Reformas Religiosas: protestante, contrarreforma e mais

Reformas Religiosas: protestante, contrarreforma e mais

A religião e a espiritualidade fazem parte da vida do ser humano desde os primórdios da existência. Nesse sentido, as crenças exercem forte influência sobre os indivíduos e sobre a sociedade. As reformas religiosas que ocorreram no século XVI, por exemplo, demonstram as dimensões da fé como instrumento social, político e econômico.

Ao considerar a relação entre esses aspectos, estudar a contextualização histórica das reformas religiosas é muito importante para a resolução de questões nos vestibulares. Por isso, a Coruja preparou um artigo que resume as principais informações sobre esse assunto. Confira!

Contexto histórico das reformas religiosas

Até o século XVI, a Igreja Católica tinha grande poder e influência sobre a sociedade europeia. Isso se dava, principalmente, pelo feudalismo clerical, que concentrava religiosidade, política e organização social nas autoridades religiosas. 

Com a degradação das bases feudais e a entrada no período Baixa Idade Média, muitas escolhas católicas passaram a ser questionadas e avaliadas pelos indivíduos. 

Além disso, a valorização da racionalidade, a ascensão da burguesia e do comércio, o posterior nascimento do capitalismo e a formação dos Estados Modernos influenciam em uma visão diferenciada do ser humano enquanto ser religioso.  

O renascimento cultural, que também se desenvolvia nessa época, era uma representação da ruptura entre o que a Igreja idealiza e o que a sociedade pratica. Assim, as ideias combativas às ordenações católicas foram se difundindo e nascem os ideais norteadores das reformas religiosas. 

O que são reformas religiosas?

A definição de reformas religiosas pode ser entendida como as transformações que um sistema consagrado sofre quando indivíduos idealizam e se mobilizam para a implantação de diferentes ideias e interpretações daquela religião. 

Nas reformas católicas do século XVI, os estudiosos se sentiram incomodados com atitudes indesejáveis da Igreja Católica, por exemplo:

  • Clero luxuoso que gozava de privilégios e ostentação;
  • Comercialização de cargos eclesiásticos;
  • Comercialização de objetos que simbolizavam a fé, situação chamada de simonia;
  • Explícito desrespeito ao celibato;
  • Venda de indulgências, ou seja, comercializar o perdão e a eternidade celestial.

Era um contexto de desmoralização e degradação da fé católica em prol dos interesses individuais. Nesse cenário, surgem novas maneiras de pensar, interpretar e vivenciar o cristianismo — essas são as reformas religiosas.

Reforma protestante

A reforma protestante foi uma reafirmação do cristianismo a partir de uma ruptura com os moldes da Igreja Católica. 

No ano de 1517, o monge Martinho Lutero, revoltado com a venda de indulgências e com os desvios éticos-morais da Igreja, criou 95 teses sobre sua interpretação da Bíblia e do cristianismo. 

Nesses textos, ele discorre sobre 

  • A salvação pela fé em Deus e não pelas obras efetuadas na terra,  como pregava a Igreja;
  • O livre arbítrio, em que defende uma liberdade baseada em Jesus como um modelo de ser humano;
  • A tradução da Bíblia para uma linguagem acessível, já que os cultos e textos estavam descritos em latim e criavam uma segregação entre fiéis e eclesiásticos;

Com essas teses, Lutero propaga ideias de liberdade de interpretação e vivência, o que diminuiria o controle exercido pelo clero.

Ele pregou os documentos na porta do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, os ideais se popularizaram e o Papa Leão X entrou em conflito com o monge. Ao fim do dilema, Lutero foi excomungado, ou seja, amaldiçoado pela Igreja. 

Além de motivações religiosas, questões políticas, econômicas e sociais influenciaram na trajetória do monge. Quando se viu questionado pela instituição religiosa, Lutero encontrou apoio e proteção na nobreza germânica. 

Os camponeses também se movimentaram em favor das teorias luteranas, mas buscavam uma divisão de terras mais no território alemão. Por ser protegido pela nobreza alemã, o monge se posicionou contrariamente aos movimentos camponeses, o que mostra uma influência político-econômica na reforma de Lutero.

Calvinismo

Com a propagação dos ideais luteranos, surgiram outros movimentos de reformas religiosas. O calvinismo, por exemplo, nasceu na Suíça, a partir de teorias do líder religioso francês João Calvino

Nessa vertente do protestantismo, o grupo social mais representativo era a burguesia europeia. Por isso, as concepções admitidas são voltadas para ideias mais capitalistas da vida.

Observa-se uma valorização do trabalho e a extinção dos vícios como instrumentos de glorificação a Deus. Ao mesmo tempo em que o acúmulo de riquezas indica uma predestinação para a salvação eterna. 

Percebe-se que a ruptura com a Igreja, nesse caso, se dá pela adequação de ideias às necessidades e contextos da classe social envolvida na liderança da reforma protestante suíça. 

Anglicanismo

Na Inglaterra, a reforma religiosa se relaciona com o Rei Henrique VIII. Por questões conjugais, ele opta por romper com a Igreja Católica por meio do Ato de Supremacia. Com isso, ele exerce poder religioso e não se submete mais à autoridade do papa. 

A partir disso, surge o anglicanismo, ramo da reforma protestante que se estendeu pela Inglaterra e é a religião predominante nesta área. 

Contrarreforma

Também chamada de reforma católica, a contrarreforma se posiciona como um movimento implantado pela Igreja, com o objetivo de conter o protestantismo e impulsionar os ideais do catolicismo clássico.

Por meio do Concílio de Trento, por exemplo, os dogmas da religião foram reafirmados, ao mesmo tempo em que foram estabelecidas novas normas e parâmetros para o comportamento da Igreja como instituição. 

Os principais aspectos da contrarreforma foram os movimentos de:

  • Moralizar: criou-se o Index — lista de livros proibidos porque continham pensamentos heréticos, que se opunham aos dogmas da Igreja;
  • Punir: o Tribunal da Santa Inquisição foi um instrumento de punição e retaliação a todos os indivíduos que se contrapunham aos preceitos católicos. Um exemplo conhecido foi Galileu Galilei, que foi condenado por propagar o heliocentrismo;
  • Expandir: criaram-se companhias de jesuítas, que tinham como finalidade espalhar o catolicismo nas Américas, com missões e catequeses, por exemplo.

Questão de Reformas religiosas

Agora que você já conhece as reformas religiosas e suas vertentes é importante treinar sua compreensão do assunto por meio de questões. A seguir, o Estratégia traz um exercício resolvido do vestibular da Unesp, confira!

UNESP 2016

As reformas protestantes do princípio do século XVI, entre outros fatores, reagiam contra

a) a venda de indulgências e a autoridade do Papa, líder supremo da Igreja Católica.
b) a valorização, pela Igreja Católica, das atividades mercantis, do lucro e da ascensão da burguesia.
c) o pensamento humanista e permitiram uma ampla revisão administrativa e doutrinária da Igreja Católica.
d) as missões evangelizadoras, desenvolvidas pela Igreja Católica na América e na Ásia.
e) o princípio do livre-arbítrio, defendido pelo Santo Ofício, órgão diretor da Igreja Católica

Uma das principais reivindicações das reformas protestantes era a oposição à venda de indulgências e à comercialização da fé. Por isso, a alternativa correta é a letra A.

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