O ano de 2021 começou com uma notícia surpreendente para o mercado automobilístico brasileiro: a Ford decidiu encerrar a produção de veículos no país. No entanto, você sabia que a empresa fez parte da história da industrialização brasileira? A Ford foi a primeira montadora a se instalar no país, no ano de 1919.
Quer saber um pouco mais sobre a Industrialização no Brasil? O Estratégia Vestibulares reuniu aqui as fases, características e desdobramentos do processo de industrialização no país.
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Industrialização brasileira tardia
No Brasil, a industrialização é considerada tardia, uma vez que se iniciou quase dois séculos depois das potências europeias. Enquanto a Primeira e a Segunda Revolução Industrial aconteciam em países como Inglaterra e França, o Brasil ainda vivia sob o controle colonial da coroa portuguesa.
As indústrias só começaram a surgir no país após a chegada da família real e se desenvolveram, na região Sudeste, entre outros fatores, com o capital gerado pela exportação do café, no século XIX. Hoje, há tanto indústrias nacionais quanto internacionais espalhadas por todas as regiões do país.
Fases da industrialização brasileira
O processo de industrialização brasileiro costuma ser dividido em quatro fases, distintas das etapas passadas pelos países europeus.
1a fase – Período Colonial
O período colonial compreende os tempos depois da chegada dos portugueses, em 1500, até a vinda da família real para o Brasil, em 1808. Qualquer tipo de fábrica ou manufatura era proibida naquela época, para que não houvesse competição com os produtos vendidos pela metrópole. Além disso, a economia do Brasil era escravista e se resumia à produção e exportação de açúcar.
2a fase – O café e as primeiras indústrias responsáveis pela industrialização brasileira
Com a chegada da família real, o cenário econômico começou a mudar. Algumas medidas protecionistas foram implementadas para incentivar as pequenas fábricas, como o aumento de impostos sobre os bens importados. No entanto, como a maioria da população não tinha condições de adquirir os produtos, não houve grande desenvolvimento da atividade.
Apenas no Segundo Reinado, com o declínio da exportação de café nos anos 1920, que começaram a haver mais investimentos na atividade industrial. A crise do café também levou os imigrantes a deixarem os campos e procurarem empregos nas cidades, por isso além do capital da elite cafeeira, a atividade industrial contava com a mão de obra excedente das lavouras.
Com o aumento da população urbana, a demanda pelos bens de consumo industriais também se ampliou. Foi nessa época que a Ford instalou sua primeira montadora no país, para a produção dos carros modelo T. A Primeira Guerra Mundial foi outro fator que impulsionou a atividade industrial, uma vez que a importação de bens europeus precisou ser interrompida, abrindo espaço para os produtos nacionais.
3a fase – Era Vargas e o desenvolvimento industrial
Foi entre os anos de 1930 e 1950 que a indústria brasileira atingiu outro patamar de desenvolvimento. Até o momento, a industrialização no Brasil era focada, principalmente, na produção de bens de consumo, mas foi na Era Vargas que os investimentos se voltaram para as chamadas indústrias de base.
As indústrias de base transformam matéria-prima bruta em produtos processados que podem ser utilizados por outros ramos da indústria. São essenciais para que um país tenha autonomia nas suas atividades industriais. Na época, desenvolveram-se principalmente os setores de transportes e de energia, além da mineração.
Grandes empresas como a Petrobras, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia do Vale do Rio Doce surgiram sob a gestão desse presidente. Além disso, foi durante o governo de Vargas que as primeiras leis trabalhistas foram implementadas no país. Vale destacar que a maioria das indústrias se concentravam na região Sudeste.
4a fase – Governo JK e as multinacionais
A 4a fase da industrialização brasileira começou nos anos 1950, com o governo de Juscelino Kubitschek, e dura até os dias atuais. É marcada pelo grande desenvolvimento e crescimento industrial, além de abertura econômica para a entrada de empresas multinacionais.
O governo JK investiu intensamente no setor industrial e no setor automobilístico. Foi por causa das políticas do presidente que o transporte rodoviário tornou-se o principal meio de deslocamento no Brasil, em detrimento das ferrovias e vias fluviais. Além de construir estradas, JK também incentivou a fabricação local de veículos, beneficiando empresas como a Ford.
A industrialização brasileira atualmente conta com sofisticados parques tecnológicos e investimentos internacionais. Há uma tendência em privatizar as empresas estatais e abrir espaço para as companhias estrangeiras. Embora a maior parte dos parques industriais ainda se encontre concentrado na região Sudeste, há um movimento maior de descentralização das empresas para outras partes do país.
Ford e a crise na indústria automotiva brasileira
O fim da produção nacional da Ford foi anunciada no dia 11 de janeiro e sinaliza a atual situação desfavorável da indústria automotiva brasileira. A crise de saúde mundial, que começou em 2020, foi um dos agravantes dessa situação.
Desde o governo JK, a indústria automobilística teve grande participação na nossa economia, tanto que atualmente o setor equivale a 22% do PIB industrial do país. No entanto, a queda na produção de veículos entre abril de 2019 e abril de 2020 foi de quase 45%. Com o fechamento das fábricas da Ford, cerca de 5 mil pessoas perderão seus empregos.
Devido à repercussão da saída da Ford e do impacto econômico e social, é possível que o caso apareça no seu vestibular em questões interdisciplinares ou como parte do tema de redação. Então, fique atento aos desdobramentos da situação!
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