Revolução Pernambucana de 1817: contexto e características

Revolução Pernambucana de 1817: contexto e características

Durante o período colonial, diversos movimentos separatistas eclodiram nas províncias brasileiras, como a Inconfidência Mineira, a Revolução Pernambucana e a Conjuração Baiana. Em comum, os revolucionários almejavam que seus territórios fossem separados do Brasil e regidos por um modelo republicano.

Todas elas são importantes para a compreensão do contexto histórico colonial no Brasil e no mundo, uma vez que as concepções e ideologias externas influenciavam diretamente no cenário da colônia brasileira. 

Neste artigo, você encontra informações mais detalhadas a respeito do panorama político do momento, as características da Revolução Pernambucana de 1817, bem como suas consequências.

Contexto histórico da Revolução Pernambucana

No início do século XIX, o Brasil ainda era uma colônia de Portugal e devido a isso, os produtos agrícolas e lucros econômicos eram predominantemente direcionados à metrópole portuguesa. Ao mesmo tempo, os colonos pagavam impostos para os colonizadores.

Diante disso, a insatisfação da população eclodiu na sociedade. Os primeiros indícios de revolta surgiram na elite colonial, que sentia-se lesada pelas intenções e ações da Coroa Portuguesa, que explorava os recursos brasileiros.

Nessa época, no mundo, as ideias iluministas eram cada vez mais difundidas. A Independência das Treze Colônias, nos Estados Unidos, e a Revolução Francesa foram importantes para fortalecer as ideias de liberdade propostas nessa teoria.

No caso da Revolução Pernambucana, o iluminismo foi descrito, explicado e difundido na cidade de Olinda. As reuniões em uma loja maçônica tratavam sobre esse tema e foram necessárias para o início do movimento. 

Para agravar a situação, os colonos ficaram insatisfeitos com a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808. A Corte transferiu-se para o território latino após problemas com o conquistador Napoleão Bonaparte.

O grande incômodo relaciona-se com o aumento dos impostos sobre os colonos, a partir da instalação do rei no Brasil. Grande parte desse dinheiro tinha o propósito de manter a vida luxuosa e glamurosa da família real, enquanto os habitantes do país estavam em condições precárias de vida. 

Por exemplo, a população de Recife estava encarregada de suprir parte dos gastos com a iluminação pública da cidade do Rio de Janeiro, onde a Corte se instalou. Tal medida foi considerada absurda, dada a distância entre os territórios e porque esse item era considerado frívolo e puro luxo dos portugueses. 

Como foi mencionado, os pernambucanos estavam sujeitos a uma situação econômica pouco favorável. Inclusive porque, naquela época, os lucros com os produtos agrícolas, principalmente o açúcar e o algodão, estavam em declínio.

Neste contexto, ainda, D. João VI decidiu entrar em uma guerra pela Cisplatina. Nesse conflito, foram enviadas campanhas militares, que eram sustentadas com o uso dos impostos. A população não via sentido nessa disputa e tornou-se ainda mais insatisfeita com as ações lusitanas no Brasil. 

Como agravante, as elites brasileiras sentiam-se lesadas quando portugueses recém-chegados foram nomeados pelo rei para ocupar os principais cargos da administração pública. Os grandes homens locais viram-se prejudicados por D. João VI, que agia em favor dos lusitanos.

+ Veja também: Período Joanino: o que foi, transformações e importância 

Características da Revolução Pernambucana

O grupo que iniciou a Revolução Pernambucana foi a elite local pernambucana, como proprietários e grandes comerciantes, que necessitavam da lucratividade para a manutenção de seus negócios.

Como a desigualdade social e as condições de sobrevivência estavam latentes na população, não demorou muito para que outros grupos sociais se juntassem à luta. Militares, pequenos comerciantes, artesãos e trabalhadores em geral aderiram ao protesto, o que fez a expansão do movimento.

Inclusive, um dos grupos mais relevantes que participou da Revolução Pernambucana de 1817 foram os padres. Muitos deles aderiram ao projeto, em busca de novas soluções para a situação colonial brasileira. Os religiosos foram tão numerosos que alguns pesquisadores preferem nomear o movimento como Revolução dos Padres.

Como foi a Revolução Pernambucana?

O governo pernambucano notou que haviam focos de tumulto na sociedade e ordenou que o brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa prendesse os envolvidos na conspiração. Entretanto, durante sua ação, o militar foi surpreendido e assassinado, em sinal de protesto às ordens emitidas pelos governantes.

