Classes de palavras são uma forma de agrupar os termos conforme suas características, de forma a construir conjuntos com aspectos semelhantes, que podem ser compreendidos e estudados simultaneamente. Atualmente, existem dez classes gramaticais, que podem ser divididas em invariáveis, que mantém uma estrutura fixa ao longo do texto, e as variáveis, que são alteradas morfologicamente a depender do contexto.
O objetivo deste artigo é apresentar o conceito de classe invariável, quais são esses grupos de palavras, com exemplos. Além disso, acompanhe alguns exemplos de questões que abordam esse assunto, que é relevante tanto para a interpretação textual, como para o desenvolvimento da escrita correta.
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Classes gramaticais
Classes gramaticais são uma forma de agrupar termos semelhantes do ponto de vista semântico e morfológico, de maneira que cada conjunto dessas palavras contém vocábulos que apresentam comportamentos e funções similares do ponto de vista sintático.
Na Língua Portuguesa admite-se, ao todo, dez classes gramaticais, entre as quais estão: substantivos, adjetivos, verbos, advérbios, pronomes, conjunções, artigos, preposições, numerais e interjeições.
O que são classes invariáveis?
Quando as classes gramaticais são determinadas como invariáveis, significa que esses termos possuem uma forma fixa, que não se altera à medida em que o contexto de escrita ou estrutura da oração são diferentes.
Por exemplo, a conjunção de oposição “mas” apresentará essa forma independentemente de como está escrito o texto ou da ordem sintática escolhida para a oração. O mesmo pode acontecer com outras conjunções, interjeições, preposições e advérbios.
É importante levar em consideração que uma mesma palavra pode se encaixar em diferentes classes gramaticais, a depender de como está escrita e do sentido atribuído a elas. Nesses casos, o termo apresenta um comportamento invariável, de não se flexionar, quando estiver classificado dentro de uma classe com essas características.
Um modelo importante é o vocábulo “porém”, que geralmente é utilizado como conjunção de oposição de sentido, como em: “desejo seguir meu caminho, porém vivo pressionada a percorrer o caminho estabelecido para outros”. Nesse caso, a palavra é invariável, sem flexão em gênero, número, grau ou modo.
Já na frase “Não quero ir, porque tenho muitos poréns em relação a essa viagem” a palavra “porém” aparece flexionada em número, no plural. Isso é possível porque, nesse caso, o termo está dentro da classe dos substantivos, que poderia ser substituído por “impedimentos”, “contradições” sem prejuízo de sentido.
Advérbios
Os advérbios são palavras que relacionam-se aos verbos para qualificá-los em relação a modo, tempo, finalidade, lugar, entre outros aspectos. Como é uma classe de palavras invariáveis, não flexiona-se em diferentes textos.
Nos exemplos abaixo, o advérbio “cuidadosamente”, que indica que uma ação foi realizada “com cuidado”, é utilizado extensivamente em diferentes contextos. Veja que os pronomes, verbos e outras classes gramaticais variam em número, tempo, grau, gênero, mas o advérbio mantém uma forma fixa.
- Chegamos à praia, depois de dirigirmos cuidadosamente;
- Ela, cuidadosamente, tem sido uma ótima namorada;
- Eu conduzi a conversa cuidadosamente;
- Eles lavaram o carro cuidadosamente.
Preposições
A função das preposições é unir termos da oração, criando uma relação entre elas. São palavras extremamente relacionadas com a coerência e coesão dos textos, em geral, são termos invariáveis. Veja as mais famosas: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, entre, para, perante, por, per, sem, sob, sobre, trás. Nos exemplos, foca-se em “após” em diferentes contextos de escrita:
- Cheguei em casa após ele;
- Após o culto, fomos comer lanche;
- Quem quiser me seguir, venha após mim e siga-me;
- Eles choraram copiosamente após o nascimento da criança, era a alegria da família.
Por outro lado, é possível que as preposições se liguem a outras classes de palavras. Há uma relação especial entre preposições somada aos artigos, como os artigos são variáveis em gênero e número, é importante atentar-se a isso. Um exemplo importante é com o termo “de”, que geralmente se contrai como “de+a = da”, “de+o=do”, “de+as = das”, “de+os = dos”. Veja que a preposição não torna-se variável, mas há uma alteração morfológica que une duas classes gramaticais e suas características.
Conjunções
As conjunções são palavras invariáveis que unem duas ou mais orações dentro de uma mesma frase, ou ainda, são úteis para criar união entre parágrafos. São um recurso importante para criar elos no texto, correlacionando as mensagens apresentados em cada pedaço de texto.
Entre as conjunções estão: mas, porém, contudo, que, de forma que, para que, como, conforme, segundo, se caso, desde que, quando, enquanto, além de, também, porquanto, portanto, consequentemente, entre outros exemplos. Veja algumas frases que utilizam essa classe de palavras:
- Enquanto algumas pessoas sonham, outras realizam;
- Não estudei para a prova, consequentemente, tirei uma nota ruim;
- Já alugamos a hospedagem para que estejamos confortáveis na viagem do fim de ano/
Interjeições
Por fim, as interjeições também são consideradas invariáveis, a função principal desses vocábulos é expressar emoções e sentimentos. Muitas vezes são termos regionais, que são mais comuns em uma região ou outra. Entre elas estão: ah!, oba!, caramba!, oras!, que pena!, que trem bom!, nossa!, francamente!, ave!, salve!, viva!, silêncio!, basta!, credo!, uau! entre outras.
Observe que a estrutura dessas palavras é fixa, não será alterada conforme número, grau ou gênero presentes na frase, como é demonstrado nos exemplos a seguir:
- Ah, não aguento mais aulas tão longas!
- Caramba! Machuquei o dedo do pé.
- Ah, como somos felizes nesse relacionamento!
- Caramba! Eles estavam em um jantar e ele a pediu em casamento.
Questões sobre classes invariáveis
Unicamp 2020
Leia o texto a seguir e responda.
O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face…”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que…”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias.
(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que…” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose.blogspot.com/2019/02/globo-adota- boa-noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.)
Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da conjunção adversativa seguido da expressão “a boa notícia é que” permite ao jornalista
A) apontar a gravidade da notícia e compensá-la.
B) expor a neutralidade da notícia e reforçá-la.
C) minimizar a relevância da notícia e acentuá-la.
D) revelar a importância da notícia e enfatizá-la.
Resposta: O texto deixa claro que no ano corrente, as informações eram bastante graves, o “mas” não nega isso, ou seja, reconhece a gravidade, mas ao noticiar algo bom (o fato de que a vítima saiu da UTI) o efeito é de relativização e compensação do caráter negativo da notícia anterior.
Alternativa correta: A.
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