Wandinha: como usar a série no repertório sociocultural da redação?
Foto: Copyright Matthias Clamer/Netflix/Divulgação

Wandinha: como usar a série no repertório sociocultural da redação?

A série Wandinha aborda a diversidade e critica os padrões impostos pela sociedade; veja como usá-la na redação

No dia 03 de setembro de 2025, foi lançada a última parte da segunda temporada de Wandinha, produzida pela Netflix. A série aborda as aventuras da filha mais velha da família Addams no colégio Nevermore, “Nunca Mais” em português. 

A segunda temporada conta com a direção de Tim Burton em alguns episódios, cuja assinatura na estética sombria e excêntrica da série é evidente. Além disso, a cantora Lady Gaga participa do elenco e contribui para a trilha sonora, adicionando ainda mais intensidade à atmosfera da trama.

Mais do que entretenimento, Wandinha retrata temas como identidade, amadurecimento, diversidade, aceitação da diferença e crítica a padrões sociais, tornando-se uma referência para a produção de textos dissertativos e argumentativos.

O Portal Estratégia Vestibulares preparou este texto para listar temas abordados na série da Netflix e na Família Addams original que podem ser usados nas redações dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira!

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O que é o repertório sociocultural?

O repertório sociocultural é usado nas redações para fundamentar um argumento. No Enem, ele faz parte da competência número dois de avaliação da proposta de redação.

Nessa competência, a banca avalia se o candidato conseguiu “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.” 

Wandinha: sinopse e contexto

A série Wandinha (Wednesday, 2022), da Netflix, acompanha a filha mais velha da Família Addams em sua adolescência. Após ser expulsa da escola por um incidente com colegas, Wandinha, interpretada por Jenna Ortega, é enviada para a Nevermore Academy, um colégio para jovens “outcasts”, ou “excluídos” em português, com dons e habilidades especiais. 

Lá, ela precisa lidar com os desafios típicos da juventude e descobre segredos de sua própria família, enquanto investiga uma série de assassinatos que ameaça tanto a escola quanto a cidade vizinha, Jericó.

Estereótipo da família tradicional americana e a subversão da normalidade

A Família Addams nasceu como sátira ao ideal da família americana perfeita de 1930-1950. Enquanto o “american way of life” exaltava casas claras, jardins impecáveis e valores tradicionais, os Addams viviam em uma mansão sombria, cercados de objetos macabros, mas cultivavam relações afetuosas e saudáveis. 

Em algumas versões, como na série Wandinha, há referências à origem latina da família. Gomez, o pai, é descendente de imigrantes mexicanos, o que reforça ainda mais o papel deles como “outsiders” em relação ao modelo branco, anglo-saxão e protestante da família tradicional americana.

O humor e a crítica aparecem na subversão da normalidade. Enquanto outras famílias falam de flores e passeios no parque, os Addams declaram amor à tortura. Porém, por trás dessa estética sombria, não há preconceito, maldade ou violência real. Pelo contrário, eles são acolhedores, protegem uns aos outros e valorizam os desejos e a individualidade de seus filhos.

Família Addams (filme de 1991). Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Crítica ao conformismo social

Tanto em Wandinha quanto na Família Addams original, há uma crítica constante às pressões sociais que buscam enquadrar indivíduos em padrões rígidos de comportamento. 

A protagonista da série é exemplo disso. Mesmo em Nevermore, um espaço para jovens diferentes, ela se recusa a seguir normas apenas por obrigação e desafia professores, colegas e até a própria mãe. Sua postura questionadora mostra a importância de não aceitar verdades prontas e de pensar de forma autônoma.

Na Família Addams, essa crítica aparece de maneira mais humorística. Gomez e Mortícia, a mãe, vivem intensamente sua própria lógica de mundo, sem se preocupar em parecer “respeitáveis” aos olhos dos vizinhos ou da sociedade. 

Dessa forma, os Addams ensinam que o conformismo pode aprisionar e que a verdadeira liberdade está em viver de acordo com os próprios valores, mesmo que isso cause estranhamento.

