Neocolonialismo: o que é, contexto histórico, causas e consequências

Neocolonialismo: o que é, contexto histórico, causas e consequências

Entre os séculos XIX e XX, os continentes africano e asiático sofreram intensas intervenções sociais, políticas e econômicas, aplicadas a partir das grandes potências europeias. Essa época é conhecida como neocolonialismo, marcada por eurocentrismo e disputas comerciais marcantes entre as grandes nações. 

O objetivo deste artigo é descrever o contexto histórico, definições e características do neocolonialismo. Ainda, entenda as causas e consequências associadas com essa prática europeia que atingiu diversas regiões pelo globo terrestre. 

Esse assunto é relevante para a construção de uma crítica social diante de eventos históricos, de forma que pode ser utilizado para o repertório cultural nas redações; assim como o tema aparece em diversas questões de prova, de forma específica. Então, acompanhe também, a resolução de um exercício de vestibular sobre neocolonialismo.

O que é neocolonialismo?

O neocolonialismo é o nome dado à prática europeia que buscava a intensa exploração dos continentes africano e asiático, no sentido de conquistar matéria-prima, mercado consumidor e maior poder de comercialização ao redor do globo terrestre.

Grande parte das atitudes neocoloniais foram embasadas em teorias da época, que afirmavam uma superioridade de cultura e civilização entre os europeus. Muitos estudiosos propunham que a sociedade europeia estava em um nível superior na hierarquização das habilidades civis.

Com essas duas principais ideias o neocolonialismo se manifesta com a aculturação das populações africanas e asiáticas, o não respeito de suas identidades territoriais, além de apropriação dos bens materiais dessas regiões.

Contexto histórico e causas do neocolonialismo

Industrialização

O neocolonialismo surgiu em uma época próxima ao desenvolvimento da indústria na Europa, especialmente na Inglaterra. Lembre-se que a Segunda Revolução Industrial desenrolou-se no século XIX, quando houveram avanços tecnológicos que aumentaram a capacidade produtiva das indústrias, o que também indicava uma necessidade de mais compradores e mais fontes de matéria-prima para a fabricação dos produtos. 

Ao mesmo tempo, as matérias primas necessárias não eram encontradas em abundância no território europeu. Foi então que as grandes potências dedicaram-se a procurar esses substratos em outras regiões. 

Outro aspecto importante do contexto histórico é que as manifestações proletárias já se desenvolviam na Europa do século XIX. Então, era vantajoso encontrar um espaço em que houvesse mão de obra barata, associada com menores chances de organizações sindicais contrárias às condições de trabalho.

Todos esses aspectos poderiam ser supridos ao explorar outras regiões do globo, especialmente a África e Ásia. Parte desta estratégia de neocolonialismo está relacionada com as teorias de Darwinismo social que estavam em crescimento na Europa do século XIX. 

Essas ideias afirmavam que havia um processo de evolução das civilizações, que nasciam mal organizadas e primitivas, porém se encaminhavam para uma forma “mais evoluída” que seria, então, uma organização mais próxima da sociedade européia da época.

Ao assumir uma postura de hierarquia, a Europa alcançava essas localidades com uma ideia de “missão civilizatória”. Assim, eles eram responsáveis por levar a civilização para as outras regiões, mas esse processo levou à aculturação e genocídio de boa parte desses povos. Uma vez que suas religiões, políticas, organizações e princípios foram alterados de forma impositiva. 

Congresso de Viena

Inclusive, um importante evento do século XIX que marca o neocolonialismo é o Congresso de Viena, entre 1814 e 1815. Foi uma reunião que ocorreu após a derrota de Napoleão Bonaparte, uma vez que essa autoridade francesa praticou intenso imperialismo na Europa. 

Com o fim das guerras napoleônicas, o território europeu precisava ser reorganizado e os líderes de estados se reuniram com esse objetivo. Para além de alterações no continente, eles também notaram a necessidade de intervenção nos outros territórios.

Conferência de Berlim

Os conceitos que nasceram no Congresso de Viena foram consolidados na Conferência de Berlim, marcada pela partilha da África, Ásia e Oceania, nos anos de 1884 e 85. A grande questão é que os continentes foram redidividos entre as nações europeias, para que tivesse controle sobre as regiões, no sentido econômico, político, mas com influência também nas questões de costumes identitários. 

A Conferência aconteceu na capital alemã, liderada por Otto Von Bismarck, principalmente na intenção de organizar os interesses europeus, para que a competitividade entre as nações fosse mais “justa”, apesar de não considerar as necessidades dos países dominados.

Consequências do neocolonialismo

Uma das grandes consequências do Neocolonialismo, em relação à África, é que a partilha foi realizada sem considerar as características étnicas de cada localização. Como é um continente de de grandes dimensões, com divisões tribais, essa reorganização causou muitos conflitos. Uma vez que diferentes tribos, com diferentes visões e costumes — e até rivais — foram obrigadas a conviver, as consequências perduraram por muitos anos.

Assim como, a exploração dos territórios foi relevante, no sentido de retirar matérias-primas e riquezas naturais específicas de cada localização. Ao mesmo tempo, os povos se posicionaram, em busca por suas independências político-econômicas, o que causou efervescência no cenário mundial.

Simultaneamente, as potências europeias mantiveram a rivalidade comercial, devido ao desenvolvimento industrial e necessidade de fatores para propagar o mercado mundial. De certa forma, isso contribuiu para os elementos que culminaram na Primeira Guerra Mundial, já no século XX. 

Questões sobre neocolonialismo

(UFG-2012) Leia o texto a seguir.

Por mais que retrocedamos na História, acharemos que a África está sempre fechada no contato com o resto do mundo, é um país criança envolvido na escuridão da noite, aquém da luz da história consciente. O negro representa o homem natural em toda a sua barbárie e violência; para compreendê-lo, devemos esquecer todas as representações europeias. Devemos esquecer Deus e as leis morais.

HEGEL, Georg W. F. Filosofia de la historia universal. Apud HERNANDEZ, Leila M.G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. p. 20-21. [Adaptado]

O fragmento é um indicador da forma predominante como os europeus observavam o continente africano no século XIX. Essa observação relacionava-se a uma definição sobre a cultura, que se identificava com a ideia de:

a) progresso social, materializado pelas realizações humanas como forma de se opor à natureza.

b) tolerância cívica, verificada no respeito ao contato com o outro, com vistas a manter seus hábitos.

c) autonomia política, expressa na escolha do homem negro por uma vida apartada da comunidade.

d) liberdade religiosa, manifesta na relativização dos padrões éticos europeus.

e) respeito às tradições, associado ao reconhecimento do valor do passado para as comunidades locais.

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