A desigualdade de gênero no Brasil manifesta-se nas esferas social, econômica e política. Embora as mulheres representem 51,1% da população brasileira, somando 104,5 milhões de pessoas segundo o Censo Demográfico de 2022, elas ainda enfrentam disparidades significativas em várias áreas da sociedade.
De acordo com o IBGE, no mercado de trabalho, por exemplo, a taxa de participação feminina é de 53,3%, enquanto a masculina alcança 73,2%. Além disso, mesmo que 21,3% das mulheres com 25 anos ou mais possuam ensino superior completo, em comparação a 16,8% dos homens, elas recebem, em média, salários 21% inferiores.
O Tribunal Superior Eleitoral afirma que 53% do eleitorado é composto por mulheres, mas menos de 15% dos cargos eletivos na política são ocupados por elas. Inclusive, o primeiro banheiro feminino foi construído no senado somente em 2016, há menos de dez anos.
Vale destacar também o “trabalho invisível” realizado pelas mulheres, que engloba atividades domésticas e de cuidado não remuneradas.Segundo o IBGE, no Brasil, as mulheres dedicam, em média, 21,4 horas semanais a afazeres domésticos, enquanto os homens dedicam 11 horas, evidenciando uma sobrecarga que limita a participação feminina no mercado de trabalho e perpetua a desigualdade de gênero.
Em 2023, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) abordou este tópico na redação, com o tema “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidados realizados pela mulher no Brasil”.
Pela relevância do assunto, o Portal Estratégia Vestibulares listou nove filmes que retratam a desigualdade de gênero de diferentes formas e que podem ser usados nas redações dos vestibulares. Assim, você pode entender melhor o tema e ampliar seu repertório sociocultural enquanto come uma pipoquinha. Confira!
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Que horas ela volta? (2015)
O filme dirigido por Anna Muylaert acompanha a história de Val (Regina Casé), uma empregada doméstica que trabalha há anos para uma família rica em São Paulo. Ela criou o filho dos patrões como se fosse seu, mas deixou sua própria filha, Jéssica, no Nordeste.
Quando Jéssica decide se mudar para São Paulo para prestar vestibular, ela enfrenta as dinâmicas de classe e poder dentro da casa dos patrões da mãe, questionando regras não ditas e demonstrando uma postura de independência que incomoda a família rica.
A obra expõe a relação entre desigualdade de gênero e classe social. Val representa um retrato comum das mulheres pobres no Brasil, que, muitas vezes, deixam seus próprios filhos para cuidar dos filhos dos patrões, assumindo um papel quase invisível dentro da casa onde trabalham.
Essa dinâmica reforça como as mulheres, especialmente as de baixa renda, são submetidas a relações de subordinação e exploração, muitas vezes sem possibilidade de ascensão social.
A vida invisível (2019)
Dirigido por Karim Aïnouz, o filme se passa no Rio de Janeiro da década de 1950 e conta a história das irmãs Eurídice (interpretada por Carol Duarte e Fernanda Montenegro) e Guida Gusmão (Julia Stockler). Criadas em uma família conservadora, as duas sonham com vidas independentes: Eurídice quer ser pianista e Guida deseja viver um grande amor.
No entanto, Guida engravida e é expulsa de casa pelo pai, sendo separada da irmã. A partir daí, as duas vivem vidas paralelas, cada uma enfrentando as dificuldades impostas por uma sociedade patriarcal, sem nunca conseguirem se reencontrar.
Eurídice e Guida representam duas formas de opressão feminina. Enquanto uma é aprisionada dentro de um casamento infeliz e impedida de seguir sua vocação musical, a outra é marginalizada por ser mãe solteira. Ambas perdem a oportunidade de decidir seus próprios destinos por conta do controle masculino e da falta de autonomia feminina.
Domésticas (2001)
“Domésticas” é um drama com toque de humor dirigido por Fernando Meirelles e Nando Olival que retrata a vida de cinco empregadas domésticas em São Paulo. Cada uma delas tem sua própria história e aspirações, mas todas enfrentam dificuldades como exploração no trabalho, falta de reconhecimento, baixa remuneração e a invisibilidade social.
O filme aborda a precarização do trabalho doméstico no Brasil, uma profissão majoritariamente feminina e historicamente desvalorizada. As protagonistas vivem a contradição de cuidar das casas e das famílias de outras pessoas enquanto suas próprias vidas são negligenciadas. Além disso, muitas enfrentam relações de trabalho abusivas, sem direitos básicos e com um forte recorte racial e social.
