Período entreguerras (1918-1939)

Período entreguerras (1918-1939)

Período entreguerras é o nome dado para o espaço de tempo entre o fim da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda Guerra Mundial. Historicamente, acontecimentos dessa época estão entre os elementos que motivaram o segundo conflito. 

A grande crise econômica dos Estados Unidos, o desenvolvimento do Tratado de Versalhes e suas repercussões, o surgimento de ditaduras totalitaristas em diferentes países da Europa estão entre os principais eventos do período entreguerras. 

Essas e outras ocorrências da época serão abordadas neste artigo, de maneira resumida, para criar um panorama geral de tudo que aconteceu desde 1918 até 1939, e qual a relação entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Continue lendo e aproveite!

O fim da Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial iniciou-se no ano de 1914, de forma que dois principais grupos tinham um embate entre si: 

  • Tríplice Entente, constituída que era constituída por Inglaterra, França e Rússia. Quase no fim do conflito, por volta de 1917, os Estados Unidos também se integrou ao grupo; e
  • Tríplice Aliança, em que estavam unidos Alemanha, Áustria e Itália — mas Itália não sustentou seu posicionamento e considerou mais favorável se alinhar com a Tríplice Entente ao longo da guerra. 

Como a guerra foi longa, no ano de 1917, a maior parte das nações envolvidas no conflito já sofreram desgastes econômicos, sociais e políticos devido aos gastos com as numerosas batalhas. Em consequência dessa progressiva fragilização, a Rússia optou por deixar os embates e, como fortalecimento para Tríplice Entente, os Estados Unidos da América resolveram participar da guerra. 

De certa forma, os Estados Unidos estavam em melhores condições do que seus aliados e também tinha importantes vantagens em relação aos inimigos, afinal, tinha entrado recentemente em uma guerra que já tinha uma duração de três anos. Diante disso, as ofensivas americanas sobre os alemães e o desgaste que já atingia os germânicos gerou a rendição dos alemães na Primeira Guerra Mundial.

Tratado de Versalhes e consequências

Quando a guerra se encerrou,  com a rendição germânica, as potências europeias se reuniram para instituir uma reorganização política da região, determinar quais seriam as consequências e punições para os perdedores, bem como definir as conquistas dos vencedores.

Durante a reunião, que aconteceu na França, no palácio de Versalhes, que fica em Paris, os líderes decidiram por aplicar sérias sanções às nações derrotadas da Tríplice Aliança. Entre as punições estavam: pagamento de altas indenizações aos vencedores, proibição da produção de materiais bélicos (o que diminuiria a potência armamentista dos perdedores). 

No quesito territorial, a Alemanha foi uma das nações que mais sofreu com as decisões do Tratado de Versalhes. Os germânicos foram determinados a ceder boa parte de seus territórios já conquistados, inclusive colônias na África, Ásia e até mesmo na própria Europa. 

À medida que tais imposições foram realizadas aos alemães, o país que já estava em grande sofrimento pelos gastos da guerra, entrou em um profundo declínio econômico. Mediante esse cenário, parte dos alemães passou a nutrir um sentimento de revolta e revanchismo em relação à França e outros países vencedores. 

Cenário americano no período entreguerras

Os Estados Unidos ganharam uma posição privilegiada no início do período entreguerras, afinal, eles entraram no final da Grande Guerra e ainda saíram como vencedores. Ou seja, o investimento bélico e humano dos americanos foi mínimo, quando comparado com os outros países.

Justamente por isso, tornaram-se um ponto de apoio e investimento para os outros países que também tinham acabado de sair do conflito. Mesmo as nações vencedoras também tinham suas reconstruções para fazer e foram, em grande parte, financiadas pelos Estados Unidos e boa parte dos produtos comercializados era proveniente dos americanos.

American way of life

Esse contexto favoreceu intensamente o desenvolvimento da economia americana no período entreguerras. A população passou a viver uma fase de “bons momentos”, em que o estilo de vida americano, chamado de “american way of life”, que fazia propagandas de uma vida consumista e luxuosa, como se a vida dos estadunidenses fosse um parâmetro único de como é a vida perfeita no sistema capitalista. 

Até mesmo a cultura americana fazia parte dessa imagem do estilo de vida americano as produções de cinema exaltam essa vivência em que a felicidade e plenitude social são encontradas a partir do nacionalismo, capitalismo e consumismo. 

Crise econômica de 1929 

À medida que o american way of life avançava, a população americana sofria ainda mais com a desigualdade social. Enquanto a elite desfrutava de um consumismo exacerbado, as classes sociais mais desfavorecidas sofriam com a desigualdade social e não tinham acesso àquela mesma vivência apresentada nos cinemas. 

A empolgação da elite americana com o cenário era tanta que eles passaram a produzir cada vez mais mercadorias, em série, sem um controle adequado de quanto realmente estava sendo vendido. Entretanto, como a desigualdade social era um problema real, pouco a pouco a elite já não tinha mais necessidade de comprar desenfreadamente um mesmo produto e o resto da população não tinha renda suficiente para adquiri-los. 

Foi então que os norte-americanos vivenciaram uma especulação econômica, porque os estoques eram mais abundantes do que a população estadunidense seria capaz de comprar e consumir em curto prazo. Na bolsa de valores, isso se refletiu como uma grande queda no valor das ações e, em outubro de 1929, houve uma quebra na Bolsa de Valores de Nova York, que deu início à crise econômica de 29, também chamada de Grande Depressão. 

Inclusive, a reorganização da sociedade estadunidense só foi iniciada após a criação de um programa governamental chamado New Deal, proposto pelo presidente americano Franklin Roosevelt. 

