Entradas e bandeiras: conceitos, características e diferenças

Entradas e bandeiras: conceitos, características e diferenças

Entradas e bandeiras são dois tipos de expedições realizadas durante o Brasil Colonial, mais especificamente próximo ao Ciclo do Ouro, quando o território estava envolvido em uma busca intensa por mais e mais minas de metais preciosos. Leia este artigo e saiba mais sobre o assunto!

Contexto histórico

Como mencionado anteriormente, as viagens do tipo entradas e bandeiras são típicas do período colonial. É válido ressaltar que, no momento da chegada dos portugueses, a maior povoação ocorreu no litoral nordestino e depois se expandiu para outras áreas litorâneas. Isso significa que os europeus ainda não tinham ocupado efetivamente as regiões interioranas.

Nos dois primeiros séculos da colonização, as principais atividades econômicas foram a exploração do pau-brasil, inicialmente, e o ciclo do açúcar, algum tempo depois. No século XVII, entretanto, a exportação de açúcar entrou em decadência, devido à competitividade comercial com outros países, como a Holanda. 

Diante disso, os colonizadores precisavam encontrar outra fonte de renda proveniente da colônia brasileira. Em momento oportuno, então, foram descobertas algumas minas de ouro na região do estado de Minas Gerais.

É necessário mencionar que, até pouco tempo antes, os lusitanos estavam impedidos de adentrar boa parte do interior do Brasil, devido às regras impostas pelo Tratado de Tordesilhas. Então, no fim do século XVI, a Espanha uniu-se a Portugal (União Ibérica). Com isso, o acordo já não fazia mais sentido e permitiu mais liberdade e autonomia aos colonizadores do Brasil.

Com as circunstâncias favoráveis à sua lucratividade, a metrópole portuguesa empenhou-se em desenvolver um modo de encontrar mais minas e fontes de riqueza. De maneira oportuna, os lusitanos notaram que durante o caminho encontrariam populações nativas indígenas, então decidiram que as expedições também seriam úteis para a captação de mão de obra escravizada. 

Ao mesmo tempo que a metrópole buscava lucros e prestígio frente às nações mundiais, havia pessoas no Brasil com interesse em lucratividade dentro da colônia. Então, eles iniciaram expedições particulares, que geralmente partiam de São Paulo em direção ao interior. 

+ Veja também:  Ciclos Econômicos do Brasil: café, ouro, Pau-Brasil e a cana

Conceito e diferenças: entradas e bandeiras

Embora ambos os termos sirvam para designar expedições em direção ao interior brasileiro, existe uma grande diferença conceitual entre eles. As entradas significam as viagens que foram patrocinadas e assistidas pela Coroa Portuguesa, tinham como característica esse interesse duplo em recursos naturais e também na escravização humana. 

Por outro lado, o termo “bandeiras” é utilizado para indicar as expedições particulares. Os viajantes que partiam nessas missões eram chamados de bandeirantes e, atualmente, em vários estados do Brasil, principalmente São Paulo, as rodovias possuem seus nomes. 

Entradas

Embora as entradas tenham ficado mais populares durante o século XVII, é sabido que a Coroa financiava tais expedições desde o início da colonização. Entre as mais relevantes estão as entradas realizadas por Américo Vespúcio, que encontrou pela primeira vez o território da Vila de São Vicente (SP) e depois Martim Afonso de Sousa, que fundou e nomeou o lugar dessa forma.

Em algumas entradas é notória a presença de padres jesuítas, que também eram enviados com a missão de catequizar os indígenas durante o processo de colonização. Outras funções importantes dessas missões era a proteção contra possíveis invasores estrangeiros ou nativos que não se rendiam ao domínio colonial

No século XVII, por fim, as entradas tinham realmente a maior importância em buscar pedras preciosas. Os expedicionários estavam a mando da Coroa, mas eram mesclados entre cidadãos portugueses e brasileiros que trabalhavam para suas províncias, servindo à Metrópole indiretamente.

Bandeiras

Nas expedições dos bandeirantes, a rota era relativamente clara: partia-se da capitania São Paulo em direção ao interior sertanejo do Brasil. Embora o destino fosse parecido, os caminhos eram traçados de maneira diferente, e são responsáveis pelo trajeto de inúmeras rodovias do Estado de São Paulo. 

As bandeiras podem ser classificadas conforme seus objetivos. Quando o único alvo era encontrar metais preciosos, as expedições eram nomeadas como de prospecção. Se a ideia era aprisionar indígenas para a mão de obra, então eram bandeiras de apresamento

Um outro tipo peculiar de bandeiras deve ser citado, está relacionado com a mão de obra escravizada dos africanos. Muitas vezes, eles fugiam dos engenhos e montavam comunidades de refúgio e resgate, chamadas de quilombos. Então, foram criadas bandeiras de contrato que tinham como objetivo a captura dos fugitivos e destruição de quilombos.

Os bandeirantes são reconhecidos por sua maneira atroz de agir para amedrontar e chantagear os indígenas, por exemplo, para alcançar seus objetivos. Bartolomeu Bueno da Silva, responsável por chegar até as regiões do Centro-Oeste brasileiro, utilizou ameaças com fogo para fundar vilas e se estabelecer ali. Outro nome muito mencionado é Manuel Borba Gato, o expedicionário que atuou na região das Minas Gerais.

Consequências das entradas e bandeiras

Como é de se esperar, as entradas e bandeiras foram importantes e determinantes para a expansão do território brasileiro e, consequentemente, da área de colonização para a Metrópole portuguesa. 

Em termos políticos, é notável a grande influência dessas expedições: com a descoberta de minas de ouro e outros metais preciosos, o polo econômico do país alterou-se do nordeste para o sudeste. Diante disso, politicamente, era mais relevante estar nesta região, obtendo maior controle, fiscalização e domínio sobre os acontecimentos. Isso culminou com a transferência da capital do Brasil de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro. 

Ainda em questões políticas, o ciclo do ouro relaciona-se com um enfraquecimento dos laços coloniais no Brasil. Com a alta lucratividade fornecida pelos metais preciosos, os portugueses interessavam-se cada vez mais na exploração das minas e na arrecadação massiva de impostos. 

A taxação e fiscalização excessivas trouxeram grande repulsa à população, que já estava influenciada por ideias liberais que circulavam por todo o mundo. Afinal, o contexto histórico está cercado de revoluções e movimentos liberalistas, como a Revolução Francesa e a independência das 13 colônias nos Estados Unidos da América. 

É importante mencionar, também, que há um movimento atual de questionamento a respeito das entradas e bandeiras. Especificamente a ação dos bandeirantes contra os indígenas que foi genocida e buscava políticas de integração forçada e extermínio em caso de recusa à fé cristã e a outros costumes portugueses. 

Diante disso, em 2021, um grupo de manifestantes derrubou a estátua de Borba Gato que estava localizada em Santo Amaro (SP). Os revoltosos questionaram se é válido homenagear a imagem de um homem que esteve envolvido em atrocidades contra os nativos brasileiros. Esse olhar crítico permeia a sociedade atual e deve ser levado em consideração para provas que possuam questões mais analíticas sobre o panorama histórico. 

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