Ao transmitir uma informação, espera-se que o locutor emite a mensagem da maneira mais clara possível, o que facilita a compreensão dos interlocutores. Uma das características de uma comunicação clara e coerente está na correta flexão nominal e verbal ao longo da fala, considerando a relação entre as palavras, gêneros (feminino ou masculino) e números (singular ou plural).
Do ponto de vista dos vestibulares, o conhecimento sobre flexão nominal transpassa a escrita correta de redações, a resposta discursiva bem escrita em questões abertas, além de facilitar a interpretação de textos que possuem uma sintaxe mais complexa do que os escritos do cotidiano.
Neste artigo, entenda melhor o conceito de flexão nominal e como ele é aplicado na construção das orações gramaticais. Depois, veja a importância desse conhecimento para a comunicação mais efetiva, com a resolução completa de questões de vestibulares.
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O que é flexão nominal?
Flexão nominal é o conceito da gramática que trata sobre a concordância entre os termos e as palavras que se relacionam a eles dentro do texto. São pequenas alterações que permitem maior coesão do texto, de maneira que palavras no plural liguem-se a outras palavras flexionadas no plural, assim como no plural.
Os termos que são alterados e flexionados, nesse tema, são os nomes sintáticos: substantivos, adjetivos, pronomes e numerais. Ou seja, não estão incluídos os verbos, suas conjugações e flexões — há uma concepção especialmente para isso, que é a flexão verbal.
A flexão nominal também pode ser aplicada no sentido de diferenciar o gênero das palavras, especialmente os substantivos, entre feminino e masculino. Com isso, as associações sintáticas ficam mais claras para o leitor, de maneira a diminuir a chance de ambiguidade ao longo do texto.
No geral, quando a flexão nominal é bem estabelecida, a sonoridade do texto também é mais agradável aos ouvintes. Muitas vezes, a falta de concordância de gênero e número durante o discurso pode descredibilizar a qualidade da mensagem, porque a construção gramatical está incorreta.
Por outro lado, alguns autores literários dedicam-se a construir textos que choquem os leitores, ou adicionar diferentes sentidos a uma frase por meio de flexão nominal diferente da habitual, gramaticalmente correta.
Aplicação do conceito de flexão nominal
Flexão nominal de gênero
A primeira forma de estabelecer a correta flexão nominal entre as palavras que será estudada, fala sobre a relação de gênero entre as palavras. Nesse contexto, substantivos femininos devem estar em conjunto de artigos, adjetivos e pronomes que remetem ao gênero feminino.
A frase descrita abaixo é atribuída ao grande autor realista Machado de Assis:
“Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado.”
Observe como a flexão nominal faz diferença na construção do texto: a relação entre as palavras “-os” e “eles” demonstra que elas fazem referência a uma palavra masculina, o termo “elogios”. Essa compreensão é possível porque todos esses termos estão flexionados em gênero masculino, em número de plural.
Estrutura semelhante é encontrada em “melhores”, “digestões” e “as”. O adjetivo “melhor” e o pronome “a” flexionam-se em plural feminino, para concordar com o substantivo principal “digestões”, que também admite essa flexão nominal.
Flexão nominal de número
À semelhança do que foi descrito no exemplo anterior, a flexão de número refere à adequação singular-plural na construção de uma frase, que permite melhor coerência no texto e conexão entre os diversos termos da oração.
A frase “Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.” é de Carlos Drummond de Andrade e demonstra, com relevância, a flexão nominal de número
Observe que, logo no início, apresenta-se um substantivo do tipo numeral: “duas”. Trata-se de um número, escrito no feminino e que indica uma compreensão no plural. Por isso, a palavra “épocas” flexiona-se igualmente em gênero feminino e em numeração plural.
Flexão de grau
Outra forma importante de flexão nominal é a flexão de grau, que permite conferir um sentido aumentativo, normal ou diminutivo para a palavra. No geral, o aumentativo é construído com o sufixo “-ão” e o diminutivo é elaborado por meio do sufixo “-inho”. O grau normal será palavra em sua flexão de grau neutra, como no exemplo:
- Amorzinho, amor, amorzão;
- Abracinho, abraço, abração; e
- Beijinho, beijo, beijão.
Flexão nominal e morfologia
A morfologia é o ramo da gramática que estuda a forma e a construção das palavras, e é por meio dela que são definidos os conceitos de sufixo, prefixo, justaposição, entre outros. Ao observar o processo de flexão nominal, observa-se que esses recursos morfológicos são necessários para a correta concordância das palavras em uma oração.
Por exemplo, a letra “s” pode ser considerada um sufixo que faz a flexão nominal para plural na maior parte dos substantivos. Da mesma forma, as estruturas em aumentativo e diminutivo só existem devido aos sufixos, dos quais são muito utilizados “inho(a)” e “ão”.
Questões sobre flexão nominal
PUC-MG (2019)
Mal fechei os olhos, o quarto foi invadido por um batalhão de enfermeiras e auxiliares perguntando-me se apresentava alguma alergia, queixa cardíaca, pulmonar, urinária ou digestiva. Enquanto respondia a uma delas, outra instalava o aparelho de pressão em meu braço, e uma terceira colocava o termômetro e enlaçava a pulseira de identidade. Um técnico do laboratório passou um garrote para colher sangue e ligar o frasco de soro: “Vou dar uma picadinha”.
Foi o primeiro de uma série infindável de diminutivos que viriam a ser pronunciados. Achei graça porque me lembrei de meu sogro, engenheiro agrônomo que se orgulhava de ter passado a vida a abrir fazendas e a desbravar rincões longínquos. Quando esse homem à moda antiga saiu do centro cirúrgico depois de uma operação de catarata e lhe perguntei se havia sentido dor, respondeu: “Dor é o de menos; duro é ouvir ‘Abre o olhinho’, ‘Fecha o olhinho’, e ser obrigado a ficar quieto”.
Deitado de camisola e pulseirinha, sem forças para agir por conta própria, cercado de gente que diz: “Vamos tomar um remedinho”; “Abre a boquinha”; “Levanta a perninha”… há maturidade que resista?
VARELLA, D. O médico doente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. Adaptado
O texto relaciona o emprego do diminutivo à
A) inexperiência dos profissionais.
B) dificuldade de comunicação.
C) atenuação da enfermidade.
D) infantilização do paciente.
Resposta: A forma como o texto é construído faz uma crítica ao uso da flexão de grau do tipo diminutivo, que é usada massivamente por profissionais da saúde. Nesse sentido, ele compara o tratamento diminutivo com o sogro, que é uma pessoa vista como forte no contexto social. Assim, aplica-se que a infantilização é a principal crítica do autor.
Alternativa correta: D.
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