Toyotismo: o que é, just in time, contexto histórico e mais!

Toyotismo: o que é, just in time, contexto histórico e mais!

Pouco estoque, pequenos espaços, produção mais personalizada: essa é a proposta do toyotismo, modelo produtivo que surgiu na Terceira Revolução Industrial como uma alternativa ao fordismo, que já não se mostrava muito rentável, devido a acumulação de produtos e repetição exaustiva de processos de seus trabalhadores. 

Se você quer conhecer mais sobre o toyotismo e suas características, quais as formas de produção proposta pelo sistema, além de entender o contexto histórico do surgimento, continue lendo este artigo.

Além da importância para os vestibulares, por ser um tema recorrente em questões e um ótimo argumento para redações, compreender a mentalidade toyotista é relevante para a formação cidadã e econômica. Vamos lá?

O que é toyotismo?

O toyotismo é um sistema produtivo de origem japonesa, formulado por Shigeo Shingo, Taiichi Ohno e Eiji Toyoda, para otimizar a fabricação nas indústrias da Toyota, nas últimas décadas do século XX. O nome do modelo, então, surge a partir da marca “Toyota”. 

O método de produção apareceu como uma alternativa à situação sócio-histórica do Japão depois da Segunda Guerra Mundial. Além disso, pode ser considerado uma solução para uma das principais causas que originaram a Crise de 1929, como veremos a seguir. 

O objetivo essencial do toyotismo é uma fabricação de baixo custo, que atenda às necessidades do cliente, sem utilização de um espaço enorme para o armazenamento de estoque — por ser um país com pouca extensão territorial, esse era um fator importante na concepção toyotista.

Características do toyotismo

Considerada a finalidade do modelo, vamos observar algumas características importantes desenvolvidas pelos japoneses:

Just in time e redução de estoque

Para concluir suas ambições, os idealizadores do toyotismo montaram um sistema de fabricação conhecido como just in time, ou seja, “bem na hora”. Isso significa que os produtos eram feitos apenas sob demanda, sem a construção de diversos materiais que ficariam estocados em um grande galpão, por exemplo.

Produção diversificada

Além disso, a montagem das mercadorias poderia ser mais personalizada e atender, particularmente, as demandas de um cliente. Nesse sentido, já não são mais utilizadas as famosas esteiras do fordismo — aqui, o material já não é mais padronizado. 

Automatização

Uma das estratégias do toyotismo é utilizar ao máximo a tecnologia para favorecer a produção, tanto em termos de organização como nas etapas produtivas. Nesse sentido, as linhas de montagem passam por um processo de automatização. 

Mão de obra qualificada

Os toyotistas contratavam uma mão de obra qualificada, multifuncional e especializada nas tecnologias. A ideia é utilizar o conhecimento para otimizar cada vez mais o processo produtivo.

Então, com as automações, perde-se a imagem do ser humano semelhante à máquina. Essa ideia, que era tão presente durante o período fordista (como mostra o filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, dá lugar a um colaborador mais inteirado na produção, que contribui mais para a transformação da fábrica.

Qualidade dos produtos

O grande chamariz do toyotismo, para os clientes, é a personalização e qualidade das mercadorias oferecidas. Para garantir tal característica, a Toyota e seus colaboradores se dedicaram a diversos estudos de mercado e satisfação para aprimorar cada vez mais sua produção e oferta.

Inclusive, o padrão de qualidade estabelecido pela Organização Internacional de Normalização (do inglês, ISO — International Organization for Standardization), foi criado a partir do modelo toyotista. 

Normas Iso - consequências do toyotismo
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Essas normas determinam normas e testes para os bens e serviços. Se o produto estiver dentro do padrão especificado, ele pode receber uma certificação importante para a comercialização, segurança dos consumidores, maior confiabilidade das informações de rótulo e etc.

Redução de custos

Agora que conhecemos as principais características do toyotismo, vamos entender como todo esse arcabouço produtivo contribuiu para a redução de custos?

A verdade é que, o investimento em automação e mão de obra qualificada torna-se lucrativo. Com a constante evolução, observação e inspeção das mercadorias, elas são entregues em alta qualidade e até mesmo personalizadas, algo que permite uma correta precificação.

Além disso, os gastos com um grande espaço territorial já não é mais necessário, já que os estoques são reduzidos ao mínimo possível.

Diante disso, podemos relembrar uma das principais causas da Crise Financeira de 1929: a superprodução e acúmulo de estoque. Veja que, aqui, o toyotismo surge como uma alternativa — evita-se que algo semelhante aconteça novamente.

O toyotismo começou a se espalhar pelo mundo por volta da década de 1970, quando crises de petróleo e a Guerra Fria estavam colocando em dúvida toda a ideia do sistema capitalista.

O toyotismo tem desvantagens?

Assim como todos os modelos produtivos, o toyotismo tem suas vantagens e desvantagens, conforme a visão ou contexto em que está inserido.

Alguns críticos apontam que o uso maciço da tecnologia e a grande seletividade na mão de obra favorecem um crescimento dos níveis de desemprego. Sabemos que, com isso, o trabalho informal aumenta significativamente e a qualidade de vida da população pode se desgastar.

Além disso, o toyotismo depende essencialmente da importação de matéria prima, o que pode ser perigoso em épocas de restrição do transporte de materiais ou problemas de relações comerciais com outras nações, por exemplo.

Fordismo x toyotismo

FordismoToyotismo
Produção em linha de série, com produtos padronizadosProdução flexível, modelo just in time, produtos sob demanda
Estoque de um mesmo produto em grande quantidadeProdução conforme pedidos e demanda
Um operário é responsável por uma parte da produçãoOperário multifuncional e qualificado

Questão sobre toyotismo no Enem

(Enem 2021) O toyotismo, a partir dos anos 1970, teve grande impacto no mundo ocidental, quando se mostrou para os países avançados como uma opção possível para a superação de uma crise de acumulação.

ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo, Boitempo. 2009 (adaptado).

A característica organizacional do modelo em questão, requerida no contexto de crise, foi o(a)

a) expansão dos grandes estoques.
b) incremento da fabricação em massa.
c) adequação da produção à demanda.
d) aumento da mecanização do trabalho.
e) centralização das etapas de planejamento.

Alternativa correta: letra C.

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