Etarismo: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular

Etarismo: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular

O etarismo consiste no preconceito baseado na idade e ele é mais frequente com pessoas idosas; Saiba formar repertórios socioculturais sobre

O etarismo é o preconceito ou discriminação existente contra pessoas com idade avançada. Ele apresenta também outros nomes como velhofobia, idadismo ou ageísmo, derivação do termo aging, do inglês, que significa envelhecimento.

Essa intolerância é existente em diversas camadas da sociedade e vai desde o mercado de trabalho, com a substituição de funcionários somente por questões etárias, até mesmo a tratamentos de saúde, inclusão digital e ao mercado de consumo como um todo.

Atualmente, os idosos, uma das faixas mais afetadas pelo etarismo, correspondem a quase 15% da população brasileira, e a pirâmide etária aponta que o número será cada vez maior até 2050. O aumento da longevidade e expectativa de vida é uma tendência mundial e leis de combate a esse tipo de preconceito estão surgindo por todo o planeta.

No Brasil há, por exemplo, o Estatuto do Idoso, que busca coibir o preconceito contra a população 60+. Além disso, há também a Convenção Interamericana sobre os Direitos das Pessoas Idosas, documento no qual o Brasil é signatário.

E, por conta do já sabido aumento dessa faixa da população, os países e alguns setores da sociedade estão se preparando para tal cenário. O Portal Estratégia Vestibulares trouxe os principais pontos desse debate, como o etarismo pode cair nas provas como o Enem, e como formar um repertório sociocultural sobre o tema. Vamos lá?

+ Tema de redação PUC-SP 2024: “o etarismo e seus impactos na vida dos indivíduos e da sociedade”

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Etarismo: importância do debate

O Censo do Brasil de 2022 trouxe a pirâmide etária atualizada que revelou um aumento da idade mediana do País em seis anos, indo de 29 para 35 anos. O índice indica o envelhecimento dos brasileiros, com aumento na expectativa de vida e queda na taxa de natalidade.

A previsão feita em 2018 era de que a idade mediana em 2022 alcançasse os 32 anos, o que demonstra um ritmo de envelhecimento mais rápido do que o previsto. Os dados apontam um Brasil mais feminino e com maior número de idosos em comparação aos dados de 2010.

E o aumento da população idosa e 45+ faz com que a sociedade precise se preparar para contatos intergeracionais mais frequentes e suas diferentes visões de mundo, que haja incentivos para que essas populações não parem de adquirir conhecimento e que o governo crie políticas e leis que garantam e criem direitos que combatam discriminações e desigualdades.

Confira alguns temas relacionados ao etarismo e como eles podem cair no vestibular

Questões geracionais e etárias como o etarismo estão presentes nos vestibulares em matérias como Geografia, Língua Portuguesa, História, Biologia e até mesmo nas exatas, como pano de fundo para questões de Matemática ou Física, por exemplo. Confira como o tema pode aparecer nas suas provas.

Casos de etarismo

O principal caso de etarismo recente no Brasil aconteceu em Bauru, no Estado de São Paulo. Três universitárias, na faixa dos 18 anos, criticaram uma colega de classe de mais de 45 anos em um vídeo que viralizou nas redes sociais, criticando o fato dela ter se matriculado e dizendo que ela “deveria estar se aposentando”.

A estudante recebeu carinho e apoio de seus colegas e também na internet, enquanto as três alunas que cometeram preconceito desistiram do curso após a repercussão do caso. 

Um outro modelo de etarismo muito comum acontece com muitas atrizes na faixa dos 50 e 60 anos que perdem papéis em produções de cinema, televisão e teatro por conta da idade. Aqui há também o sexismo da indústria do entretenimento que enxerga homens dessa mesma faixa como galãs, enquanto as mulheres são vistas como “velhas”.

