A literatura angolana está em ascendência no Brasil, por um movimento ativo de trazer à tona as riquezas produzidas pela Língua Portuguesa de outros países, especialmente países africanos. Nos vestibulares, muitas provas têm adicionado em suas listas de leitura obrigatória textos de angolanos e moçambicanos, nacionalidades que têm muitas semelhanças com a história brasileira.
Dada essa relação histórica entre colônias portuguesas na América e África, a temática da literatura angolana pode ser observada tanto do ponto de vista histórico e social, como também no contexto linguístico. O objetivo deste artigo, então, é justamente trazer ambos os aspectos de maneira sucinta e clara. Acompanhe!
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Panorama histórico de Angola
A República de Angola ou Angola é um país que fica no centro do continente africano que tem muitos elos históricos e culturais com o Brasil. Afinal o processo de colonização de ambas as nações foi semelhante e tinham Portugal como metrópole europeia no período colonial.
Geograficamente, o país é banhado pelo oceano Atlântico na sua fronteira leste e possui clima tropical, o que demonstra bastante semelhança entre as duas regiões. Além disso, existem importantes recursos fósseis lá, de maneira que boa parte da economia sustenta-se na extração de petróleo.
Do ponto de vista histórico, Angola foi uma região habitada anteriormente pelos povos bantos. Depois, foi também constituinte dos reinos do Congo e de Ngolo, que eram fortes potências do continente africano.
No século XV, quando iniciaram-se as Grandes Navegações, os portugueses desembarcaram na região e em 1575 a nação europeia instituiu sua colonização sobre o território angolano, com expansões territoriais consideráveis.
Além de estarem submetidos às condições de colonização portuguesa, os angolanos também sofreram com a escravização de seu povo. Por meio do tráfico de pessoas, muitos dos indivíduos que ali viviam foram enviados às Américas para serem escravizados em engenhos de açúcar ou outros empreendimentos dos colonizadores no Brasil.
Diante disso, desde o período colonial há uma relação direta e/ou indireta entre as duas regiões. De forma que a colonização de Angola e do Brasil aconteciam como uma retroalimentação, o tráfico negreiro angolano era lucrativo, assim como as produções brasileiras e, assim, a metrópole estabelece seus ganhos.
A independência dos países africanos foi muito tardia, quando comparada às nações americanas. No caso de Angola, ainda em 1910, o território foi considerado província portuguesa e sofria exploração de seus recursos naturais.
Foi só em 1975 que os angolanos, a partir de movimentos nacionalistas, conquistaram a sua independência frente a Portugal. Além disso, entre 1975 e o ano de 2002, o país ainda enfrentou uma guerra civil que ocasionou a morte de cerca de meio milhão de pessoas.
Literatura angolana: principais autores
Pepetela (1941 — atual)
Já cobrado nas listas obrigatórias do vestibular da Fuvest, o autor angolano Pepetela ficou conhecido no Brasil por seu livro Mayombe. Seu nome de registro é Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos e, além de escritor literário, também é sociólogo e professor.
Esse cunho social, vindo de seu conhecimento acadêmico, é bem demonstrado em boa parte de suas obras, inclusive, pode ser observado em Mayombe. Como também vivenciou períodos da colonização e independência de Angola, o autor reflete aspectos contra a colonização, expressa nacionalismo, críticas e ideias sobre política em suas ficções históricas
O termo Pepetela é seu nome de “guerra”, de quando participou de lutas sociais em favor de Angola. Com esse pseudônimo, o autor perpetuou-se na história da Língua Portuguesa e recebeu diversos prêmios literários em países europeus, em Angola e também no Brasil.
Luandino Vieira (1935 — atual)
Luandino Vieira é um autor nascido em Portugal, mas naturalizado angolano, porque viveu toda a sua vida em Luanda, a capital angolana. Uma característica marcante também neste autor é o cunho político-social de suas personalidades, que se reflete em suas obras.
De nome registrado José Vieira Mateus da Graça, o escritor luso-angolano também foi ativo nos processos políticos, históricos e sociais de Angola. Inclusive, encontrou-se preso por muitos anos, por ser contrário às autoridades ditatoriais que perpetuavam no país durante o século XX.
Boa parte de suas obras foram iniciadas e escritas dentro das prisões angolanas, o que demarca bem a sua história como militante por seus ideais. O autor parou de escrever a algum tempo, mas obras suas, como “Luuanda”, concorreram e ganharam prêmios literários.
Uanhenga Xitu (1924 — 2014)
O escritor angolano Agostinho André M. de Carvalho é conhecido literariamente pelo nome Uanhenga Xitu, que é um nome derivado da língua Kimbundu, ou quimbundo, que é comum no norte africano.
A escrita de Uanhenga foi considerada, por alguns estudiosos da literatura, um redigir desobediente, contraventor das ideias sociais mais padronizadas. São textos que refletem sua ideologia anticolonial e a favor do nacionalismo angolano. Com seus escritos, o autor foi premiado e é considerado entre os melhores autores de Angola.
A trajetória biográfica do autor muito se assemelha com seus companheiros que também são relevantes na literatura de Angola. De maneira geral, também se envolveu nas revoltas políticas em favor da liberação angolana, foi preso e sofreu diversas consequências na vida pessoal e econômica devido aos anos privados de liberdade.
Mas, novamente, o cárcere foi uma potência produtiva em que Agostinho passou a escrever seus textos. São obras que retratam situações já vividas pelo autor, que escutou em diferentes ambientes, como também rememoram seus dias passados. Entre elas, o texto Maka na Sanzala, que vai na contramão do eurocentrismo, com linguagem específica que afasta-se da visão colonialista, como também propõe a reconstrução de muitos ideais.
Veja o trecho abaixo, que une as linguagens da população africana com a Língua Portuguesa herdada dos colonizadores, o que reforça a busca pelo nacionalismo angolano.
“– Tá-tá!… Tá, kola, kola!!! Nguzu, Kahâtu!… Ndoko, kola!… aiá-ia-ia, songo ua-i-bitixe dingi? – Eram as palavras de incitamento e encorajamento que as parteiras e outras mulheres que assistiam ao parto faziam em coro, quando a parturiente fosse atacada de dores. – É agora rapariga, vamos!… mais, ndoko, tá-tá…tá-tá-tá-tá, nguzu Kahâtu! Ndoko, tá-tá pressa, vai levar uma chapada então, chatiç’ome, ambanjina!!!”
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