5 temas de redação sobre segurança pública para vestibulares
Foto: Agência de Notícias do Governo do Estado de São Paulo

5 temas de redação sobre segurança pública para vestibulares

O Portal EV selecionou cinco propostas de redação sobre segurança pública, apresentadas por bancas diversas entre 2018 e 2025; confira

A segurança pública representa o conjunto de ações do Estado voltadas para garantir a ordem, a proteção dos cidadãos e a preservação dos direitos fundamentais. 

No Brasil, os cidadãos reconhecem a falta de segurança pública como uma das questões mais urgentes. Apesar disso, o tema não é tão cobrado nas redações de vestibulares em comparação a assuntos mais recorrentes, como meio ambiente, por exemplo. 

Segundo o professor de Redação e Filosofia do Estratégia Vestibulares, Fernando Andrade, a discussão sobre segurança pública, quando aparece nos vestibulares, exige do candidato a capacidade de articular diferentes fatores sociais, econômicos, políticos e culturais que sustentam a violência no Brasil.

O Portal EV separou cinco propostas de redação de vestibulares brasileiros que abordaram a segurança pública  para você treinar suas habilidades. Convidamos também o professor Fernando Andrade para comentar os temas e ampliar ainda mais o repertório formado.

Lembrando que as bancas são distintas, portanto, é necessário observar as características de cada prova em seus editais e nas redações dos últimos anos, que podem indicar tendências para estudos. Confira o artigo abaixo!

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Urca 2025 – A segurança pública e a percepção da violência sob ângulo inusitado

A banca da Universidade Regional do Cariri (Urca) exigiu que o gênero texto fosse uma paródia de notícia, escrita no gênero dissertativo e com passagens descritivas e/ou narrativas sobre segurança pública e violência.

Para produzir a redação, os candidatos contaram com dois textos motivadores: o primeiro era a imagem de uma paródia de notícia da Piauí, intitulado “Cidadão passa a usar câmera corporal para se defender da PM de São Paulo”, que ironiza a violência policial no estado de São Paulo. Já o segundo, de José Ismar Petrola, explicava sobre esse objetivo e como são produzidos esse tipo de texto.

Segundo o professor Fernando Andrade, o exemplo dado no texto da coletânea é esclarecedor e, apesar de ser uma proposta muito criativa, ela exige muito do candidato. Além do candidato ter que criar uma paródia do nada, apenas com o direcionamento do tema segurança pública, ele ainda deve saber as técnicas do gênero notícia de jornal.

“Em outras palavras, você deverá tirar da sua experiência de leitor de jornal alguma notícia que, se invertida, permita uma leitura crítica. Mas o desafio não para por aí. O gênero notícia de jornal é bastante técnico: o primeiro parágrafo é chamado de lide, (…) e os parágrafos subsequentes, são apresentados detalhes do que, resumidamente, já foi apresentado. Em outras palavras, não é uma proposta para amadores, mas enche os olhos de qualquer aluno que goste de escrita criativa”, explica Fernando.

Simulado Unesp 2023 – Câmaras corporais: entre a segurança pública e a hipervigilância social

O Simulado Unesp 2023 pediu que os candidatos escrevessem um texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Câmeras corporais: entre a segurança pública e a hipervigilância social”.

Foram apresentados cinco textos de apoio de diferentes fontes jornalísticas e acadêmicas. O Texto 1, publicado pela Agência Brasil, trouxe dados oficiais da Polícia Militar de São Paulo. O Texto 2, da Gazeta do Povo, apresentou resultados de uma pesquisa da Universidade de Stanford sobre o uso das câmeras na Rocinha (RJ), que apontou para o chamado “despoliciamento”.

O Texto 3, publicado pela CartaCapital, problematizou os desafios de uma sociedade hipervigiada, ao mesmo tempo em que defendeu a importância desses equipamentos no controle da atuação policial. O Texto 4 trouxe uma citação atribuída a Marshall McLuhan.

E por fim, o Texto 5 foi uma imagem publicada pela Gazeta, que contrapôs visões sobre câmeras de monitoramento como instrumento de segurança ou invasão. Confira abaixo:

Fernando Andrade afirma que esta é uma proposta dilemática, porque não se exige apenas a defesa ou a crítica do uso de câmeras corporais, mas o tratamento do assunto segundo o recorte proposto: defender o uso das câmeras e a segurança pública; ou criticar o uso de câmeras a partir do argumento da hipervigilância social. 