Etarismo e sexismo

Estereótipos etários de gênero seguem sendo reproduzidos, demonstrando que o etarismo também apresenta características sexistas. A matéria “Backstreet Boys atiram cuecas para trintonas em show nostálgico em São Paulo”, da Folha, é um exemplo que segue tal lógica e foi duramente criticada nas redes sociais.

A prática também virou pauta no Oscar 2023, quando a vencedora da categoria de melhor atriz, Michelle Yeoh, afirmou em seu discurso: “mulheres, não deixem ninguém dizer que vocês passaram do prazo”. Ela tinha 60 anos na época.

A discussão está presente na matéria “Sexismo e etarismo: uma pauta conjunta recorrente na mídia”, da Carta Capital e traz esses e outros exemplos, além de comentar o papel da mídia e como buscar apoio amparado em leis.

Mercado de trabalho

A limitação de oportunidades de trabalho por conta da idade também é uma forma de etarismo. Isso acontece não só quando uma empresa não contrata uma pessoa, mas quando não há oferta de treinamentos ou políticas de desenvolvimento e crescimento profissional, além da permissibilidade ou mesmo do estímulo a práticas preconceituosas relacionadas à faixa etária.

Um levantamento do Infojobs revelou que cerca de 57% dos profissionais entrevistados afirmaram já ter passado por algum episódio de preconceito por conta da idade, e 55% deles fazem parte da geração X (nascidos entre 1965 e 1981).

Dentre reflexos do conflito geracional existente, dados apontam que 66% dos entrevistados da geração X sentem que pessoas mais novas duvidam de seu profissionalismo, enquanto 76% dos profissionais mais jovens (geração Y ou Z) acreditam que os colegas da geração X são mais resistentes às opiniões e posicionamentos dos mais jovens. Ainda assim, as resistências geracionais são vistas como comuns por 80% dos entrevistados.

Os estereótipos existentes para pessoas mais velhas é de que elas não são criativas ou aderentes às novas tecnologias, além de oferecerem resistência quando questionados, como apontado acima. Os desafios dessa convivência e como promover ambientes mais saudáveis entre todos, portanto, é algo que pode pintar nos vestibulares.

Inclusão digital de idosos

Boa parte da população idosa não participou do processo de inclusão digital de forma a usarem as tecnologias para atuar em práticas sociais virtuais atuais como pagar contas, agendar e até realizar serviços ou mesmo comprar artigos pela internet.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) aponta que de 2019 a 2021 o percentual da população idosa que faz uso da internet foi de 44,8% para 57,5%. Mas isso não garante o pleno uso da tecnologia.

Para auxiliar essa população a ser integrada a essas tecnologias, existem perfis nas redes sociais que prestam esse tipo de serviço, além de políticas públicas como o incentivo à inclusão digital de idosos, aprovada pelo Senado no início do mês (novembro de 2023).

Estatuto da Pessoa Idosa

O Estatuto da Pessoa Idosa é uma lei (nº 10.741) que completou 20 anos no Dia Internacional da Pessoa Idosa, em 1º de outubro. Foi por meio dele que as pessoas dessa faixa etária conquistaram direitos hoje considerados básicos como fila preferencial e gratuidade nos ônibus urbanos.

Mas, além disso, há também direitos não tão conhecidos como rapidez na restituição do Imposto de Renda, prioridade no julgamento de processos judiciais e direito a acompanhante em tempo integral em caso de internações hospitalares.

A lei, portanto, é uma das pautas que podem ser citadas nos vestibulares, principalmente nas suas aplicações e resistências no cumprimento de trechos do estatuto.

Envelhecimento e saúde mental

O processo de envelhecimento é algo individual e diverso, mas é comum a todos, assim como os cuidados com a saúde mental, tema em voga nos tempos atuais. Lidar com sintomas físicos, conviver com a solidão ou isolamento e enfrentar os estigmas sociais ligados a envelhecer são problemáticas que mexem com o psicológico de pessoas idosas.

