A agricultura é uma atividade econômica de grande destaque para o Brasil e diversas outras nações. Para que os ganhos comerciais sejam maiores e significativos, é importante haver uma organização, recursos e administração efetivas. Para isso, foram criados os sistemas de produção agrícola.
Eles podem ser definidos como modos de organizar o plantio, colheita, distribuir as terras e realizar transações comerciais. Atualmente, existem dois tipos mais conhecidos, que se dividem conforme o público alvo, o destino da produção, a organização do trabalho e muitas outras características que serão abordadas ao longo deste artigo.
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Como são classificados os sistemas de produção agrícola?
As classificações mais comuns para os sistemas de produção agrícola levam em consideração uma agricultura intensiva, que gira em torno de maior produtividade, ou atividade extensiva, que tem menor produtividade por hectare, com menos investimentos e tecnologias associadas. Entenda melhor com os tópicos a seguir.
Sistema intensivo de produção
O sistema de produção agrícola considerado intensivo está intimamente ligado ao agronegócio. Tratam-se de fazendas com grande aporte tecnológico, maquinários bem desenvolvidos, produtos químicos de última geração — tudo isso com o objetivo de aumentar a produtividade por hectare, o que garante ainda mais lucratividade, sem a necessidade de estender a área de plantio.
Um exemplo clássico presente nas fazendas de agronegócio são os sistemas de irrigação, automatizados e preparados para regar os vegetais no tempo, maneira e quantidade necessária para o correto desempenho e crescimento da planta.
Para além da mecanização, que é marcante nessa modalidade, há também muito uso da ciência para a preparação correta do solo, adaptações no desenvolvimento das plantas. Com o advento da Revolução Verde no século XX, muitas inovações permitem o aumento da produção por área de terra: como sementes transgênicas que geram uma prole maior, plantas modificadas que suportam mudanças climáticas e solos de diferentes qualidades, entre outros exemplos.
Dentro do agronegócio, algumas características são marcantes e o diferenciam da agricultura extensiva:
- Mecanização e utilização de mão de obra mais especializada;
- Investimento na ciência e tecnologia;
- Uso de combustíveis e energia para o funcionamento de máquinas e equipamentos;
- Fertilizantes e insumos para correção e tratamento do solo;
- Estufas para o controle do crescimento;
- Produção em grandes propriedades, conhecidas como latifúndios;
- Plantação em monocultura, ou seja, uma só espécie em um terreno de grande tamanho; e
- Tendência para a exportação comercial.
Com tantas tecnologias e ferramentas empenhadas durante o processo de preparação, plantio e colheita, o sistema de produção agrícola intensivo sofre menos com as influências do clima, características do solo e pragas.
Afinal, a plantação fica mais protegida contra os fatores externos, ao mesmo tempo em que pode se estabelecer em diferentes territórios — esses elementos são essenciais para a produtividade e lucratividade próprias da economia capitalista.
Sistema extensivo de produção
Na contramão do que foi observado para a agricultura extensiva, o sistema de produção agrícola extensivo tende ao menor investimento financeiro e menor uso de insumos e tecnologias. A mão de obra empregada, as técnicas e os resultados são característicos de um plantio familiar, que segue os padrões tradicionais de agricultura.
Geralmente, o plantio é realizado por trabalhadores rurais, e o uso de insumos, agrotóxicos, pesticidas e fertilizantes é mínimo, quando comparado com o sistema intensivo. Naturalmente, sem essas técnicas, a produtividade encontrada nesses campos é menor.
Ainda assim, a produção de pequena escala não é um grande problema, porque muitos desses plantios visam a sobrevivência de uma família ou comunidade. Por isso, muitos autores consideram que o sistema de produção extensivo relaciona-se com uma agricultura de subsistência.
Em geral, as lavouras estão empregadas em pequenas propriedades, mas não há nenhuma restrição de que a agricultura extensiva ocorra em fazendas maiores — a diferença será na demanda de mão-de-obra, que deverá ser numerosa, para suprir todas as etapas do plantio, irrigação e colheita.
Dentre as características do sistema agrícola extensivo podem ser mencionados:
- Pouco investimento econômico;
- Emprego mínimo de tecnologias e produtos para correção do solo;
- Maior suscetibilidade aos eventos climáticos e/ou outros fatores externos;
- Dependência das características do solo para um correto desenvolvimento da lavoura;
- Baixa produtividade por área de plantio, quando comparado ao modelo intensivo;
- Mão de obra pouco especializada, mas numerosa, porque participa de diferentes fases da produção;
- Plantio de diferentes espécies, ou seja, policultura;
- Comercialização no mercado interno, com pouca tendência à exportação; e
- Rotação do plantio em diferentes áreas do solo, permitindo o descanso e recuperação da fertilidade daquela região.
Sistemas de produção agrícola e meio ambiente
Atualmente, há uma preocupação global com as questões ambientais. Nesse âmbito, é importante analisar criticamente os sistemas de produção agrícola e avaliar os pontos de vantagens e desvantagens, do ponto de vista ambiental e social.
O sistema de produção intensivo tende à maior produtividade, o que pode ser benéfico nos sentidos econômico e social, porque cumpre um papel de ofertar alimentos em diferentes ambientes e regiões — que antes sofriam com baixa disponibilidade de nutrientes.
Por outro lado, no contexto de sustentabilidade, o sistema intensivo agride mais diretamente o ecossistema ao redor. O uso de maquinários e combustíveis fósseis já é uma fragilidade, pela emissão de gases poluentes.
Ainda, os insumos e pesticidas utilizados na plantação penetram a terra e atingem os lençóis freáticos e nascentes aquáticas — muitas vezes são substâncias nocivas à saúde humana e aos corpos hídricos, prejudicando a qualidade de um recurso natural essencial e não renovável.
O agronegócio tende a não utilizar a técnica de rotação de terras, então não há tempo para a recuperação do solo. Assim, regiões exploradas intensivamente podem ficar inférteis e pobres de nutrientes ao longo do tempo.
No caso do sistema extensivo, esses danos ambientais ocorrem em menor escala, pois o tempo, ambiente, clima e características do ecossistema são respeitados. Embora haja técnicas e meios de favorecer o plantio, não há uma manipulação intensa do ambiente que possam ser tão prejudiciais quanto os fatores listados para o agronegócio.
Agricultura orgânica
Uma alternativa interessante, que permite uma atividade agrícola mais voltada à sustentabilidade ambiental, é a agricultura orgânica. Nessa modalidade, o sistema de produção é extensivo, mas outros elementos de produção ambiental são adotados.
Por exemplo, busca-se um uso racional e consciente da água, sem desperdícios e uso intensivo. Os defensivos agrícolas são dispensados, utilizando meios do próprio ecossistema para vencer os desafios do plantio — respeita-se as características do ambiente, optando-se pelo cultivo das espécies mais adaptáveis, considerando o relevo, clima, solo e a vegetação nativa.
A adubação é feita organicamente, sem manipulações tecnológicas, ao mesmo tempo em que sementes e plantas modificadas e/ou transgênicas são dispensadas. Por fim, há uma produtividade em menor escala, mas uma preservação do solo, meio ambiente e espécies da região.
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