As treze colônias inglesas: formação, diferenças e organização política

As treze colônias inglesas: formação, diferenças e organização política

Entenda como se formaram as Treze Colônias Inglesas, diferenças regionais, organização política e o caminho que levou à crise com a Inglaterra

O estudo das Treze Colônias Inglesas ajuda a compreender as origens sociais, econômicas e políticas dos Estados Unidos. A colonização inglesa ocorreu tardiamente, em meio a transformações profundas na Inglaterra que impulsionaram a migração para a América.

As colônias desenvolveram modelos regionais distintos e instituições próprias, marcadas por grande autonomia e participação local. Essas características moldaram a vida colonial e consolidaram ideais que futuramente alimentariam o processo de independência.

Nesse texto, você vai entender como se formaram as Treze Colônias Inglesas, diferenças regionais, formas de organização política e o caminho que levou à crise com a Inglaterra e à futura independência. Acompanhe abaixo.

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O contexto da colonização inglesa

A expansão inglesa foi impulsionada por profundas transformações internas. O país vivia o avanço do processo de urbanização e o êxodo rural provocado pelos cercamentos, que expulsavam camponeses de suas terras.

Esse processo gerava pobreza e tensões sociais nas cidades e os indivíduos passaram a ser vistos pela elite como indesejados. A solução foi enviar órfãos, mulheres, camponeses sem terra e trabalhadores urbanos pobres ao novo mundo.

Para muitos grupos religiosos, as colônias representavam a chance de construir sociedades baseadas em seus princípios. Assim, a migração foi uma opção para puritanos, quakers e outros dissidentes protestantes que buscavam liberdade de culto diante das perseguições na Inglaterra.

Diferentemente do modelo ibérico, em que a Coroa controlava diretamente o processo, as colônias inglesas nasceram de concessões reais a empresas privadas. Assim, esse processo ficou a cargo das Companhias de Comércio, como a Companhia de Londres.

Isso gerou um modelo mais flexível, com maior liberdade local. A autonomia foi reforçada pela política conhecida como Negligência Salutar, que permitiu às colônias se governarem quase sem interferência direta da Inglaterra.

O Ato de Navegação de 1651, que garantia o monopólio comercial inglês, era um dos poucos controles rígidos sobre as colônias. Permitiu, portanto, que elas construíssem instituições próprias e desenvolvessem economias independentes.

+ Veja também: Colonização espanhola: contexto histórico e características 

Diferenças regionais e tipos de colonização

As Treze Colônias não formavam um bloco homogêneo. Nesse contexto, as diferenças entre Norte, Centro e Sul moldaram a formação dos futuros Estados Unidos.

Colônias do Norte (Nova Inglaterra)

Compostas por Massachusetts, Connecticut, Rhode Island e New Hampshire, predominou alí a colonização de povoamento. O clima semelhante ao europeu facilitou a adaptação dos colonos e atraiu famílias inteiras de migrantes.

A mão de obra era majoritariamente livre, e a sociedade era marcada pela forte influência da moral puritana: trabalho duro, disciplina e vida comunitária. A economia era diversificada e voltada principalmente para o mercado interno.

Além da agricultura familiar, pesca, extração de madeira e construção naval, a proximidade das florestas com o litoral estimulou o surgimento de estaleiros. Assim, a região garantiu participação ativa no comércio marítimo.

O Norte, portanto, desenvolveu o comércio triangular. Essa modalidade envolvia o envio de rum, a compra de melado nas Antilhas e a troca desses produtos por pessoas escravizadas trazidas da África.

Colônias do Centro

Incluíam Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia e Delaware. Essa região era um ponto de equilíbrio entre Norte e Sul, tanto econômica quanto socialmente. A agricultura coexistia com comércio intenso e pequenas manufaturas.

Outro fator de destaque era a grande diversidade étnica e religiosa. Destaca-se, por exemplo, holandeses, suecos, alemães e suíços entre os grupos que fundaram cidades e estimularam práticas de tolerância e convivência plural.

Colônias do Sul

Formadas por Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia, eram marcadas pela colonização de exploração. Nessas áreas, prosperou o sistema de plantation, baseado em latifúndios, monocultura e mão de obra escravizada.