“Nesse caso, você deveria realmente abordar os dois termos envolvidos (segurança pública/hipervigilância) na sua argumentação. Trata-se de uma ótima oportunidade de encarar outro tipo de proposta exigida pela VUNESP e que tem seus desafios próprios”, explica o professor.

Unicamp 2023

Em 2023, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ofereceu duas opções de temas e de gêneros textuais. Um deles era um texto de convocação contra abertura de clube de tiro. A banca deu a seguinte contextualização e fez as seguintes exigências:

Uma amiga sua de escola foi vítima de um disparo acidental por arma de fogo, realizado por uma pessoa que havia obtido porte de colecionador de armas com base nos Decretos Federais 9.846/2019 e 10.627/2021. Um ano após a morte de sua amiga, você foi informada/o de que um grupo de empresários de seu bairro inauguraria um clube de tiro perto da sua casa. Preocupada/o, você decidiu convocar uma reunião com a associação de moradores do seu bairro para discutirem providências a serem tomadas a respeito. No seu texto de convocação, você deve:

  1. destacar os perigos que envolvem a abertura de um clube de tiro em seu bairro; 
  2. apresentar argumentos contrários à posse e ao porte de armas de fogo; e, de modo mais amplo
  3. criticar uma política de segurança pública baseada no armamento da população brasileira.

Para escrever a redação, os candidatos tiveram o apoio de seis textos motivadores retirados de diferentes fontes jornalísticas, acadêmicas e institucionais. Entre elas, aparecem reportagens e análises publicadas em veículos como Notícias UOL, BBC News Brasil, Consultor Jurídico e Brasil de Fato, além de dados oficiais do Exército Brasileiro, do Instituto Sou da Paz, do Instituto de Segurança Pública e de órgãos ligados à segurança pública e ao direito.

Esses textos apresentam falam sobre o aumento dos clubes de tiro, o crescimento do número de armas em circulação, os riscos para a saúde mental, os índices de violência e até mesmo o uso de decretos presidenciais para aquisição de armas por organizações criminosas.

Segundo o professor de redação do EV, a banca já fornece a tese a ser defendida e os argumentos são dados na coletânea e devem ser utilizados. Ou seja, o candidato não precisa refletir sobre o assunto, mas tentar atender aos aspectos formais do gênero.

Unesp 2018 – Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no brasil?

A proposta de redação do vestibular 2018 da Universidade Estadual Paulista (Unesp) cobrou um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil?”.

Para auxiliar a escrita, a prova trouxe três textos de apoio. O Texto 1, publicado na Folha de S.Paulo, apresentou dados de uma pesquisa Datafolha mostrando que 56% dos brasileiros eram contrários à ampliação do porte de armas. O Texto 2, retirado do El País Brasil, descreveu como era o país antes da lei de 2003, quando a compra de armas era facilitada.

Já o Texto 3, da revista Época, contrapôs opiniões: de um lado, Denis Rosenfield defendendo o direito à autodefesa como essencial à democracia; de outro, José Mariano Beltrame, ex-secretário de Segurança do RJ, contrário à liberação do porte por considerá-la fator de risco para mortes violentas.

Para Fernando Andrade, a coletânea traz, de forma simplificada, os principais núcleos para o desenvolvimento do tema. “Pode-se argumentar a favor ou contra a liberação, se bem que os argumentos contra a liberação de armas têm a seu favor uma gama maior de repertórios e raciocínios do que o argumento contrário. Mas isso não impede que você consiga argumentar a favor da liberação se souber montar um raciocínio que se paute pela garantia de defesa da vida e pelo direito à autopreservação”, relata.

UEA 2018 – A desmilitarização da polícia é necessária para melhorar a defesa da sociedade?

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) solicitou em sua proposta de redação que o candidato escrevesse sobre a desmilitarização da polícia e a defesa da sociedade.

Os textos de apoio trouxeram diferentes visões sobre o debate. O Texto 1, publicado na Revista Galileu, apresentou a origem histórica da Polícia Militar e destacou que, no Brasil, a discussão se divide entre defensores da desmilitarização total e unificação das polícias, e aqueles que preferem manter o modelo atual, apostando em melhorias de treinamento e integração. 

