Arte indígena na pré-história: como era e fatores históricos

Arte indígena na pré-história: como era e fatores históricos

A população originária do Brasil se estabeleceu aqui muito tempo antes da chegada dos portugueses. Inclusive, há sítios arqueológicos que apontam para a presença humana nas Américas durante o período pré-histórico. Nesse sentido, há indícios importantes sobre a arte indígena na pré-história brasileira. 

Este artigo tem como objetivo demonstrar os aspectos históricos, culturais e sociais da arte indígena na fase pré-histórica da humanidade. Note que este tema, além de ser importante para o conhecimento pré-vestibular, também é relevante para a formação social dos cidadãos, uma vez que permite uma compreensão mais consciente sobre os povos originários do Brasil e o valor histórico-cultural de suas existências para a formação do país como ele é atualmente. Continue lendo e aprenda mais.

Arte indígena pré-histórica no Brasil

Estudos demográficos e históricos apontam que a população de índios que viviam no Brasil no período antes do descobrimento ultrapassa cinco milhões de pessoas. Suas formas de vida, como eram diferentes da vivenciadas pelos europeus, foram consideradas “não civilizadas”. Atualmente, entretanto, é reconhecido que eles se organizavam em grupos específicos, dentro de uma cultura rica e diversificada. 

Nesse sentido, inclusive, essas produções consideradas artísticas, são uma forma de caracterizar cada tribo e povoado frente ao mundo. Assim, a construção da obra de arte trata-se muito mais de uma representação daquele povo como um todo, do que a expressão única de um artista, como é comum nos dias de hoje.

Dentro desse contexto de tribos e grupos indígenas, muitos objetos e materiais eram construídos e tinham esse aspecto que, aos olhos da sociedade ocidental clássica, são artísticos. Por outro lado, alguns historiadores defendem que os indígenas produziam artefatos para seu cotidiano, com funções específicas que não necessariamente tinham um caráter de arte. 

Muitos dos achados arqueológicos sobre a arte indígena na pré-história brasileira são utensílios, artefatos utilizados em rituais e celebrações, partes da vestimenta de um membro da tribo, enfim, diversos objetos que tinham funções específicas. A beleza atribuída ao material, muitas vezes, está relacionada com a busca por fazer objetos perfeitos para um momento mais ritualístico ou místico, por exemplo. 

Parte do que se considera arte indígena, em uma visão mais abrangente, também inclui as pinturas e adornos corporais. Muitas tribos possuem tradições históricas sobre um certo tipo de penteado, pinturas com materiais e cores específicas, formas de pintura corporal diferentes que permitem distinguir aquela cultura e sua crença no mundo. 

Materiais e elementos da arte indígena do Brasil

A arte indígena no Brasil, desde a pré-história, tem a característica de explorar diferentes materiais e substratos da natureza. Os objetos poderiam ser confeccionados com argila, madeira, miçangas, plantas, sementes, cipó, ossos, cascas de frutas (especialmente o côco), troncos de árvores, lascas de madeira, conchas, garras, dentes, entre outros conteúdos. 

Cerâmica marajoara

Entre todas as manifestações artísticas dos indígenas durante a pré-história, a cerâmica indígena é a mais notável e reconhecida. Na Ilha do Marajó, que fica no Pará, houve uma fase de grande produção desse tipo de arte. 

Os objetos produzidos eram, especialmente, para utilidade doméstica e momentos ritualísticos. No primeiro caso, há maior valorização da utilidade do que da beleza do material. Então os contornos eram mais simples e sem muitos adornos decorativos. Por outro lado, os vasos confeccionados para rituais sagrados e cerimoniais tinham um componente mais intenso de beleza, adornos, pinturas, gravuras e desenhos em relevo.

Há uma característica marcante na arte marajoara, que chama atenção para sua finalidade, que até hoje não foi bem compreendida. Algumas pequenas estátuas, imitando corpos humanos, foram encontradas e datadas dessa época, mas não se sabe se tinha caráter decorativo, místico  e/ou ritualístico.

Cerâmica de Santarém 

Todo o povo indígena que habitou o norte do Brasil, exceto os marajoaras, são agrupados em um grande complexo cultural chamado Santarém. Diante disso, os achados artísticos das regiões do Amazonas são considerados produção dos povos de Santarém.

Nessa região também houve uma predominância da confecção cerâmica, que também era composta por vasos e utensílios. Aqui, entretanto, há uma maior preocupação com o adornamento dos produtos. Os achados arqueológicos possuem figuras em relevo de corpos humanos esculpidos ao redor de sua estrutura, além de alguns animais que também compunham essa estrutura decorativa. 

Historicamente, a produção dos indígenas de Santarém era mais efervescente antes da chegada dos europeus. Depois, durante o processo de colonização, a confecção decaiu e muitos desses materiais se perderam no tempo e no espaço — isso demonstra a intensidade do processo de aculturação vivenciado pelos indígenas brasileiros. 

Plumas e máscaras

Os artefatos construídos com plumas e penas possuem um caráter de identificação dos indígenas em todo o território brasileiro. Embora o povo e a arte indígena não se resumem a esses elementos, os cocares, por exemplo, são uma representação artística puramente estética construída por tribos indígenas. 

Há preocupação com o tamanho, disposição das cores, combinação entre os tipos de penas, a busca por distribuir as penas em semelhança ao que é visto nas aves, entre outros fatores.

As máscaras, por sua vez, possuem um importante papel cerimonial. Elas são construídas por homens e utilizadas em danças e outros processos ritualísticos típicos de cada tribo. Muitas tribos consideram que esses objetos possuem um poder sobrenatural, uma força mística. 

Questão sobre arte indígena na pré-história 

Universidade do Estado do Amazonas (UEA) – 2018

Com o tempo, os agricultores amazônicos tornaram-se grandes ceramistas e desenvolveram culturas complexas e sofisticadas. Por seus objetos, podemos observar que eram povos dotados de uma imaginação poderosa, grandes artistas.

Uma de suas principais tradições cerâmicas, segundo os arqueólogos, desenvolveu-se sobretudo ao longo dos rios Tapajós e Konduri. Seu centro parece ter se localizado onde hoje está a cidade de Santarém. Quase nada sabemos sobre o povo de Santarém. Talvez tenham vivido há uns 2 mil anos, talvez pertençam à época mais recente e sejam antepassados dos índios tapajós.

arte indígena na pré-história brasileira

(Norberto Luiz Guarinello. Os primeiros habitantes do Brasil, 2009. Adaptado.)

A difusão da cerâmica entre alguns dos primeiros grupos habitantes da Amazônia 

A) revela o precário estágio de desenvolvimento tecnológico desses grupos, que provavelmente desconheciam o uso do fogo. 
B) confirma o caráter nômade desses grupos, pois os vestígios indicam com exatidão os períodos em que viveram em cada localidade. 
C) deriva do aprendizado de técnicas de artesanato, que provavelmente ocorreu nos contatos frequentes com povos estabelecidos nos Andes. 
D) relaciona-se ao domínio da agricultura, pois os potes provavelmente eram utilizados para transportar, guardar ou cozinhar mantimentos. 
E) associa-se ao esforço desses habitantes, que provavelmente não conheciam a escrita, para levar informações históricas a seus sucessores. 

Alternativa correta: D. 

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