As ciências sociais são uma vertente relativamente recente dos estudos intelectuais. Com o objetivo de compreender as sociedades de um modo geral, não necessariamente apenas do ponto de vista político, a sociologia e áreas correlatas são importantes para entender os indivíduos em um aspecto coletivo e cultural.
A compreensão social dos acontecimentos, a relação entre história, política e desenvolvimento das sociedades é um tema interdisciplinar, que atravessa diferentes cenários da vida humana. Por isso, trata-se de um tema da atualidade, relevante para a formação cidadão, profissional e também essencial para a interpretação e resolução de questões nos vestibulares.
Neste artigo, leia uma breve introdução às ciências sociais, com o contexto histórico de surgimento da sociologia, objetivos e características desses estudos. Ao final, os conhecimentos apresentados são utilizados para a resolução de uma questão de prova sobre o tema.
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Surgimento da sociologia
Contexto histórico
Durante o fim da Idade Média e no desenrolar da Idade Moderna, a Europa passou por diversas transformações que influenciaram no modo de viver e pensar dos indivíduos. Por exemplo, um dos primeiros movimentos da Idade Moderna foi o Renascimento, importante para trazer um espectro mais racional e lógico para os debates civis.
Na chamada Idade Moderna, então, a racionalidade e religiosidade entraram em concordância para iniciar a Reforma Protestante, que alterou as relações entre o indivíduo e Deus. A Igreja, gradativamente, perdia seu espaço de dominação sobre o relacionamento entre os homens e a divindade, o que permitiu mais liberdade aos civis.
Durante o século XVI, ainda, as Grandes Navegações expandiram os territórios conquistados pelos europeus. Cada vez mais, os homens viam-se com mais poder sobre as circunstâncias ao seu redor, além de que instalaram diversos focos de dominação em outros continentes, especialmente África e América.
Enquanto tudo isso acontecia, uma nova classe social surgia nas regiões europeias: a burguesia. Os burgueses e suas relações comerciais permitiram o contato da cultura europeia com outras regiões, além de serem importantes para o crescimento de religiões protestantes e para o surgimento do capitalismo.
Nesse sentido, no século XVIII iniciou-se a Primeira Revolução Industrial, primeiramente na Inglaterra. A fabricação de produtos, especialmente os têxteis, de forma rápida e com menor esforço humano revolucionou o mundo comercial europeu e contribuiu para a consolidação das relações comerciais capitalistas.
Pouco tempo depois, no ano de 1789, desenrolou-se na França a Revolução Francesa, que tratou sobre liberdade, igualdade e fraternidade. Já era uma discussão sobre as hierarquias sociais e como elas afetam a vida dos indivíduos.
Grande parte dessas transformações estão relacionadas, também, com o iluminismo desenvolvido durante o século XVIII, o conhecido Século das Luzes. Nessa corrente ideológica, defendia-se a liberdade das pessoas, inclusive em termos intelectuais.
Diante desse grande cenário de revoluções e mudanças drásticas da sociedade europeia, alguns pensadores observaram que seria necessário desenvolver uma ciência especificamente para avaliar as relações sociais e a evolução das populações.
+ Veja também: Surgimento da Sociologia: contexto histórico
Sociologia como ciência
Auguste Comte é o pensador responsável por idealizar uma ciência social, mas suas teorias não criaram nenhuma estrutura sólida para o desenvolvimento desses estudos. Seu legado, então, foi importante para que os outros pensadores criassem um meio de compreender a sociedade, apesar de suas características tão complexas e diversas.
Na época, as ciências biológicas estavam em efervescência na sociedade europeia, diante disso, o estudioso Émile Durkheim tentou unir conteúdos biológicos e sociológicos. Assim, surgiu uma técnica rigorosa para o estudo das sociedades, o Método Sociológico, semelhante ao conhecido método científico criado por Descartes, em que há uma forma sistemática de compreender os conhecimentos.
Com isso, a sociologia tornou-se uma ciência autêntica, em que os dados são obtidos de forma metodológica e podem ser estudados, comparados entre si, questionados, permitindo uma constante evolução das informações. Assim, Durkheim é considerado o primeiro sociólogo, permitindo entender a relação entre o homem e a sociedade, entre diferentes sociedades e entre as diferentes classes sociais.
Importância das ciências sociais
As ciências sociais estudam, resumidamente, a sociedade, a política e os aspectos históricos das relações sociais. Entre elas podemos citar as ciências políticas, a sociologia propriamente dita, a antropologia e áreas semelhantes.
São necessárias para o desenvolvimento de um povo, por exemplo, permitindo a união entre fatos históricos com a atualidade. Assim, novas guerras e conflitos podem ser evitados, estratégias podem ser reutilizadas ou reaproveitadas para resolver problemas que já ocorreram em outras sociedades.
Relevantes também para a criação de estruturas, programas e ações afirmativas que confiram equidade de direitos para populações que se encontram em diferentes posições sociais e, portanto, têm acesso a diferentes recursos.
Em termos políticos, as ciências sociais são importantes tanto do ponto de vista analítico, como também para informar a população sobre as questões políticas específicas que, muitas vezes, estão afastadas da realidade de grande parte dos indivíduos. Uma vez que as pessoas estão informadas sobre o panorama político de uma determinada região, podem votar de maneira mais livre, com um conhecimento mínimo sobre o impacto de suas escolhas.
Outro ponto importante é a relação entre o respeito por outras culturas e as ciências sociais. Porque, ao compreender a trajetória daquele povo ao longo da história com auxílio da antropologia, política e sociologia, percebe-se que cada aspecto cultural é único de cada sociedade e reflete sua história. Enfim, diversos outros aspectos podem ser citados para exaltar a relevância das ciências sociais nos dias atuais e futuros.
Questão sobre introdução às ciências sociais
Enem/2016
Nossas vidas são dominadas não só pelas inutilidades de nossos contemporâneos, como também pelas de homens que já morreram há várias gerações. Além disso, cada inutilidade ganha credibilidade e reverência com cada década passada desde sua promulgação. Isso significa que cada situação social em que nos encontramos não só é definida por nossos contemporâneos, como ainda predefinida por nossos predecessores. Esse fato é expresso no aforismo segundo o qual os mortos são mais poderosos que os vivos.
BERGER, P. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. Petrópolis: Vozes, 1986 (adaptado).
Segundo a perspectiva apresentada no texto, os indivíduos de diferentes gerações convivem, numa mesma sociedade, com tradições que
a) permanecem como determinações da organização social.
b) promovem o esquecimento dos costumes.
c) configuram a superação de valores.
d) sobrevivem como heranças sociais.
e) atuam como aptidões instintivas.
De fato, as tradições sobrevivem, tal como o texto aborda. No caso do pensamento durkheimiano a consciência coletiva herdaria múltiplas determinações capazes de influenciar o indivíduo. Pense, por exemplo, na língua: nascemos e a linguagem já existe há muito tempo.
Gabarito: letra D.
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