Barroco no Brasil: principais artistas e obras

Barroco no Brasil: principais artistas e obras

A era do barroco no Brasil foi marcada por uma forte presença das esculturas, em especial do artista conhecido como Aleijadinho. Na literatura, Gregório de Matos foi um dos principais nomes.

No texto a seguir, você pode compreender as características da arte barroca, os principais personagens e o contexto histórico desse movimento artístico brasileiro. Acompanhe e aprenda agora!

Contexto histórico do barroco no Brasil

O movimento barroco no Brasil aconteceu no século XVII, durante o período colonial. Por estar fortalecido em 1600, essa escola literária também é conhecida como “seiscentismo”.

Nessa época, a economia brasileira estava centrada em monoculturas de cana-de-açúcar, desenvolvidas em latifúndios, a partir de mão de obra escrava — sistema denominado de “plantation”.

Essas atividades estavam atreladas ao litoral nordestino, de forma que Salvador e Recife eram os principais centros urbanos e comerciais — esses locais representavam também o poder político do país.

É importante citar que, devido a presença da colonização portuguesa, não havia uma identidade e unidade brasileira. A maior influência cultural, política e econômica provinha da Europa, o que não foi diferente no campo das artes.

No plano internacional, o barroco do Brasil está relacionado com a consolidação da União Ibérica: junção dos reinos de Portugal e Espanha. Essa vertente artística também foi contemporânea  aos movimentos da reforma protestante e da contrarreforma católica. 

Nesse sentido, existia a “Companhia de Jesus”, uma espécie de missão evangelizadora que enviava padres (jesuítas) para a catequização dos povos que eles consideravam “selvagens”. 

No Brasil, os jesuítas se dispunham a evangelizar os indígenas com o objetivo de garantir maior número de fiéis para a crença. Dentre os escritores barrocos, o padre jesuíta Antônio Vieira teve grande influência e, inclusive, já apareceu na banca de vestibulares como o Unicamp.

Características do barroco no Brasil

O barroco brasileiro ficou marcado por ser uma arte do conflito: devido às recentes turbulências no modo de interpretar a bíblia e a vida, causadas pelas reformas religiosas, os artistas demonstravam uma certa preocupação entre o que cultivar na Terra e o que cultivar no céu, religiosamente.

Outro ponto importante que contribuiu para a confusão social e religiosa da época foi a ascensão do racionalismo grego e da burguesia, que conferiam um novo sentido ao existir: maior apego aos bens materiais e a razão humana.

Dadas as circunstâncias conflituosas, muitas vezes, eram observadas irregularidades nas obras de arte, retorcimento das estruturas, emocionalismo exagerado e uma evidente perturbação do autor.

O barroco no Brasil foi marcado por dois principais tipos de arte, a literatura e a escultura de objetos. A seguir, veremos características próprias de cada uma dessas classificações.

Barroco no Brasil: Literatura 

No cultismo a estética era muito valorizada — as formas eram rebuscadas, as palavras literárias buscavam um requinte, conhecido como preciosismo vocabular. As figuras de linguagem destacam a perfeição formal do texto, com inversões sintáticas, antíteses e metáforas.

Atualmente, entende-se que os escritos cultistas carregam, além de uma forma perfeita e bem desenvolvida, os sentimentos e emoções do autor.

O conceptismo, por sua vez, estava mais centrado na retórica da obra. Assim, as associações entre os conceitos buscavam uma argumentação. Entretanto, tal relação não se dava de maneira simples: o encadeamento era engenhoso e seguia, geralmente, uma lógica filosófica.

Os escritores conceptistas tinham, assim, um enfoque maior no conteúdo e na mensagem a ser transmitida — por meio da construção de uma ideia baseada na razão.

Gregório de Matos

O escritor Gregório de Matos (1636-1695) participou do primeiro jornal do Brasil colônia, com suas sátiras palavras, como veremos adiante. 

Gregório desenvolveu obras de variados tipos, em sua fase lírica se debruçou sobre a religião. Marcado pelo forte conceptismo, o autor aparece sempre negociando com Deus sobre sua vida e perdão.

Passou por épocas amorosas, nas quais criou textos de exaltação à beleza da amada, em uma ótica mais cultista. Também fez poemas encomiásticos (sob encomenda), como louvor a algum personagem social da época.

Esse autor do barroco brasileiro se dedicou também a escrever sobre temas existenciais e que perpassam a mente humana, como conflitos filosóficos e éticos.

“Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”

No excerto acima, o poeta narra sobre a fugacidade da vida e valoriza o momento presente, com seus prazeres — demonstra claramente uma angústia existencial sobre a passagem do tempo.

Apesar do extenso material citado até aqui, Gregório de Matos ficou famoso mesmo por suas obras satíricas — que lhe conferiram o apelido de boca do inferno. Ao citar as problemáticas sociais em seus escritos, o escritor deixava a elite irada.

Dentre os temas que citou, podemos destacar o abuso de poder, o racismo e o elitismo. É válido lembrar que Gregório vivia em um contexto conservador, por isso suas obras não são socialmente perfeitas, algumas apresentam um teor hipócrita e preconceituoso.

Padre Antônio Vieira

Como já foi dito, o Pe. Antônio Vieira era um jesuíta. Por isso, seus discursos apresentam linguagem comportada e simplificada — ele acreditava que sua principal missão era se fazer entender, na contramão do cultismo barroco. 

Sua marca principal é a influência política sobre as questões indígenas: alguns sermões defendem que esses povos não sejam escravizados, pois são escolhidos por Deus. 

Apesar disso, o autor utiliza-se da retórica para argumentar que a escravização de povos negros era permitida e tolerável, com justificativas pautadas em interpretações equivocadas de livros sagrados.

Sua obra mais conhecida são os “Sermões da Quarta-feira de Cinzas”, nos quais debate a finitude da vida e a promessa da eternidade que foi feita aos católicos.

Esculturas e obras de arte

Em meio ao desenvolvimento colonial, a arte barroca se depara com a descoberta do ouro na região das Minas Gerais. Ali, se inicia um novo foco urbano com grande força política e econômica.

barroco no brasil: Obra de Aleijadinho
Obra de Aleijadinho — Cristo carregando a cruz
Imagem: reprodução/Wikimedia

Nesse contexto, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, demonstra sua arte ao mundo. Em rochas de pedra sabão, o homem foi capaz de construir lindas esculturas que permanecem como marco do barroco mineiro — você pode visitar essas obras em cidades como Ouro Petro, São João Del Rei, entre outras.

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