Cruzadas: o que foram, importância, contexto histórico e muito mais

Cruzadas: o que foram, importância, contexto histórico e muito mais

As Cruzadas são eventos históricos importantes da Idade Média envoltas em motivações religiosas, principalmente com o anseio cristão de tomar o que é considerado ‘Terra Santa’ (Jerusalém) para o cristianismo. 

Além dessa visão espiritualizada, o cenário também conta com pontos econômicos e militares, como a expansão de territórios e a criação de novas redes comerciais, devido à sua localização geográfica estratégica. 

Com viagens entre a Europa e o Oriente, as cruzadas são parte de um pontapé inicial para as mudanças sociais que viriam algum tempo depois, como o declínio do feudalismo e o estabelecimento de maiores atividades mercantis. Continue lendo este texto para saber mais sobre o contexto histórico dessas empreitadas militares. 

Contexto histórico

As Cruzadas representam um embate grandioso entre duas potências religiosas monoteístas: o islamismo e o cristianismo. 

O cristianismo é uma religião nascida a milhares de anos — os hebreus, da Mesopotâmia, são um grande povo precursor dessa fé. Pautados pela Bíblia, os cristãos acreditam em um só Deus, que enviou o seu único filho Jesus para o resgate dos humanos pecadores. Outro ponto importante é que, dentro dessa crença, as pessoas têm como parte de sua identidade a cidade de Jerusalém.  

Por sua vez, o islamismo nasceu por meio das pregações do profeta Maomé (Muhammad), que recebera revelações por parte do único deus desta religião: Alá. Rapidamente, a fé islâmica se difundiu ao redor do mundo oriental, com base nas palavras descritas no Alcorão. Certa vez, Muhammad teve uma passagem épica por Jerusalém, o que torna essa cidade sagrada para os fiéis.

Como ficou marcado acima, cada uma com suas peculiaridades, essas regras de fé tem como capital principal a cidade de Jerusalém, que fica no sul de Israel, em uma região montanhosa.

Com o passar do tempo, a presença dos islâmicos ao redor da Cidade Santa incomodou os cristãos. Assim, as cruzadas são resultados de um conflito de ideais religiosos, que partiu de uma atitude cristã em “tomar posse” da Terra Escolhida, que entendem como integrantes.

Uma das marcas desse momento é o uniforme dos soldados europeus, que carrega um emblemático símbolo de cruz, em referência à crucificação de Cristo. Essa característica conferiu ao movimento o nome de Cruzadas.  

Na época em que ocorria, entretanto, o termo mais comum seriam Guerras Santas ou Peregrinações. Do outro lado do mundo, os povos do Oriente Médio consideravam as empreitadas como invasões europeias.

Para impulsionar a participação popular no movimento, a Igreja prometia aos fiéis que os participantes das Cruzadas teriam direito a indulgências, como a garantia de um lugar exclusivo no paraíso.

Principais cruzadas

Antes da Primeira Cruzada oficial e organizada por autoridades eclesiásticas, houve uma movimentação extraordinária, em que um monge reuniu mulheres, crianças e idosos para dar início à luta por Jerusalém — essa ocasião ficou conhecida como Cruzada Popular ou dos Mendigos. 

Devido ao despreparo e até mesmo falta de recursos financeiros, a expedição não perdurou muito tempo após completar a travessia entre a Europa e o Oriente Médio. 

Primeira Cruzada (1096–1099)

Em 1096, então, ocorreu a Primeira Cruzada oficial. Esse movimento foi ordenado pelo Papa Urbano II, com a chamada dos nobres europeus para lutar contra os opositores da fé cristã.

Esse movimento foi capaz de conquistar Jerusalém e alguns outros territórios próximos a ela, como o condado de Edessa, Trípoli e Antioquia.

Segunda Cruzada (1147–1149)

Alguns anos mais tarde, após um período de silenciamento nas Cruzadas, os muçulmanos conseguem retomar o domínio sobre alguns dos territórios anteriormente conquistados pelos cristãos. 

