No dia 29 de janeiro é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, data criada para não só comemorar a diversidade de identidades de gênero, mas também para aumentar a conscientização sobre a luta e resistência da população transexual e travesti.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2021 pela Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (FMB/Unesp), aproximadamente 2% da população brasileira se autodeclara transgênero ou não-binário. Isso representa aproximadamente 3 milhões de brasileiros.
Mesmo assim, somente em 2023 que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) perguntas sobre identidade de gênero e orientação sexual para pessoas maiores de 18 anos. Isso demonstra um atraso nas Ciências da Saúde, já que, segundo Giancarlo Spirizzi, principal autor do artigo citado acima, pessoas trans possuem necessidades particulares do ponto de vista médico.
Por 14 anos consecutivos, o Brasil é o país com maior número de morte de pessoas transexuais e travestis no mundo, de acordo com o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Esse e outros fatores demonstram a necessidade de debater o assunto e a importância da celebração do Dia Nacional da Visibilidade Trans. Para comemorar a data, o Portal Estratégia Vestibulares separou 13 citações de Laerte Coutinho, uma das cartunistas mais importantes do País e símbolo da resistência trans.
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Quem é Laerte Coutinho?
Laerte Coutinho, nascida em 10 de junho de 1951, é uma renomada cartunista e chargista brasileira, reconhecida por sua contribuição significativa para a arte e o ativismo. Ela começou sua carreira nos anos 1970 e teve seu trabalho publicado em revistas e jornais como “O Pasquim”, “Gazeta Mercantil”, “Balão”, revista fundada por ela e Luiz Gê, “Folha de S. Paulo”, “Estado de S. Paulo”, “IstoÉ” e “Veja”.
Ao longo de sua carreira, Laerte explorou diversos temas em suas charges, abordando questões sociais, políticas e de gênero. Ela é notável por sua habilidade em abordar tópicos delicados com humor e sagacidade, desafiando normas e estereótipos.
Em 2010, aos 59 anos, Laerte começou a tornar pública sua transição de gênero. Antes de se entender como mulher trans, ela se autodeclarou crossdresser, ou seja, pessoa que se veste com roupas normalmente usadas pelo sexo oposto. No caso de Laerte, um homem que se vestia com roupas de mulher, mas que não era necessariamente transexual, travesti ou homossexual. Atualmente, a cartunista se declara como mulher social e bissexual (lembrando que gênero e sexualidade são coisas diferentes).
Confira algumas citações da cartunista que representa boa parte da comunidade LGBTQIAP+ brasileira:
Citações de Laerte Coutinho
1 – “O pior que pode acontecer é melhor do que o melhor que pode não acontecer.” – para a Revista Trip
2 – “Quem esse Congresso representa? Tem a proporção de negros que tem a população brasileira? Não. A proporção de mulheres, de LGBT, de indígenas…? Não. O que existe é um bando de empresários brancos ricos que não representa a sociedade.” – para o El País
3 – “O banheiro é uma questão crucial. A gente pode até permitir que um transgênero circule no mesmo espaço social, mas o banheiro é tabu. Os conservadores chegaram a propor um terceiro banheiro: para gente estranha. Para alienígenas.” – para o El País
4 – “É importantíssimo que existam modelos positivos. Eu nunca os tive quando jovem. Existir de forma tranquila, assumindo identidades antes proibidas, é transgressor e produz resultados.” – para o El País
5 – “Não deixei de ser o que sempre fui. Sou conhecida como um cartunista, um jornalista até os 60 anos e depois uma mulher, uma pessoa transgênero que também é jornalista e cartunista. Não me incomoda minha história masculina. O que tenho é um grande apreço por minha identidade feminina. Cada vez mais.” – para o El País
6 – “Como me construo, como me apresento, quanta mulher sou e que tipo de mulher sou… Essas perguntas não têm fim.” – para o El País
7 – “…a cultura de gêneros é opressiva para homens e mulheres” – para o El País
8 – “Não gosto de ver o movimento LGBT como um nicho ou parcela. Vejo os LGBTs como pessoas que lutam pelo gozo do direito de todos, justamente contra um conservadorismo que quer excluir esse direito de uma parcela da população. Quem parcializa é o conservadorismo.”- para o Jornal GGN
9 – “Tem um modo de ver as coisas que é árido, que é azedo. Que busca a defesa de bandeiras absolutamente legítimas, mas de uma forma em que você exclui todo mundo que não está na sua cartilha. Eu acho isso um perigo.” – para o Jornal GGN
10 – “[a felicidade é] uma abstração cuja busca obsessiva é ótima para produzir ansiedade e frustração.” – para a Revista Trip
11 – “A charge é poderosa nessa função. Traduz, carrega o comentário, as ideias e as percepções das pessoas para o campo do simbólico, da criação de imagens que são alegorias daquela ideia.” – para Brasil de Fato
12 – “Há um universo de desamparo total ao trabalhador.” – para Brasil de Fato
13 – “A gente não precisa deixar de rir nunca.” – para Elle
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