Com quatro obras publicadas em vida e quatro póstumas, a escritora Carolina Maria de Jesus é referência na literatura nacional e internacional nos assuntos relacionados à desigualdade social, racismo e o cotidiano periférico nas grandes cidades.
Com escritos em forma de diário, ela produziu obras que retratavam a realidade na primeira metade do século XX e que se mostram ainda muito atuais. É por isso que Carolina continua sendo um assunto comum em diversos vestibulares, aparecendo em questões e servindo de argumento em propostas de redações.
Conheça melhor a autora e sua obra com a seleção de citações de Carolina Maria de Jesus para usar na redação que o Portal Estratégia Vestibulares reuniu:
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Quem foi Carolina de Jesus?
Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914 na cidade mineira de Sacramento, localizada a cerca de 450 km da capital Belo Horizonte. Por lá, viveu até os 23 anos, e graças à esposa de um fazendeiro da região, que pagou pela escola, Carolina conseguiu estudar por dois anos e aprender a ler e escrever.
Mudou-se de Minas Gerais para a capital paulista em 1937, após o falecimento de sua mãe, e chegou à cidade na época da formação das primeiras favelas. Carolina construiu seu barraco e passou a viver na extinta Favela do Canindé, enquanto trabalhava como empregada doméstica na casa de um médico, onde também tinha permissão de ler os livros da biblioteca.
Após dar à luz ao seu primeiro filho, em 1949, Carolina perdeu o emprego e passou a trabalhar como catadora de papel reciclável pelas ruas da cidade. Mais tarde, ela também foi mãe solo de mais duas crianças, nos anos de 1950 e 1953.
A autora teve seu primeiro livro publicado em 1960, com a ajuda do jornalista Audálio Dantas, que a conheceu enquanto visitava a favela para uma reportagem. Sua primeira obra foi um sucesso de vendas, ajudando-a a sair da favela para morar em um bairro de classe média, e lhe rendendo homenagens da Academia Brasileira de Letras.
Carolina Maria faleceu em 1977, aos 62 anos, vítima de uma insuficiência respiratória causada pela asma que possuía desde seu nascimento e que havia se agravado.
Citações de Maria Carolina de Jesus
Conhece frases importantes presentes nas obras da escritora:
1- “Quem inventou a fome são os que comem.”
A frase é uma passagem do livro mais famoso da escritora, “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” é uma obra autobiográfica, publicada em 1960, na qual Maria Carolina de Jesus relata sua vida como moradora de uma favela na capital paulista, como mãe e como catadora de material reciclável.
O livro vendeu 10 mil cópias nos quatro primeiros dias após o lançamento, e 100 mil exemplares no seu primeiro ano nas prateleiras. Além disso, foi traduzido para 13 idiomas diferentes e comercializado em mais de 40 países.
2- “O negro só é livre quando morre.”
Em 1982, Carolina Maria tem publicado postumamente o livro “Diário de Bitita”, que tratava de sua infância e juventude em sua cidade natal. Nascida em 1914, a autora viveu na pele a experiência de ser negra nas primeiras décadas pós abolição da escravidão.
No livro, inclusive, além de retratar suas próprias vivências com o preconceito racial, Maria relembra as histórias contadas por seu avô, que fora escravizado, sobre o período.
3- “Quando o homem decidir reformar a sua consciência, o mundo tomará outro roteiro.”
A frase faz parte do quarto livro de Carolina Maria, chamado “Provérbios”, publicado em 1963. Nesta obra, como o nome sugere, a autora traz reflexões em frases curtas, e já no prólogo afirma: “Espero que alguns dos meus provérbios possam auxiliar alguns dos leitores a reflexão. Porque o provérbio é antes de tudo uma advertência em forma de conta-gotas, já que nos é dado a compreender mutuamente para ver se conseguimos chegar ao fim da jornada com elegância e decência.”
4- “Atualmente somos escravos do custo de vida.”
Logo na abertura da obra “Quarto de Despejo”, Carolina Maria relata em 15 de julho de 1955 que aquela era a data do aniversário de sua filha Vera Eunice, e que ela pretendia comprar a criança um par de sapatos, entretanto, não conseguiria por causa dos altos preços dos produtos alimentícios.
No parágrafo seguinte, a autora ainda detalha sua dificuldade em comprar pães, e como o pouco dinheiro conseguido após um dia inteiro catando papel para reciclagem havia acabado na compra de apenas dois quilos de carne, um de açúcar e um pouco de queijo.
5- “O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer.”
Dialogando com a frase anterior, a autora apresenta mais uma das passagens do livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” em que trata da difícil realidade de desigualdade social e de fome presente na vida dos moradores da antiga Favela do Canindé.
Ainda tratando do mesmo assunto na obra, Carolina Maria afirma: “A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago”.
6- “Eu classifico São Paulo assim: O Palácio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.”
Já em outra passagem de seu livro mais famoso, a citação que faz uma analogia sobre desigualdade social aparece enquanto a autora fala dos conflitos entre moradores e não moradores da favela. Segundo ela, os moradores das casas de alvenaria reclamavam do hábito dos favelados de fazer músicas com batuques, e acusavam as autoridades de protegê-los.
A visão da autora traz uma imagem contrária, e ela exemplifica em um relato como os políticos visitavam a favela e eram amigáveis com todos durante o período eleitoral, mas nunca mais voltavam depois de eleitos ou sequer criavam algum projeto que beneficiasse os moradores dali.
7- “Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro, quem não sabe o que é a dor e a aflição do pobre.”
Carolina Maria de Jesus mostra mais uma vez, ainda em sua obra mais conhecida, como sua visão crítica sobre as desigualdades sociais era aguçada e pode ser aplicada até nos dias de hoje. No trecho do livro em que se encontra a citação, a autora relata um sonho que teve, no qual não vivia mais na favela e nem passava mais fome.
Em seguida, conta mais uma experiência que exemplifica sua indignação na citação mencionada. Carolina relembra de um conhecido que morreu e foi enterrado como indigente após precisar comer carne encontrada no lixo, por estar há dias com fome.
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