Esse foi o pontapé inicial para a Revolução Pernambucana, que espalhou-se por toda a Recife rapidamente. Os revolucionários eram tão numerosos e ativos no movimento que o governador da província precisou retirar-se de seu território. 

Quando o espaço administrativo ficou aberto, os cidadãos encontraram um espaço para iniciar um Governo Provisório em Pernambuco. Inclusive, eles dedicaram-se na construção de uma nova bandeira para o estado, o que traz os ideais separatistas do movimento, buscando uma nova identidade.

O iluminismo influenciou a instauração da liberdade de imprensa e de credo, além de que eles proclamaram uma República na província de Pernambuco. Ainda, para afastar as imposições coloniais, excluíram quaisquer taxações determinadas pelo rei português. 

A Revolução assumiu grandes proporções, abrangendo outras províncias da região Nordeste, como Ceará e Paraíba. Inclusive, aponta-se que os revolucionários miravam ter apoio estadunidense para concluírem sua rebelião. 

Como terminou a Revolução?

O declínio da Revolução Pernambucana está associado com divisões de pensamentos entre os próprios revolucionários. Diferentes pontos de vista e soluções foram propostos, mas não houve consenso entre eles. Diante disso, as discordâncias enfraqueceram o elo que ligava esses indivíduos. 

A Corte, por sua vez, trabalhou para enviar tropas preparadas para erradicar o movimento e fechar as vias portuárias em Recife. As outras províncias nordestinas foram derrotadas aos poucos e os revolucionários de Pernambuco foram os últimos a ceder. 

Os principais nomes da revolta são Domingo José Martins, José Barros de Lima, Padre João Ribeiro, Cruz Cabugá e Vigário Tenório. Muitos desses foram submetidos a um castigo exemplar, aplicado pela corte. 

A ideia principal era aplicar penas severas aos indivíduos, demonstrando aos outros cidadãos que quaisquer tentativas de movimentos seriam encaradas da mesma forma. O rei buscou retomar seu poder e autoridade por meio do medo que causara nos colonos. 

Questão sobre Revolução Pernambucana

Abaixo você acompanha a resolução de uma questão de vestibular sobre a Revolução Pernambucana. Se possível, leia o gabarito e as explicações, porque contribuem para agregar mais conhecimento sobre o tema.

(UEG/2017) Leia o texto a seguir.

A Revolução Pernambucana de 1817 foi o último movimento de revolta anterior à Independência do Brasil. Mas, diferente de todos os outros movimentos sediciosos que eclodiram no período colonial, a Revolução pernambucana conseguiu ultrapassar a fase conspiratória e atingir a etapa revolucionária de tomada do poder.

CACIAN, Renato (31 de julho de 2005). “A Revolução pernambucana: República em Pernambuco durou 75 dias.”  Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/revolucao-pernambucana-republica-em pernambuco-durou-75-dias.htm>. Acesso em: 3 mar. 2017.

O texto citado refere-se à Revolução Pernambucana, evento cujo bicentenário foi comemorado no ano de 2017. Dentre as medidas tomadas pelos revolucionários após a tomada do poder político, destaca-se

a) a emancipação total dos escravos, contrariando os interesses dos proprietários rurais.

b) o aumento dos impostos e criação de novos tributos para financiar a guerra revolucionária.

c) o fechamento dos jornais e a instituição de um governo ditatorial controlado pela maçonaria.

d) a abolição dos títulos de nobreza, confirmando o caráter liberal do movimento revolucionário.

e) a proposta de emancipação política junto a Portugal e integração ao território norte-americano.

A alternativa A é incorreta, o movimento contava em suas fileiras com proprietários de terra escravistas, a emancipação dos escravos não era do seu interesse, mas a exclusão e isolamento da região de Pernambuco.

A alternativa B é incorreta, a cobrança excessiva de impostos foi uma das causas que desencadearam a revolta.

A alternativa C é incorreta, o movimento possuía ideais republicanos, não pregava uma ditadura, mas um governo aos moldes do governo dos Estados Unidos.

A alternativa D é correta, como movimento republicano a abolição de títulos de nobreza representava cortar os laços com o Antigo Regime e proclamar um governo conjugado aos ideais internacionais.

A alternativa E é incorreta, o apoio internacional à revolta foi tênue, apesar de ser influenciado pelos ideais iluministas das maçonarias e principalmente do republicanismo americano, o movimento visava implantar um governo independente de Portugal sob a égide da República, e não à integração aos Estados Unidos.

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