A palavra polissemia faz referência a ideia de muitos (do grego, poli) sentidos ou significados (do grego, sema). Na Língua Portuguesa o termo é utilizado para designar as palavras que podem apresentar um significado diferente a depender de como estão dispostas dentro da frase e do contexto.
Entender os aspectos polissêmicos de uma palavra pode ser importante tanto para interpretar textos que utilizem um sentido diferente para um termo comum, ou ainda para escrever textos e redações com mais precisão e riqueza de vocabulário.
Para te ajudar na construção desse conhecimento, o Estratégia Vestibulares preparou este artigo completo sobre polissemia, com diversos exemplos e também resolução de questões de prova sobre o assunto. Assim, você poderá entender melhor o conceito e os usos dessa propriedade linguística.
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Definição de polissemia
A polissemia pode ser considerada um fenômeno linguístico, um aspecto próprio de determinados vocábulos que podem admitir diferentes significados, quando usado em diferentes contextos. Um exemplo clássico seria a palavra manga, que pode ser utilizada tanto para especificar uma parte da peça de roupa, como para a fruta tropical.
Exemplos de polissemia
- O vento guiou o barco e a vela manteve-se intacta. (Vela no sentido de parte da embarcação);
- A vela derreteu rapidamente, depois que o pavio foi aceso. (Vela em relação ao objeto cilíndrico, que geralmente é formado de parafina); e
- As velas do motor do meu carro precisam de manutenção. (Vela que faz referência a uma parte ignição dos motores).
- A porca estava deitada no chiqueiro e gostou da nossa presença. (Porca que faz referência ao mamífero); e
- Foi necessário utilizar uma porca para prender aquela peça na parede. (O termo porca faz referência a uma rosca metálica utilizada em construção e manutenção de móveis).
- A planta ficou verde e florida com a chegada da primavera. (Planta no sentido de vegetal, flor);
- A planta do apartamento era exatamente como tínhamos sonhado. (Planta com significado de desenho esquemático para a representação de uma construção, geralmente desenvolvido por engenheiros e/ou arquitetos).
Embora esse seja o uso mais comum, o conceito de polissemia não é restrito a palavras ou termos isolados, mas também podem ocorrer quando uma expressão apresenta dois sentidos diferentes — algo que também pode estar associado com o contexto cultural, porque algumas expressões linguísticas são próprias de algumas regiões brasileiras, por exemplo.
Polissemia e ambiguidade
Um ponto importante no estudo polissêmico é a compreensão de que essa duplicidade de sentidos abre margem para uma ambiguidade. Uma frase ambígua acontece quando dois significados podem ser atribuídos e nenhuma pista frasal indica qual a resposta correta. Por exemplo, se a frase “a manga estava amarela” for dita em um contexto isolado, há a possibilidade de interpretar manga como fruta ou como parte do vestuário.
O cenário ambíguo pode ser muito útil em certas situações, em especial quando o autor tem a pretensão de trazer certa ironia para o texto; seja por questões humorísticas ou como críticas sociais, por exemplo.
Como modelo, pense na frase “Sempre comprava milho para a galinha da minha mãe”. A forma como o enunciado foi construído permite interpretar que a “mãe” tem uma galinha que ganhava esse milho, ou que a palavra “galinha” é uma ofensa a essa mesma personagem.
Essa propriedade da linguagem geralmente é estudada com outros fenômenos que também trabalham com a semelhança dos vocábulos para diferenciá-los, como veremos nos tópicos a seguir.
Polissemia e homonímia
Enquanto a polissemia trata sobre a mesma palavra apresentando um sentido diferente a depender do contexto, a homonímia trata sobre termos que possuem som e/ou grafia iguais mas significados diferentes — podem, inclusive, serem de classes gramaticais diferentes. Acompanhe!
A homonímia é classificada a partir da grafia e do som. Palavras homógrafas possuem exatamente a mesma grafia; enquanto as heterográficas possuem formas de escritas diferentes uma da outra.
Já as homofônicas são aquelas que possuem o som exatamente igual, que não podem ser diferenciadas apenas pela escuta e existem também as heterofônicas, que possuem sons distintos.
Para ser considerada uma homonímia, a palavra precisa ser ou homógrafa ou homofônica, especificamente. Diante disso, existem três possibilidades: homógrafos heterofônicos, heterógrafos homofônicos ou homógrafos homofônicos.
Não queria colher os frutos de suas ações.
Pegou a colher para comer geleia.
No exemplo as palavras têm exatamente a mesma grafia, mas o som é diferente e é regido pelo contexto. Nesse caso, a primeira palavra aparece como um verbo, enquanto na segunda é um substantivo que designa um objeto.
Fui para a escola na sexta, mas me arrependi.
Tenho costume de ter um tempo de sesta após o almoço.
Ganhei uma cesta de chocolates em um sorteio.
Nesse caso, a grafia difere em todas as frases, mas o som é o mesmo e a escrita correta das palavras depende de um vocabulário mais apurado. Somente assim será possível diferenciar qual construção gramatical utilizar em cada contexto.
Todos verão as bênçãos que receberemos.
Passei o verão inteiro esperando por férias na praia.
Nessas frases a grafia e a pronúncia são equivalentes, mas o significado não. É o conceito perfeito de polissemia.
Questão resolvida
(FGV – IBGE/2016) – A polissemia – possibilidade de uma palavra ter mais de um sentido – está presente em todas as frases abaixo, EXCETO em:
a) Os dentes do pente mordem o couro cabeludo; → Há polissemia devido à expressão “dentes do pente”.
b) Na vida tudo é passageiro, menos o motorista;→ Aqui a polissemia ainda é utilizada como fator humorístico, satirizando uma frase filosófica sobre a passagem da vida e a posição de passageiros de um veículo.
c) Os surdos da bateria não escutam o próprio barulho. → Surdos são instrumentos, mas também refere-se a uma comunidade de indivíduos que possuem limitações auditivas.
d) CBN: a rádio que toca a notícia; → O verbo tocar pode ser entendido como “dar play” ou encostar, relar, no sentido de tato — é um indicativo de polissemia.
e) Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. → Essa frase já traz um significado literal que não abre margens para uma segunda interpretação, então não há polissemia e responde perfeitamente ao enunciado.
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