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Aceitação da diferença

O colégio Nevermore, em Wandinha, é um espaço destinado a jovens marginalizados por possuírem dons especiais, como lobisomens, sereias, videntes, górgonas, entre outros. A escola funciona como metáfora da diversidade e da inclusão, mas também revela as contradições desse processo, porque mesmo entre os “diferentes” podem existir padrões de exclusão. 

O arco de Enid é um bom exemplo disso. A personagem sofre pressão para se transformar em lobisomem e, por não corresponder às expectativas do grupo, sente-se constantemente inadequada. Essa narrativa ilustra como a aceitação da diferença ainda é um desafio mesmo em lugares que propõem o acolhimento.

A cidade de Jericó, vizinha ao colégio, também assume o papel de intolerância. Seus moradores tratam os estudantes como “aberrações” e reforçam estereótipos que isolam ainda mais quem não se encaixa no padrão da chamada normalidade. A série coloca em evidência como o preconceito é uma força social capaz de excluir, oprimir e até apagar identidades.

Na contramão desse cenário, na Família Addams cada peculiaridade é celebrada. Tio Chico, excêntrico e imprevisível, é tão valorizado quanto Mortícia, que exerce papel de liderança. Mãozinha, mesmo sendo “apenas” uma mão viva, participa das decisões familiares e recebe afeto. Gomez demonstra amor incondicional por seus filhos, encorajando-os a explorar suas peculiaridades. 

O papel da mulher na Família Addams

Nas diferentes versões da Família Addams, a figura feminina ocupa um espaço central na dinâmica familiar. Mortícia, por exemplo, é apresentada como a verdadeira matriarca, elegante, inteligente e estratégica, é ela quem conduz decisões importantes e mantém a coesão do grupo. 

Já Gomez, embora carismático e apaixonado, muitas vezes assume um papel mais afetivo e impulsivo, confiando no discernimento da esposa para conduzir os rumos da casa.

Essa inversão de papéis tradicionais desafia a ideia da família patriarcal clássica, na qual o homem é visto como líder. Nos Addams, são as mulheres que exercem autoridade intelectual e emocional, seja Mortícia como referência do lar, como a própria Wandinha. Tanto na série da Netflix, quanto nos filmes e séries originais dos Addams, ela sempre se destacou de seu irmão, Feioso, retratado de forma mais cômica e ingênua.

Na série da Netflix, a avó deles, por sua vez, aparece como uma figura poderosa ligada ao mundo dos negócios, por conta de sua rede funerária, mostrando que o protagonismo feminino também se estende ao espaço público e financeiro.

Assim, a Família Addams rompe com estereótipos de gênero e coloca as mulheres como motor da narrativa, enquanto os homens aparecem em papéis de apoio, guiados mais pelo afeto e pela lealdade do que pelo controle.

Apropriação cultural

O tema da apropriação cultural aparece de forma marcante na segunda temporada de Wandinha. Em um episódio, a cidade de Jericó organiza uma festa para celebrar o “Dia de Los Muertos”, tradição da cultura mexicana.  No entanto, a comemoração é transformada em um espetáculo semelhante ao Halloween, esvaziando o sentido original da celebração.

Gomez e Feioso, descendentes de mexicanos, participam do evento e percebem o distanciamento entre a festa encenada e a verdadeira tradição. A crítica surge em uma interação com Arlene, uma das figuras mais preconceituosas da cidade, principalmente em relação aos “outcasts”, que se apropria de símbolos da cultura mexicana sem compreendê-los e respeitá-los.

De maneira irônica, Gomez comenta: “Admiro a arrogância em que se apropriam de outra cultura”. A senhorita, para variar, não entende a crítica e agradece. Assim, a série evidencia como práticas culturais podem ser descontextualizadas e usadas de forma superficial por grupos dominantes, reforçando o debate atual sobre respeito às diferenças e valorização da diversidade cultural.

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