E com mais de 15% da população idosa, o Brasil discute como promover práticas relacionadas a exercícios físicos e cuidados com a saúde mental também nessa faixa etária. O debate também inclui a perspectiva de termos 23,5% de idosos na população do País em 2040 e 32,2% em 2060. Portanto, formar profissionais especializados para atender essas pessoas já é uma preocupação e tendência de mercado.

Mercado de consumo

Se no mercado de trabalho há conflitos geracionais e situações de etarismo evidentes no cotidiano, no mercado de consumo não é diferente. A matéria “Brasil exclui do consumo idosos 60+, que já superam jovens de 20 anos”, mostra um caso, digamos, curioso: a população excluída é maior que a fatia estimulada para consumir.

Isso acontece por vários motivos que vão desde a tendência de consumo e desejo das pessoas se sentirem mais jovens, até mesmo a ausência de pessoas 60+ dentro dos processos de decisões das empresas. 

A matéria ilustra como o marketing atua por aqui e compara com a visão europeia para esse público, consolidada há mais tempo por lá justamente pelo fato de que os países europeus já passaram pelo processo pelo qual o Brasil está passando no momento.

E assim, o País até o momento demonstra não enxergar o potencial de consumo de uma faixa etária crescente, cada vez mais digital, com poder aquisitivo e alta taxa de fidelização de marcas e produtos.

Filmes e documentários sobre etarismo

Veja, abaixo, cinco obras que retratam o envelhecimento e o etarismo e que podem ser usadas como repertório sociocultural.

Um Senhor Estagiário (2015)

O filme traz a história de um viúvo de 70 an7847b9ca0cd” class=”textannotation”>os, vivido por Robert De Niro, que busca voltar ao mercado de trabalho. Ele encontra uma vaga de estagiário sênior em um site de moda e passa a viver os desafios geracionais existentes nesse cenário.

Grace and Frankie (2015-2022)

A série de sete temporadas estrelada por Jane Fonda (Grace) e Lily Tomlin (Frankie) mostra como elas encaram a terceira idade após seus maridos revelarem que estão apaixonados um pelo outro.

Como viver até os 100: os segredos das zonas azuis (2023)

Com quatro episódios, a série documental viaja até cinco lugares conhecidos por terem as maiores médias de centenários em todo o mundo, buscando descobrir os segredos dessas populações e os motivos que justificam tal característica.

Up: Altas Aventuras (2009)

A animação conta a história de Carl Fredricksen, um vendedor de balões septuagenário que, após resistir à especulação imobiliária de seu bairro, acaba enchendo sua casa de balões e partindo em uma viagem até a América do Sul na acidental companhia do jovem Russell e seu cão Dug.

Quantos dias. Quantas noites (2023)

O documentário brasileiro “Quantos dias. Quantas noites” busca responder os propósitos da existência e a conexão que fazemos com o tempo e com a idade, discutindo a longevidade como ponto principal.

Questões sobre etarismo

Urca (2016)

A ARTE DE SER VELHO

É curioso como, com o avançar dos anos e o aproximar da morte, vão os homens fechando portas atrás de si, numa espécie de pudor de que o vejam enfrentar a velhice que se aproxima. Pelo menos entre nós, latinos da América, e sobretudo, do Brasil. E talvez seja melhor assim; pois se esse sentimento nos subtrai em vida, no sentido de seu aproveitamento no tempo, evita­-nos incorrer em desfrutes de que não está isenta, por exemplo, a ancianidade entre alguns povos europeus e de alhures.

Não estou querendo dizer com isso que todos os nossos velhinhos sejam nenhuma flor que se cheire. Temo-­los tão pilantras como não importa onde, e com a agravante de praticarem seus malfeitos com menos ingenuidade. Mas, como coletividade, não há dúvida que os velhinhos brasileiros têm mais compostura que a maioria da velhorra internacional (tirante, é claro, a China), embora entreguem mais depressa a rapadura.

