Muito além de estudar para o vestibular, compreender a sociedade em que vivemos é necessário para a nossa própria cidadania. Afinal, a única forma de identificar os problemas, suas causas, consequências e formas de transformá-los é estudando e compreendendo-os de forma mais profunda. Para te ajudar a chegar lá, confira os 9 livros que indicamos para entender a sociedade brasileira.
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Como sabemos que você adora uma lista, separamos livros de autores diversos, com perspectivas e temáticas distintas sobre a sociedade brasileira. Todos os livros também te ajudam a ampliar o repertório sociocultural para escrever uma boa redação e para fortalecer seus conhecimentos em história, geografia, filosofia e sociologia. Vamos lá?
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1. Casa-Grande e Senzala (1933) — Gilberto Freyre
A obra do sociólogo Gilberto Freyre é um clássico da sociologia brasileira, tendo fundamentado ideias que norteiam a identidade nacional até os dias atuais, como a de miscigenação das raças que compõem a sociedade.
A ideia de miscigenação entre portugueses, os povos escravizados do continente africano, a população indígena e os imigrantes é o que determina as organizações sociais do Brasil. Elas remontam a organização entre casa-grande e senzala com forte patriarcalismo e patrimonialismo. O senhor homem, branco, é o grande dono dos escravos, mulheres, amantes e do que mais pudesse possuir.
Apesar da constatação sobre o legado colonial para a sociedade, é otimista em sua análise sobre a miscigenação. Ele também busca refutar a tese de inferioridade de raças, alegando que a mistura é uma vantagem cultural do Brasil.
2. Raízes do Brasil (1936) — Sérgio Buarque de Holanda
É o primeiro livro do historiador Sérgio Buarque de Holanda (sim, avô do Chico Buarque de Holanda), publicado originalmente em 1936. É considerado um dos livros mais importantes da historiografia brasileira e foi traduzido para diversos idiomas, dada a sua importância.
A obra aborda elementos sobre a composição cultural do Brasil, e da formação histórica da sociedade brasileira. O esforço intelectual do livro concentra-se na superação do legado colonial e na composição de uma democracia brasileira. Para o autor, o caminho da democracia é a superação da economia fraca, a elite antidemocrática e a cultura autoritária.
3. Formação do Brasil Contemporâneo (1942) — Caio Prado Júnior
Na lista de livros para compreender a sociedade brasileira, a obra de Caio Prado Júnior tem um enfoque mais econômico do que as anteriores durante o período colonial, explicando com detalhes a relação entre colônia e metrópole e o projeto econômico que foi a colonização ao longo dos séculos. No final, conclui que este período se tratou de uma extensiva exploração, especuladora e instável.
Na obra de Prado Júnior, entende-se o Brasil como uma grande empresa comercial com o objetivo de exploração dos recursos naturais e destiná-los ao comércio europeu. Portanto, é o comércio e nada além dele, a matriz que configura o Estado Brasileiro.
4. O negro no mundo dos brancos (1972) — Florestan Fernandes
Dentre a vasta obra do sociólogo brasileiro Florestan Fernandes, que se propôs a discutir a sociedade brasileira em todos os seus aspectos, especialmente sobre a posição do negro no Brasil. É responsável por confrontar a ideia de Gilberto Freyre sobre a miscigenação, defendendo que o componente racial é um fator determinante de exclusão.
É exatamente sobre essa questão que se debruça em sua obra “O negro no mundo dos brancos”, entendida pelas Ciências Sociais brasileiras uma das suas obras mais importantes. Nela fala sobre as barreiras da “cor”, sobre formas de exclusão racial que extrapolam as econômicas de classe, entre pessoas negras e mestiças.
Em uma das frases mais emblemáticas e elucidativas desta obra, Fernandes afrima: “Há quem pense que o negro luta por privilégios, através desses movimentos. Mas isso não é verdade: ele luta contra privilégio”. É a partir dessa premissa que o autor destrincha o sistema de privilégios e mecanismos de favorecimento dado às pessoas brancas no Brasil.
5. O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil (1995) — Darcy Ribeiro
Trata-se de mais uma obra que se debruça a compreender as raízes históricas que constituem a formação cultural da sociedade brasileira. Para fins didáticos, separa o Brasil em “Brasis” distintos: sertanejo, crioulo, caboclo, caipira e sulino. Caracterizando cada um desses grupos com suas particularidades.
Além disso, o autor divide o país de acordo com classes, de forma empírica desde a elite até as classes historicamente oprimidas, como classifica os negros. O livro propõe uma volta completa aos processos econômicos, sociais, políticos e culturais que construíram os diversos brasis desde a chegada do português até o final do século XX, quando foi lançado.
6. A ralé brasileira: quem é e como vive (2009) — Jessé de Souza
Para o sociólogo Jessé de Souza, o problema do que chama de “ralé” é a questão central da sociedade brasileira, associada a questões de segurança pública, direito à saúde, educação, consumo, trabalho. O autor também parte da ideia de naturalização da desigualdade social e dos privilégios de classe.
Ele defende que os ideais sobre a “ralé” é o que faz naturalizamos situações cotidianas de privação de direitos básicos inclusive entre as próprias classes menos favorecidas. O professor é o primeiro a considerar outras obras da identidade brasileira como os já citados autores “Gilberto Freyre” e “Sérgio Buarque”, como constituintes de um mito da identidade brasileira.
Para ele, falta autocrítica inclusive na ciência social brasileira ao tratar de temas que levaram à atual desigualdade, como o racismo, o patriarcalismo, o patrimonialismo e um capitalismo que privilegia somente as elites econômicas.
7. Brasil: uma biografia (2015) — Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling
Mais uma obra que se propõe a investigar a história e a formação do Brasil de forma profunda no espaço-tempo. O resultado é uma robusta obra de 808 páginas que revelam com impressionante riqueza de detalhes os conflitos sociais, econômicos, políticos e as marcas do povo brasileiro.
As autoras colocam com marca os processos de embates, construções falhas das noções de cidadania, uma herança colonial e contraditória e a violência como centro constituinte das relações sociais no País.
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