A sociedade era fortemente hierarquizada e a economia era baseada na produção de tabaco, arroz, índigo e algodão, voltada ao exterior. Assim, precisavam comprar alimentos e outros bens das colônias do Norte e da própria Inglaterra.

Autonomia política e desenvolvimento institucional

Com a Negligência Salutar, cada colônia tinha sua casa legislativa, formada por colonos eleitos, como a famosa Casa dos Burgueses da Virgínia. Elas produziam leis locais e decidiam sobre impostos, algo impensável nas colônias ibéricas.

As ideias iluministas, especialmente de John Locke, influenciaram fortemente os colonos. Dentre os principais conceitos destacavam-se entre as elites locais a liberdade, o contrato social e direito de resistência ao governo injusto.

Já o Mayflower Compact (1620) foi um dos primeiros pactos de autogoverno da história moderna. Consistia em um acordo firmado pelos peregrinos antes de desembarcar em Plymouth e estabelecia que as decisões seriam tomadas pelo consenso dos colonos.

O fim da Negligência Salutar e a crise colonial

Após a Guerra dos Sete Anos (1756–1763), apesar de vencer a França e ampliar seu território na América do Norte, a Inglaterra acumulou grande dívida. Para pagar os custos, tentou aumentar a arrecadação e restabelecer controle rígido sobre as colônias.

Vieram então as chamadas Leis Intoleráveis:

  • Lei do Açúcar (1764): Taxava açúcar e produtos vindos das Antilhas;
  • Lei do Selo (1765): Cobrava selo obrigatório em documentos e impressos; e
  • Lei do Chá (1773): Concedia monopólio do chá à Companhia das Índias.

Essas medidas impunham impostos e monopólios sem consultar as assembleias coloniais. Os colonos reagiram com o lema: “No taxation without representation” (Sem representação, não há taxação).

A tensão cresceu com episódios como o Massacre de Boston (1770) e a Festa do Chá de Boston (1773). Neles, os colonos protestaram destruindo carregamentos de chá da Companhia das Índias Orientais, causando prejuízos à metrópole.

O Legado das Treze Colônias

A história das Treze Colônias explica a formação da identidade dos Estados Unidos. A autonomia política, o espírito de liberdade e a prática de autogoverno criaram as bases que culminaram posteriormente na Independência Americana.

Ao mesmo tempo, as profundas diferenças entre o Norte (urbano, industrial e de mão de obra livre) e o Sul (agrário, escravista e exportador) formaram o dualismo americano. Essa contradição marcou a história do país até culminar na Guerra Civil, no século XIX.

Questão do vestibular sobre as treze colônias

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O mapa mostra as Treze colônias inglesas na América do Norte, normalmente divididas entre norte, de Massachusetts até a Pensilvânia, e sul, a partir de Maryland até a Geórgia. Colonização de iniciativa particular no século XVI, as Treze colônias inglesas mantinham grandes diferenças entre si, sendo as principais entre o norte e o sul.

Dentre elas, podemos citar

A) o norte foi caracterizado por receber um grande fluxo de imigrantes ingleses, estimulados pelos cercamentos e pelas perseguições religiosas sofridas na Inglaterra, vieram para colônia e montaram grandes fazendas de açúcar, tabaco e algodão, voltadas à exportação para a Europa.
B) o sul abrigou colônias de povoamento, onde a pequena propriedade para subsistência e o trabalho livre foram predominantes.
C) a coroa inglesa se manteve presente nas Treze colônias, cobrando impostos e fundando a Companhia Geral do Comércio, órgão cuja competência era fiscalizar e manter o monopólio inglês sobre os produtos exportados pela colônia.
D) as colônias ao norte foram conhecidas pela exploração de matéria-prima que abastecia as manufaturas inglesas, contudo, a partir das revoltas de escravos e o início do trabalho assalariado, o valor das transações aumenta muito, tornando inviável para a Inglaterra continuar ligada às colônias.
E) as colônias do sul eram voltadas à exploração, possuíam um sistema de produção baseado no plantation, portanto, com trabalho escravo, monocultura e exportação.

Alternativa correta:

E

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