Tipos de rimas: quais são, exemplos e exercícios

Tipos de rimas: quais são, exemplos e exercícios

Conheça os tipos de rimas, um recurso sonoro e estilístico muito importante para a construção de textos poéticos com ritmo e musicalidade

Muito além de sons parecidos, os tipos de rima podem ser construídos racionalmente, com a intenção de embelezar e enriquecer a produção literária. Nesse caso, as palavras que se combinam foneticamente são estrategicamente dispostas, como acontecia no parnasianismo, em que as rimas eram parte da filosofia da escrita.

Quer saber mais sobre a arte de rimar? Acompanhe o texto a seguir, que aborda o assunto com suas classificações e exemplos!

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O que são rimas?

As rimas são repetições de sons ou sílabas que se combinam como um recurso estilístico. Geralmente, aparecem nos textos poéticos e mais preocupados com a estética, sonoridade, ritmo e musicalidade.

Elas podem ser divididas em diferentes tipos de rima. A classificação leva em consideração se os fonemas rimados possuem ou não consoantes, como são combinados, a distância entre cada componente dos grupos rítmicos, entre outros fatores.

Estrutura de poemas e poesias

Grande parte dos poemas e poesias são divididos em versos e estrofes. O verso é cada linha do texto e, quando existem rimas, elas são construídas no final de cada uma das linhas. Ao mesmo tempo, um conjunto de versos forma uma estrofe, de forma que uma estrofe pode possuir um ou mais pares de versos rimados.

Nos sonetos, por exemplo, existem quatro estrofes divididas em duas estrofes de quatro versos (quartetos) e duas estrofes de três versos (tercetos). Em termos de sonoridade, essas obras apresentam dez sílabas poéticas em cada verso. 

Observe a estrutura de versos, estrofes e as rimas destacadas no soneto “A formosura desta fresca serra”, do poeta português Luís de Camões:

A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;


O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do Sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;


Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos of’rece,
Me está, se não te vejo, magoando.


Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando,
Nas mores alegrias, mor tristeza.”

No caso de obras em que a sonoridade não é o fator principal e os padrões são mais livres, como no período modernista, as rimas podem ser abandonadas. Nessa ocasião, os versos serão chamados de versos livres ou brancos, sem regras definidas ou um número específico de sílabas poéticas.

Tipos de rimas: posição

Os tipos de rima podem ser classificados conforme a posição que ocupam nos versos e estrofes, ao observar a semelhança entre palavras e marcar sua distribuição ao longo do poema ou poesia.

Rima interna

A rima do tipo interna acontece quando dois vocábulos rimam em um mesmo verso, internamente, como na frase “A dor é inimiga do amor”.

Rima externa

A rima externa é aquela que acontece entre dois versos diferentes e, geralmente, se posiciona no final da frase — o que facilita a sonoridade entre os diferentes versos de uma mesma estrofe.

Como padrão, ao longo deste texto, vamos considerar que as letras (A,B,C,D,E…) serão utilizadas para representar cada tipo de rima. Como no exemplo abaixo, retirado do poema I-Juca-Pirama, de Antônio Gonçalves Dias:

“São rudes, severos, sedentos de glória, (A)
Já prélios incitam, já cantam vitória, (A)
Já meigos atendem à voz do cantor: (B)
São todos Timbiras, guerreiros valentes! (C)
Seu nome lá voa na boca das gentes, (C)
Condão de prodígios, de glória e terror!(B)”

Rima intercalada (ABBA)

Pode ser chamada de rima oposta ou rima interpolada, o tipo de rima intercalado diz respeito aos versos que se combinam na primeira e quarta linha da estrofe, junto a um par de rima nas linhas centrais (ABBA), assim:

“Alegres campos, verdes arvoredos, (A)
claras e frescas águas de cristal, (B)
que em vós os debuxais ao natural, (B)
discorrendo da altura dos rochedos (A)”

Trecho retirado do soneto “Alegres campos, verdes arvoredos” de Luís de Camões (domínio público)

Rima alternada (ABAB)