O filme também dialoga com a noção de “trabalho invisível”, conceito abordado pela socióloga Silvia Federici, que discute como o trabalho das mulheres, especialmente no cuidado e no serviço doméstico, é desvalorizado e invisibilizado pela sociedade.
Orgulho e Preconceito (2005)
Baseado no romance de Jane Austen e dirigido por Joe Wright, o filme acompanha Elizabeth Bennet, uma jovem inteligente e independente que vive na Inglaterra do século XIX.
Em uma sociedade onde o casamento é visto como a única forma de ascensão social para as mulheres, Elizabeth desafia as normas ao se recusar a aceitar propostas baseadas apenas em conveniência. Ao conhecer o rico e reservado Sr. Darcy, ela enfrenta uma relação marcada por julgamentos e mal-entendidos. A história trata de amor, orgulho, classe social e, principalmente, do papel da mulher em uma sociedade patriarcal.
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Estrelas Além do Tempo (2016)
O filme conta a história real de três mulheres negras, Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, que trabalharam na NASA durante a corrida espacial nos anos 1960.
Em um ambiente dominado por homens brancos e marcado pela segregação racial, elas precisaram lutar contra preconceitos para provar seu talento e contribuir para uma das maiores conquistas da história: o envio do astronauta John Glenn à órbita da Terra. Suas descobertas e cálculos foram essenciais para o sucesso da missão, mas, por muito tempo, permaneceram invisibilizadas.
Terra Fria (2006)
“Terra Fria”, baseado em uma história real, é dirigido por Niki Caro e acompanha Josey Aimes (Charlize Theron), uma mulher que foge de um casamento abusivo e, com dois filhos para criar, retorna à sua cidade natal em Minnesota.
Lá, consegue trabalho em uma mina de ferro, onde ela e outras mulheres enfrentam assédio sexual constante por parte dos colegas homens, que não aceitam sua presença em um ambiente tradicionalmente masculino. Ao perceber que a empresa não faz nada para protegê-las, Josey decide processar a companhia, resultando no primeiro grande caso de assédio sexual coletivo nos Estados Unidos.
O filme mostra a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, especialmente em setores historicamente dominados por homens. Josey e suas colegas enfrentam violência psicológica, física e institucional, mostrando como o assédio sexual é uma ferramenta usada para desestimular a presença feminina em certos espaços.
Além disso, a história destaca como as mulheres que denunciam abusos costumam ser desacreditadas, humilhadas e silenciadas, evidenciando a cultura do machismo estrutural.
O Trabalho Invisível (2021)
O documentário, produzido durante o curso “Olhares de Bertioga”, do Lab Cine Sesc Bertioga, aborda a carga invisível do trabalho doméstico e de cuidados que recai majoritariamente sobre as mulheres.
O curta acompanha a rotina de diversas mulheres realizando suas tarefas sozinhas e expõe como elas acumulam funções dentro e fora de casa, muitas vezes sem reconhecimento ou remuneração.
Eu Não Sou Um Homem Fácil (2018)
Dirigido por Éléonore Pourriat, esse filme francês de comédia e drama conta a história de Damien, um homem machista que se beneficia de todos os privilégios masculinos na sociedade.
No entanto, após bater a cabeça, ele acorda em uma realidade invertida, onde as mulheres ocupam todas as posições de poder e os homens são oprimidos e sexualizados. Forçado a enfrentar o mesmo tipo de preconceito que ele antes ignorava, Damien passa por um processo de reflexão e transformação.
O filme altera os papéis tradicionais de gênero, colocando os homens na posição de submissão e as mulheres como dominantes. Essa inversão expõe com ironia e exagero os desafios que as mulheres enfrentam no mundo real, como assédio sexual, objetificação, desigualdade no mercado de trabalho e a falta de credibilidade profissional.
Sorriso de Mona Lisa (2003)
Ambientado nos Estados Unidos da década de 1950, o filme acompanha Katherine Watson (Julia Roberts), uma professora de História da Arte que começa a dar aulas no tradicional colégio feminino Wellesley.
Apesar de ser uma instituição de elite, a escola prepara as alunas não para carreiras acadêmicas, mas para se tornarem esposas e mães perfeitas, seguindo os padrões conservadores da época. Determinada a desafiar essas expectativas, Katherine incentiva suas alunas a pensarem por si mesmas, questionarem o papel imposto às mulheres e buscarem independência intelectual e profissional.
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