpretar o próprio deus Dionísio e, então, ele é considerado um dos principais nomes do teatro ocidental.

Também na república romana, o teatro ganhou notoriedade. Inclusive, foram construídos edifícios próprios para as representações, que são visitados por turistas até os dias atuais. Tanto em Roma como na Grécia, eram construções em formato semicircular, com arquibancadas em declive e apresentação no centro. 

No Brasil, os primeiros registros de manifestações teatrais estão relacionados com as missões catequizadoras dos jesuítas. As interpretações tinham o objetivo de explicar o cristianismo aos nativos. 

Características do teatro

Os teatros seguem textos literários e/ou roteiros que descrevem a história que deve ser contada e como ela deve ser contada. Então, os textos do gênero dramático possuem falas e instruções sobre a representação adequada. 

Para facilitar a organização, os teatros são divididos em cenas, que estão agrupadas em atos. A cada ato, geralmente há um intervalo para reestruturação do cenário, tempo e outros detalhes para a parte audiovisual da encenação. 

Então, em cada momento, é importante que os atores e diretores se atentem para a entonação correta das falas, o posicionamento corporal, o figurino escolhido, o cenário, a iluminação e a sonorização do ambiente.

Em uma interpretação teatral, as falas podem ocorrer entre os personagens, o que ajuda na construção da narrativa entre os integrantes. Em certos momentos, alguns dramaturgos optam por adicionar monólogos, em que o ator fala “sozinho”, expondo seus pensamentos e trazendo sua perspectiva para o público. 

Cada um desses detalhes colabora para a construção da mensagem. Por exemplo, em monólogos e momentos de reflexão, pode ser importante apontar o foco de luz para o personagem falando, o que confere mais atenção e dramatização para o texto. 

Todos esses elementos precisam se complementar para evocar emoções, sentimentos e reflexões no espectador. Segundo o filósofo Aristóteles, descargas emocionais podem trazer uma “purificação” para a alma, o que ele chama de catarse. Esse termo consagrou-se e, até os dias atuais, os sentimentos manifestados nos espectadores de um teatro são chamados de catarse.

Texto teatral ou dramático

Uma vez que tantos detalhes são necessários para uma apresentação teatral memorável, os escritores de teatro (dramaturgos) dedicam-se a construir uma história e também os seus elementos complementares. 

Na narrativa, é necessário que haja um momento de apresentação do tempo, espaço e personagens inseridos na história. Então, a obra deve encaminhar-se para um conflito, um ápice de tensão e drama. Por fim, a conclusão da encenação precisa ser bem feita, para trazer a finitude da obra — isso não significa que o conflito precisa necessariamente se resolver. 

Embora essa estrutura não seja rígida, é importante que haja uma organização básica do texto e do conteúdo, para que a interpretação seja clara e o público capte a mensagem transmitida pelos atores. 

Outro elemento importante que o dramaturgo inclui em suas obras são as rubricas, que são instruções sobre como o intérprete deve agir em determinado momento da cena ou mudanças estruturais. Seja uma entonação diferente na fala, um gesto adicional, mudança de iluminação, alteração no cenário, entre outros elementos. Geralmente elas aparecem em parênteses no decorrer do texto, veja o exemplo a seguir, retirado da obra O Pagador de Promessas, de Dias Gomes.

(…)

SACRISTÃO
Não sei. Um deles quer falar com o senhor.


(Adianta-se)
Sou eu, Padre.
(Inclina-se, respeitoso e beija-lhe a mão)

PADRE
Agora está na hora da missa. Mais tarde, se quiser…


É que eu vim de muito longe, Padre. Andei sete léguas…

PADRE
Sete léguas? Para falar comigo.


Não, pra trazer esta cruz.

PADRE
(Olha a cruz, detidamente)
E como a trouxe… num caminhão?


Não, Padre, nas costas.

SACRISTÃO
(Expandindo infantilmente a sua admiração) Menino!

PADRE
(Lança-lhe um olhar enérgico) Psiu!
Cale a boca!
(Seu interesse por Zé-do-Burro cresce)
Sete léguas com essa cruz nas costas. Deixe ver seu ombro. Zé-do-Burro despe um lado do paletó, abre a camisa e mostra o ombro.
Sacristão espicha-se todo para ver e não esconde a sua impressão

SACRISTÃO
Está em carne viva!

PADRE
(Parece satisfeito com o exame) Promessa?


(Balança afirmativamente a cabeça)
Pra Santa Bárbara. Estava esperando abrir a igreja…

Gêneros teatrais

O teatro também pode ser classificado em gênero, conforme as características e temas principais do espetáculo. Por exemplo, as comédias são interpretações em que predomina o elemento cômico, jocoso e satírico. Muitas vezes também são utilizadas para fazer críticas sociais e políticas, com tons de ironia. 

As tragédias, por sua vez, são teatros com destaque para o conteúdo catastrófico. Geralmente envolve o sofrimento humano, desventuras vividas por um personagem ou outras intercorrências da vida humana. Existe ainda um gênero híbrido entre a tragédia e a comédia, que é conhecido como tragicomédia.

O próximo gênero teatral conhecido são os autos. Tratam-se de peças em que o conteúdo foca a religião, a dualidade entre o bem e o mal, o céu e o inferno, o certo e o errado. Geralmente são textos curtos, escritos em um único ato que traz elementos de comicidade para a história. O texto abaixo é do Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente — observe a presença da dicotomia entre “anjo” e “diabo”. 

ANJO Não vindes vós de maneira
pera entrar neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.

Ireis lá mais espaçoso
vós e vossa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso.

E porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso.

DIABO À barca, à barca, senhores!
Oh! que maré tão de prata!
Um ventozinho que mata 

Por fim, é possível falar sobre as farsas. São obras curtas, com conteúdo cotidiano e cômico, os diálogos são simples, mas apresentam um caráter crítico às questões sociais, morais, éticas ou políticas. 

Questões sobre teatro

A arte de Luís Otávio Burnier

O movimento natural do corpo segue as leis cotidianas: o menor esforço para o maior efeito. Etienne Decroux inverte a frase e cria o que, para ele, seria uma das mais importantes leis da arte: o maior esforço para o menor efeito. “Se eu pedir a um ator que me expresse alegria, ele me fará assim (fazia uma grande máscara de alegria com o rosto), mas se eu cobrir o seu rosto com um pano ou uma máscara neutra, amarrar seus braços para trás e lhe pedir que me expresse agora a alegria, ele precisará de anos de estudo”, dizia.

CAFIERO, C. Revista do Lume, n. 5, jul. 2003.

No texto, Carlota Cafiero expõe a concepção elaborada por Etienne Decroux, que desafia o ator a estabelecer uma comunicação com o público sem as expressões convencionais, por meio da

a) estética facial.

b) mímica corporal. 

c) amarra no corpo.

d) função da máscara.

e)  simbologia do tecido.

A alternativa B está correta, pois o que o texto aponta é que se o rosto do ator estiver coberto, ele precisará trabalhar com o corpo para passar suas informações. Assim, ele deverá trabalhar com a mímica corporal.

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