O tipo de rima alternada diz respeito aos casos em que os versos rimados são sempre pares, ou sempre ímpares — o primeiro rima com o terceiro, o segundo com o quarto e assim sucessivamente (ABAB). Veja um exemplo com a poesia “Tudo quando penso”, de Fernando Pessoa:

“Tudo quanto penso, (A)
Tudo quanto sou (B)
É um deserto imenso (A)
Onde nem eu estou. (B)”

Rima emparelhada (AABB)

As rimas emparelhadas acontecem uma próxima da outra, de forma que o primeiro verso rima com o segundo, enquanto o terceiro rima com o quarto, na configuração (AABB). O exemplo abaixo foi retirado do poema Midsummer’s night’s dream de Olavo Bilac, disponibilizado em domínio público:

Quem o encanto dirá destas noites de estio? (A)
Corre de estrela a estrela um leve calefrio, (A)
Há queixas doces no ar… Eu, recolhido e , (B)
Ergo o sonho da terra, ergo a fronte do , (B)
Para purificar o coração manchado, (C)
Cheio de ódio, de fel, de angústia e de pecado… (C)”

Rima misturada

No caso do tipo de rima misturada, não ocorre uma configuração marcada para cada sílaba semelhante. Elas aparecem no poema em uma disposição mais aleatória, embora continuem contribuindo para a sonoridade da obra.

“As palavras estão muito ditas (A)
e o mundo muito pensado. (B)
Fico ao teu lado. (B)


Não me digas que há futuro (C)
nem passado. (B)
Deixa o presente — claro muro (C)
sem coisas escritas. (A)


Deixa o presente. Não fales, (D)
Não me expliques o presente, (E)
pois é tudo demasiado. (B)

Em águas de eternamente, (E)
o cometa dos meus males (D)
afunda, desarvorado. (B)


Fico ao teu lado.(B)”

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Tipos de rimas: fonética

Classificar os tipos de rima conforme os sons emitidos leva em consideração a semelhança entre as sílabas combinadas, sejam elas perfeitamente parecidas ou um pouco diferentes, apesar de conferir sonoridade e ritmo para a obra.

Rima perfeita

Acontece quando os sons combinados são completamente equivalentes, como em no trecho do poema “Vendaval” de Fernando Pessoa:

“Ó vento do norte, tão fundo e tão frio, (A)
Não achas, soprando por tanta solidão, (B)
Deserto, penhasco, coval mais vazio (A)
Que o meu coração! (B)”

Rima imperfeita

Oposto ao caso anterior, a rima do tipo imperfeita traz uma sonoridade parecida, mas as letras não se correspondem completamente na disposição dos versos, com maior semelhança nos sons vocálicos. 

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.”

Nesse excerto de I-Juca-Pirama observa-se o ritmo da estrofe e a semelhança sonora com as vogais “i”, mas não a congruência total entre as sílabas rimadas.

Tipos de rimas: valor

No estudo literário, também é possível definir um valor para cada rima, conforme as classes de palavras que combinam. Veja nos tópicos a seguir.

Rima pobre

Quando a rima é construída com duas palavras de mesma classe gramatical, entende-se que tem pouco valor, já que seria “fácil” de construir — verbo + verbo, substantivo + substantivo, adjetivo + adjetivo e assim por diante. 

“Antes de se entregar às fadigas da guerra, (A – substantivo)
Dizem que um dia viu qualquer cousa do céu: (B – substantivo)
E achou tudo vazio… e pareceu-lhe a terra (A – substantivo)
Um vasto e inútil mausoléu (B – substantivo)” 

 (O Cavalheiro Pobre – Olavo Bilac)

Rima rica

Quando a rima é construída com vocábulos de diferentes classes gramaticais, é considerada uma rima rica. Veja um exemplo com o poema “Ao Longe, ao Luar” de Fernando Pessoa.

“Ao longe, ao luar, (A – substantivo)
No rio uma vela, (B – substantivo)
Serena a passar, (A – verbo)
Que é que me revela? (B – verbo)”  

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