O Texto 2, do portal EBC, trouxe a opinião do coronel reformado Jair Tedeschi, que considera a desmilitarização uma “falácia” e defende a importância da disciplina e da hierarquia militares, ressaltando que a atuação da PM já vem passando por processos de humanização desde a Constituição de 1988. 

Já o Texto 3, publicado na Gazeta do Povo, argumenta que o modelo militarizado está defasado em relação às práticas de policiamento comunitário e que é necessário ter uma polícia que priorize a defesa da sociedade e dos cidadãos, e não apenas do Estado.

Neste texto, o professor Fernando atenta os candidatos: “o que significa desmilitarização da polícia?”. Não se trata de desarmar os policiais e sim realizar a unificação das polícias civil e militar. Para quem não sabia a resposta, uma leitura atenta dos textos motivadores ajudaria.

“Em outras palavras, essa é uma proposta que exige um bom leitor, pois essa polêmica não era de conhecimento massivo e o candidato teve que se virar com as informações dadas. Um ótimo exercício para quem deseja se preparar para temas imprevistos. O que fazer? Espremer ao máximo a coletânea”, explica o professor.

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Análise do professor: os temas sobre segurança pública e os tipos de propostas

Segundo o professor Fernando Andrade, apesar do Brasil ser marcado pela violência e falta de segurança pública e pela percepção dos cidadãos de que esta é uma das questões mais importantes a ser resolvida no país, não há muitas propostas sobre a temática.

“Penso que isso se deve à complexidade da questão, pois nem mesmo especialistas são capazes de indicar uma causa única para o fenômeno, e se reconhece que os fatores determinantes são múltiplos”, explica.

Ainda assim, ele apresentou alguns tipos de propostas de redação nas quais o tema segurança pública pode ser cobrado. São elas: propostas polêmicas, propostas analíticas e propostas a partir de gêneros. Veja abaixo a divisão e a explicação feitas por ele de acordo com os temas que já caíram nos vestibulares:

Propostas polêmicas

Segundo Fernando, são propostas que partem de temas para os quais há bons argumentos tanto para defender um lado da questão quanto o outro. 

“Para propostas polêmicas, a banca geralmente oferece os núcleos argumentativos na coletânea, mas algum repertório da sociologia ajuda na compreensão do problema e no embasamento da argumentação. Vale a pena conferir tópicos como: o monopólio estatal da violência; violência como sintoma da desorganização social (Durkheim); violência como ferramenta de poder”, aconselha.

Unesp 2018 – Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil? 

“A legislação que regulamentou a liberação do porte de armas para CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) foi aprovada em 2019. No ano anterior, a discussão ganhava as ruas. A VUNESP, que costuma selecionar temas polêmicos para as provas, resolveu pedir para o candidato se posicionar diante da questão. (…) De forma bem simples, a coletânea traz os principais núcleos para o desenvolvimento do tema. O desafio é ampliá-los e dar coerência à sua defesa. VUNESP sendo VUNESP e dando uma boa oportunidade para o candidato se posicionar.”.

UEA 2018 – A desmilitarização da polícia é necessária para melhorar a defesa da sociedade?

“Colocada ao lado da proposta anterior, é possível perceber o DNA da Banca. Quem faz a prova da UEA é a VUNESP. O tema dessa vez não é tão óbvio: o que significa desmilitarização da polícia? Os apressados de plantão, aqueles que acham que entenderam tudo da proposta sem ler a coletânea, poderiam supor que se tratava de desarmar os policiais. Longe disso. Hoje temos no Brasil as polícias civil e militar. O que alguns grupos da sociedade pleiteiam é a unificação dessas duas instituições, dando um caráter civil à corporação. Somente um leitor atento perceberia que se trata de uma questão simbólica e estrutural: a lógica militar pressupõe um inimigo que deve ser eliminado; a civil, cidadãos que devem ser cuidados. (…) De resto, essa proposta segue a cartilha da VUNESP: uma pergunta polêmica que permite uma tomada de posição a favor ou contra a desmilitarização”.