Talvez nem seja compostura; talvez seja esse pudor de que falávamos acima, de se mostrarem em sua decadência, misturado ao muito frequente sentimento de não terem aproveitado os verdes anos como deveriam. Seja como for, aqui no Brasil os velhos se retraem daqueles seus semelhantes que, como se poderia dizer, têm a faca e o queijo nas mãos. Em reuniões e lugares públicos não têm sido poucas as vezes em que já surpreendi olhares de velhos para moços que se poderiam traduzir mais ou menos assim: “Desgraçado! Aproveita enquanto é tempo porque não demora muito vais ficar assim como eu, um velho, e nenhuma dessas boas olhará mais sequer para o teu lado…”

Isso, aqui no Brasil, é fácil sentir nas boates, com exceção de São Paulo, onde alguns cocorocas ainda arriscam seu pezinho na pista, de cara cheia e sem ligar ao enfarte. No Rio é bem menos comum, e no geral, em mesa de velho não senta broto, pois, conforme reza a máxima popular, quem gosta de velho é reumatismo. O que me parece, de certo modo, cruel. Mas, o que se vai fazer? Assim é a mocidade­ ínscia, cruel e gulosa em seus apetites. Como aliás, muito bem diz também a sabedoria do povo: homem velho e mulher nova chifre ou cova.

Na Europa, felizmente para a classe, a cantiga soa diferente. Aliás, nos Estados Unidos dá-­se, de certo modo, o mesmo. É verdade que no caso dos Estados Unidos a felicidade dos velhos é conseguida um pouco à base da vigarista; mas na Europa não. Na Europa vêem-­se meninas lindas nas boates dançando cheek to cheek com verdadeiros macróbios, e de olhinho fechado e tudo. Enquanto que nos Estados Unidos eu creio que seja mais… cheek to cheek. Lembro-­me que em Paris, no Club St. Florentin, onde eu ia bastante, havia na pista um velhinho sempre com meninas diferentes. O “matusa” enfrentava qualquer parada, do rock ao chá­chá­chá e dançava o fino, com todos os extravagantes passinhos com que os gauleses enfeitam as danças do Caribe, sem falar no nosso samba. Um dia, um rapazinho folgado veio convidar a menina do velhinho para dançar e sabem o que ela disse? ­ isso mesmo que vocês estão pensando e mais toda essa coisa. E enquanto isso, o velhinho de pé, o peito inchado, pronto para sair na física.

Eu achei a cena uma graça só, mas não sei se teria sentido o mesmo aqui no Brasil, se ela se tivesse passado no Sacha’s com algum parente meu. Porque, no fundo, nós queremos os nossos velhinhos em casa, em sua cadeira de balanço, lendo Michel Zevaco ou pensando na morte próxima, como fazia meu avô. Velhinho saliente é muito bom, muito bom, mas de avô dos outros. Nosso, não.

(V. de Moraes; Para viver um grande amor)

O termo “classe”, no quinto parágrafo, refere­-se a(o):

A grupo de pessoas formado pelo narrador e possíveis receptores do texto.
B família que tem em sua casa pessoas idosas.
C grupo de frequentadores de lugares noturnos.
D idosos da Europa.
E pessoas idosas de um modo geral.

Alternativa correta: E

IFPE (2019)

A respeito do gênero do TEXTO, é CORRETO afirmar que

A se caracteriza como uma charge, pois nos leva a refletir sobre o fato de que a violência contra idosos tem se tornado cada vez mais comum.
B se trata de um anúncio publicitário, cujo objetivo é promover a ideia de que é preciso respeitar as pessoas idosas.
C corresponde a uma tirinha, por unir linguagem verbal e não verbal para construir uma situação-problema.
D é um panfleto, com informações sobre os principais tipos de violência contra idosos, formas de combate e contatos para denúncia.
E se caracteriza como um manual de como se deve tratar pessoas idosas.

Alternativa correta: B

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