Em retaliação a isso, foi convocada a Segunda Cruzada pelo Papa Eugênio III. A forma como o movimento se organizou demonstra que os cristãos combatentes tinham conflitos entre si, o que atrapalhava a coesão da empreitada — dessa vez não foi possível assumir a posse da Cidade Santa.

Terceira Cruzada (1189–1192)

Novamente Jerusalém foi ocupada por islâmicos, na figura do sultão Saladino. Foi então que foi organizada a Terceira Cruzada, que contou com a participação de muitos reis importantes, como Frederico Barbarruiva, do Sacro Império Germânico e o rei Filipe Augusto, da França. 

Nessa ocasião algumas cidades orientais foram dominadas, e após intensas lutas com o exército de Saladino, foi acordado que Jerusalém estaria sob comandos islâmicos, mas com abertura para as peregrinações cristãs — o acordo foi mediado, principalmente, pelo rei Ricardo ‘Coração de Leão’, da Inglaterra.

Quarta Cruzada (1202–1204)

Diferente do cenário apresentado até aqui, a Quarta Cruzada representa uma cisão dentro do próprio movimento cristão. O Papa Inocêncio III, embora envolvido, não foi o grande organizador dessa expedição: ela tinha algumas motivações mais comerciais e políticas do que religiosas — por isso ficou conhecida também como Cruzada Comercial.

Das Crianças (1212)

Diante de muitas crenças e lendas, entende-se que a Cruzada das Crianças aconteceu com base na ideia de que apenas as almas puras seriam capazes de recuperar Jerusalém. 

Muitas crianças foram enviadas na expedição, que não foi bem sucedida e resultou em muitas mortes por desnutrição, hipotermia e, acredita-se, que até mesmo casos de escravização infantil ocorreram nesse cenário.

Quinta Cruzada (1217–1221)

Na Quinta Cruzada, convocada novamente por Inocêncio III, os cruzados aproveitaram um momento de fragilidade egípcia para dominar esse país e depois tentar atacar os islâmicos em Jerusalém.

Grande parte do plano já estava executada, mas as divisões dentro do próprio exército cristão ocasionaram um enfraquecimento e deu espaço para um contra-ataque bem sucedido pelos oponentes orientais.

Sexta Cruzada (1228–1229)

A Sexta Cruzada ocorreu segundo as ordens de Frederico II. Em meio a expedição esse homem foi excomungado pelo papa, o que culminou na derrota da cruzada, pois muitos soldados abriram mão do movimento.

Entretanto, Frederico II conseguiu um acordo com um sultão, conquistando a posse de Jerusalém por cerca de uma década.

Sétima Cruzada (1248–1254)

A Sétima Cruzada aconteceu sob os comandos de Luís IX, com a conquista de cidades egípcias, mas o rei acabou aprisionado pelos islâmicos, com necessidade um resgate de milhares de moedas de ouro.

Oitava Cruzada (1270)

A próxima cruzada oficial, a Oitava Cruzada, também se desenvolveu após as ordens do rei Luís IX. Dessa vez, o rei foi acometido pela peste negra (não existe comprovação documental, mas é a hipótese mais aceita) e morreu, o que pôs fim na expedição. 

Nona Cruzada (1271–1272)

Na última expedição cruzadística, o rei inglês, Eduardo assume o desafio de ir até o Oriente. Em meio a isso, seu pai faleceu e ele deixou a Nona Cruzada para assumir o trono e, mais uma vez, os cruzados não obtiveram sucesso.

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Consequências e importâncias

A forma como as Cruzadas se construíram ao longo do tempo reforça a rivalidade entre os islâmicos e os cristãos. Mas, ao mesmo tempo, o contato entre Oriente e Ocidente se tornou mais sólido nesse período, além de que novas rotas comerciais foram traçadas, o que foi bom para a evolução econômica em ambas as regiões.

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