Simulado Unesp 2023 – Câmeras corporais: entre a segurança pública e a hipervigilância social 

“Para fechar o ciclo das polêmicas envolvendo ações legislativas, que tal a última discussão levantada pelo governo de São Paulo? As câmeras corporais foram adotadas em São Paulo como parte do programa “Olho Vivo” em agosto de 2020. O efeito foi notório: houve redução expressiva do número de mortes decorrentes de ação policial. Lógico que nem todos ficaram contentes com isso. Os policiais se sentiram vigiados, e um dos textos da coletânea levantava a hipótese de despoliciamento: as câmeras teriam desencorajado os agentes de segurança a se envolverem em atividades como abordagens e atendimento a chamados. Durante 2023, o governo estava cogitando desobrigar os policiais de usarem o adereço. Trata-se, portanto, de um tema polêmico, mas que deve ser discutido a partir de outro modelo dissertativo”.

Propostas analíticas

Segundo Fernando, a raridade de propostas que exigem uma análise sobre o fenômeno pode ser observada pelo fato de que, nos últimos anos, houve uma banca que exigiu isso, e no longínquo 2017. 

Mesmo assim, a formulação tinha um viés que levava facilmente ao senso comum e o grande problema em relação a essa questão que, para os brasileiros, é preocupante: como escapar do senso comum ao falar sobre a violência.

UPF 2017 – A questão da violência que banaliza a vida 

“Essa proposta tinha um viés mais filosófico, no sentido de se discutir o que seria a banalização da vida e como a violência contribui para isso. A discussão, nesse caso, deveria considerar como o valor do capital se sobrepõe ao custo humano no geral e no mundo do crime em particular. Sem essa perspectiva, o tema parece óbvio e torna-se tentador caminhar pelo senso comum de afirmar “o absurdo de uma vida não valer sequer o valor de um celular popular”. Para evitar uma abordagem tão rasa, havia outra saída: aproveitar a coletânea. Ela é composta por um texto apenas, mas que traz números relacionados à violência contra a vida”.

Propostas a partir de gêneros

Fernando explica que propostas por gêneros pedem uma outra abordagem, já que os textos são escritos para atender a demandas sociais. Ou seja, o autor deve ir além da defesa de uma tese, atendendo às circunstâncias apontadas, inclusive, defendendo uma ideia indicada pela banca. 

Em outras palavras, o eixo se desloca da questão em si (da análise da violência) para o caráter performativo do texto que será escrito (qual é o efeito que o texto deve provocar nos destinatários diante de alguma questão que envolva a violência).

Urca 2025 – A segurança pública e a percepção da violência sob ângulo inusitado

“Em 2025, a URCA resolve pedir que o candidato fizesse um texto inusitado: uma paródia de notícia de jornal. Esse tipo de escrita tem o estilo jornalístico e, por conta disso, parece que apresenta fatos reais. Apesar de ser uma proposta muito criativa, ela exige muito do candidato, (…) pois a banca forneceu somente um texto de apoio explicando o que tem sido feito, sem apresentar manchetes que poderiam ser parodiadas. Em outras palavras, você deverá tirar da sua experiência de leitor de jornal alguma notícia que, se invertida, permita uma leitura crítica. Em outras palavras, não é uma proposta para amadores, mas enche os olhos de qualquer aluno que goste de escrita criativa.”

Unicamp 2023 – Texto de convocação contra a abertura de clube de tiro

“A Unicamp consagrou um modelo próprio que permite ao candidato se concentrar no estilo do texto. A banca já fornece a tese a ser defendida, nesse caso, a ideia de que um clube de tiro nas redondezas do bairro é perigoso para os moradores. Os argumentos são dados na coletânea e devem ser utilizados. Isso significa que você não precisará refletir sobre o assunto. Isso se deve em parte ao fato de que você não vai discutir a violência em si, uma grande questão da sociedade, mas um caso particular que é a abertura de um clube de tiro. Claro que você acaba por tocar em questões conceituais mais amplas, mas todo o texto deve ser organizado para responder a essa demanda que surge no cotidiano. Qual é o trabalho exigido, então? Que você vá além da reflexão, que se coloque no lugar da pessoa que está incomodada com a situação e escreva um texto cujo estilo convença o leitor de que você é essa pessoa de fato. É quase como um trabalho de ator, só que na linguagem, além, é claro, de tentar atender aos aspectos formais do gênero.”

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