A expressão “significação da linguagem” diz respeito ao sentido que cada palavra admite dentro do texto, a depender do contexto, estrutura e intencionalidade do autor. Quando a linguagem está disposta em nível pragmático, os significados dos termos são mais concretos, mas interpretados de forma prática.
Em alguns nichos da ciência, a palavra pragmática faz referência àquilo que é prático, concreto, óbvio, direto. De certa forma, essa perspectiva também está presente no nível pragmático da linguagem, que será caracterizado com mais detalhes nos próximos tópicos deste artigo, então continue a leitura e conheça mais sobre o tema.
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Significação da linguagem em nível pragmático
Quando um texto é escrito ou enunciado a partir da linguagem pragmática, o sentido das palavras deve ser interpretado não somente na perspectiva de sintaxe e semântica, mas em uma visão mais abrangente, que considera o contexto e a possível “ideia prática” que está por trás daquela informação.
Em geral, o nível pragmático da linguagem é mais explorado durante as conversas do cotidiano, porque são interações mais práticas, repletas de ações e significados intrínsecos. É uma forma de comunicação que amplia a interpretação das conversações e, muitas vezes, facilita o cotidiano.
Como base, observe o seguinte diálogo, entre um casal de namorados: a namorada diz “Estou realmente muito cansada hoje, preciso de um tempo de descanso” e o namorado responde “vamos sair essa noite e, quando chegarmos, te farei uma massagem enquanto assistimos a um filme”.
Veja que, em nenhum momento a namorada disse efetivamente, com palavras, que gostaria de algum tipo de ação de cuidado por parte do namorado. Mas a forma como a relação foi construída, o contexto em que a fala foi enunciada deixou claro para ele que era necessário agir diante daquele comentário, o que originou sua fala.
Então, tenha sempre em mente que a comunicação pragmática sempre engloba todo o contexto, a escolha das palavras, a relação entre locutor e interlocutor(es), o ambiente em que a conversa acontece, os aspectos socioeconômicos e culturais, entre outros aspectos que norteiam a interação entre seres humanos.
Por exemplo, em diferentes culturas, a conversa entre professores e alunos pode ser construída de diferentes maneiras. Em alguns locais, em que há uma hierarquia mais forte entre os pares, o aluno deve ser cuidadoso ao realizar perguntas, porque os questionamentos mais simples podem ser interpretados como desafios ou insultos por seus tutores.
Em outros lugares, em que o contexto didático é mais aberto, com acesso mais livre entre educadores e educandos, a mesma pergunta, realizada com a mesma sequência de palavras e entonação, pode ser reconhecida como interesse e proatividade por parte do estudante.
Veja, portanto, que a compreensão da linguagem pragmática ultrapassa a compreensão de organização sintática, morfologia e gramática. Trata-se de um nível linguístico que abrange outros aspectos da sociedade, considerando a comunicação como um todo, a partir dos vários fatores que influenciam a interpretação de uma mensagem.
Linguagem pragmática, denotativa e conotativa
A escrita em nível denotativo acontece quando cada palavra é interpretada com seu sentido mais literal, igual ao que está proposto no dicionário. Nesses casos, a linguagem não é ambígua, cada termo transmite objetividade, expressando exatamente aquilo que deseja ser dito. É uma forma de escrita comum em textos jornalísticos, materiais argumentativos e teses estatísticas.
Por outro lado, em uma mensagem descrita com a linguagem conotativa, há possibilidades para interpretações mais abstratas e abertas sobre os termos. Nesse caso, as palavras terão um sentido não literal dentro do texto, como no ditado “cão que ladra não morde”. Embora o texto fale sobre os animais, há um sentido conotativo implícito na mensagem, que transmite a ideia de que quem faz muito alarde, raramente vai efetuar seus planos.
Por fim, a linguagem em nível pragmático deve ser compreendida de um ponto de vista ampliado. Nesses casos, embora os termos podem ser entendidos de forma literal ou não literal, é mais relevante entender o contexto e os diversos elementos que interferem naquela comunicação.
+ Veja também: Denotação e Conotação: qual a diferença?
Questão sobre pragmática
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O complexo de falar difícil
O que importa realmente é que o(a) detentor(a) do notável saber jurídico saiba quando e como deve fazer uso desse português versão 2.0, até porque não tem necessidade de alguém entrar numa padaria de manhã com aquela cara de sono falando o seguinte: “Por obséquio, Vossa Senhoria teria a hipotética possibilidade de estabelecer com minha pessoa uma relação de compra e venda, mediante as imposições dos códigos Civil e do Consumidor, para que seja possível a obtenção de 10 pãezinhos em temperatura estável para que a relação pecuniária no valor de R$ 5,00 seja plenamente legítima e capaz de saciar minha fome matinal?”.
O problema é que temos uma cultura de valorizar quem demonstra ser inteligente ao invés de valorizar quem é. Pela nossa lógica, todo mundo que fala difícil tende a ser mais inteligente do que quem valoriza o simples, e 99,9% das pessoas que estivessem na padaria iriam ficar boquiabertas se alguém fizesse uso das palavras que eu disse acima em plenas 7 da manhã em vez de dizer: “Bom dia! O senhor poderia me vender cinco reais de pão francês?”.
Agora entramos na parte interessante: o que realmente é falar difícil? Simplesmente fazer uso de palavras que a maioria não faz ideia do que seja é um ato de falar difícil? Eu penso que não, mas é assim que muita gente age. Falar difícil é fazer uso do simples, mas com coerência e coesão, deixar tudo amarradinho gramaticalmente falando. Falar difícil pode fazer alguém parecer inteligente, mas não por muito tempo. É claro que em alguns momentos não temos como fugir do português rebuscado, do juridiquês propriamente dito, como no caso de documentos jurídicos, entre outros.
ARAÚJO, H. Disponível em: www.diariojurista.com. Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).
Nesse artigo de opinião, ao fazer uso de uma fala rebuscada no exemplo da compra do pão, o autor evidencia a importância de(a)
A) se ter um notável saber jurídico.
B) valorização da inteligência do falante.
C) falar difícil para demonstrar inteligência.
D) coesão e da coerência em documentos jurídicos.
E) adequação da linguagem à situação de comunicação.
Resposta: O autor destaca a importância de saber quando e como fazer uso do português versão 2.0 e critica a ideia de falar difícil em situações cotidianas que demandam uma linguagem mais simples e direta. Esse é um princípio que parte da pragmática, sobre adequação da linguagem ao contexto em que se enquadra, porque isso impacta na interpretação da mensagem.
Alternativa correta: E.
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