A ideia principal era apertar um pouco mais os cintos do capitalismo, de forma que o liberalismo, que a economia é livremente gerida pelo mercado, seria deixado de lado, para um modelo em que o Estado tivesse maior intervenção nas decisões econômicas. 

Nesse caso, o governo passou a fiscalizar as movimentações financeiras, controlar a produção de mercadorias e o armazenamento de estoque conforme as estatísticas econômicas. Ainda, como forma de gerar novas fontes de renda, o Estado financia obras públicas, o que gera mais emprego e fortalece a capacidade de compra da população e isso faz “o dinheiro girar” na sociedade.

Ascensão do totalitarismo

No período entreguerras e, principalmente, após a Crise de 1929, o capitalismo tornou-se muito frágil aos olhos da população. Muitos queriam encontrar uma via mais segura para a construção econômica e também tinham conflitos morais como herança da Grande Guerra.

Foi nesse cenário que surgiram ditaduras totalitaristas ao redor da Europa, inclusive em grandes potências como Itália, Alemanha e até mesmo Portugal. A população apegava-se ao discurso dos líderes e à sua figura como uma segurança em meio à instabilidade do pós-Guerra. 

Fascismo na Itália

Na Itália o fascismo iniciou-se ainda em 1919 e fortaleceu-se ao longo do tempo, conforme as crises do capitalismo se instalavam. O sistema econômico italiano durante o fascismo era o socialismo, como uma forma de escapar das incertezas capitalistas do período entreguerras.

O principal nome do regime foi Benito Mussolini, que instaurou um governo autoritário e violento. Ele chegou ao poder ainda em 1922 e, por meio de repressões violentas, conquistava seus objetivos, de forma que o regime manteve-se até 1943. 

Nazismo na Alemanha

O partido nazista na Alemanha, surgiu com base na ideia de que os judeus e outras pessoas não consideradas parte da etnia alemã eram a principal causa da situação econômica do país naquele momento. 

Além da base anti-semita, havia um discurso de que apenas Hitler e suas ideias poderiam resolver os problemas da sociedade germânica. Essa fala era comum entre as ditaduras totalitárias do século XX, em que o culto ao líder era um forte elemento. 

Conflitos militares no período entreguerras

Enquanto as grandes potências mundiais estavam com seus problemas, diversos outros conflitos ocorreram no período entreguerras em outros países, como Etiópia, China, Japão, Espanha, Albânia e outros. 

Entre esses combates, um que chama bastante atenção no cenário internacional é a Guerra Civil Espanhola, que iniciou-se em 1936 e terminou no mesmo ano em que houve a explosão da Segunda Guerra Mundial.

Essa guerra da Espanha representa bem os conflitos ideológicos da época, em que o capitalismo tinha seu valor histórico, ao mesmo tempo em que muitos temiam a insegurança apresentada pelo sistema econômico e propunham o modelo socialista como solução para a sociedade espanhola. O debate foi suficientemente intenso para gerar uma guerra civil entre republicanos, com cunho mais socialista, e os nacionalistas, que apoiavam o liberalismo e o nazifascismo. 

Caminho para a Segunda Guerra Mundial

Conforme os tópicos apresentados ao longo do texto, o período entreguerras foi marcado pelas consequências da Primeira Grande Guerra e também por um sentimento de revolta contra aqueles que venceram esse primeiro embate, especialmente por parte dos alemães. 

Nesse contexto, os germânicos, guiados pelo líder nazifascista Adolf Hitler iniciaram um grande processo expansionista em toda a Europa. A ideia era criar um espaço vital, um local em que somente alemães (ou arianos) convivessem, sem qualquer outra etnia se desenvolvendo no território.

Por vezes, as nações cediam às exigências alemãs. Acredita-se que algumas delas faziam concessões apenas para evitar um novo conflito, porque mesmo os vencedores sofreram muitas consequências após a Primeira Guerra Mundial.

De toda forma, as investidas diplomáticas não foram suficientes para apaziguar os ânimos no continente europeu. Em setembro de 1939, os alemães invadiram a Polônia e, para honrar um acordo feito entre os países, a Inglaterra e a França precisaram defender os poloneses, o que deu início à Segunda Guerra Mundial.

Questões sobre período entreguerras

ACAFE (2023)

Os regimes fascistas tiveram lugar na Europa durante o século XX, especialmente nas décadas de 1920, 1930 e 1940. Sobre esse tema, assinale a alternativa que representa uma característica comum aos regimes fascistas do século XX na Europa, e que contribuiu para sua ascensão e estabilidade no poder:

A) A pluralidade política e a garantia de espaço para a atuação de partidos e movimentos contrários ao governo.
B) A preservação da liberdade individual e do Estado de Direito, mesmo com a concentração do poder político nas mãos do líder.
C) A propaganda e a manipulação da opinião pública, como formas de criar uma identidade nacional forte e inimigos externos ou internos a serem combatidos.
D) A garantia de direitos humanos e de proteção às minorias, visando evitar a perseguição e a violência contra grupos vulneráveis.

Alternativa correta: C.

Estude para as provas com a Coruja!

Nos pacotes do Estratégia Vestibulares, você pode acessar trilhas estratégicas, que são compostas por cronogramas completos para te guiar sobre o que, como e quando estudar. Além disso, os Livros Digitais Interativos (LDIs) te ajudam durante todo o processo de aprendizagem, você ler, grifar e anotar e, quando precisar revisar, todas as informações estarão disponíveis.

A Coruja te proporciona tudo isso associado com aulas didáticas, que te dão a base de conhecimento necessário em todas as disciplinas. Clique no banner e saiba mais!

Você pode gostar também