Modernismo de 1922: contexto histórico, características e obras

Modernismo de 1922: contexto histórico, características e obras

O modernismo de 1922 é a abertura das inovações artísticas no Brasil. Artistas revolucionários de todo o Brasil uniram-se para trazer novas características para a arte brasileira, tanto no campo das artes plásticas, música, dramaturgia e literatura. 

São obras inovadoras em sua estrutura, forma de ser construída, os temas escolhidos, as cores e palavras empregadas, além de ter uma preocupação com a identidade da nação brasileira. Por isso, foi um grande choque para as academias de artes e críticos. 

Neste artigo, serão abordados o contexto histórico, conceitos e características do Modernismo de 1922. Continue lendo e conheça mais sobre essa corrente artística e sua influência sobre a literatura e obras artísticas brasileiras. 

Contexto histórico do modernismo de 1922

A primeira metade do século XX foi intensa historicamente, diversos eventos de grande magnitude e inéditos na história da humanidade aconteceram nesse período, como as duas guerras mundiais, a Revolução Industrial que crescia a todo vapor, ao mesmo tempo em que a organização das sociedades era cada vez mais modificada e inovações científicas surgiam. 

Inclusive, a industrialização intensa favoreceu o fortalecimento do capitalismo, com mudanças no estilo de vida,  urbanização, alterações no modelo de trabalho e outras transformações. Foi uma grande efervescência de acontecimentos que ocorriam sequencialmente, de forma a afetar a sociedade, a forma de pensar entre os intelectuais e sua leitura sobre as questões sociopolíticas. 

Então, buscavam cada vez mais liberdade para expressar suas angústias com o cenário social. Muitos gostariam de representar o caos e transformações mundiais dentro de suas obras, para isso, utilizavam meios, cores, técnicas e vocabulários não tradicionais para o fazer artístico. 

Devido às diversas inovações propostas, as artes modernistas não eram aceitas nas academias literárias. Então, diversos artistas brasileiros que compartilhavam dos ideais modernistas, uniram-se para estabelecer o movimento e desenvolveram a Semana de Arte Moderna, que será debatida em seguida. 

Semana de Arte Moderna de 1922

O modernismo de 1922 foi um movimento artístico plural, que une conceitos diferentes, diversas expressões artísticas, em que artistas com posicionamentos semelhantes e únicos uniram-se para criar oposição aos padrões estéticos academicistas.

Foi uma grande efervescência de acontecimentos que ocorriam sequencialmente, de forma a afetar a sociedade, a forma de pensar entre os intelectuais e sua leitura sobre as questões sociopolíticas. 

Para iniciar esse movimento foi importante a ação de artistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Graça Aranha, Vinícius de Moraes, Tarsila do Amaral, entre outros escritores, músicos e pintores.

Em união, eles criaram um evento chamado de Semana de Arte Moderna de 1922. Os espectadores compunham a elite paulistana, mas as obras apresentadas iam na contramão daquilo que era bem aceito socialmente. Então, houve um grande choque cultural dentro da sociedade brasileira e os modernistas chamaram a atenção da população.

Características do modernismo de 1922

Como o modernismo iniciou-se em 1922, mas perdurou como movimento ao longo do século, diferentes fases artísticas ocorreram nesse tempo. O chamado “modernismo de 1922” refere-se à Primeira Fase do Modernismo, composta por esses artistas envolvidos na Semana de Arte Moderna.

O aspecto principal dessas obras era a ruptura radical com os padrões estéticos e literários. Parte dessa oposição também era um posicionamento contra o perfeccionismo formal proposto em movimentos anteriores, como o parnasianismo. Diante dessa postura de afastamento do original, o período também ficou conhecido como “fase da destruição”.

Um dos tópicos principais levantados pelos modernistas de 1922 foi a necessidade de construir uma identidade artística brasileira, evidenciando tópicos da cultura que eram deixados de lado dentro da arte estritamente academicista. Afinal, grande parte das academias artísticas eram inspiradas nos movimentos europeus e isso se refletia em uma arte completamente “europeizada”.

Nesse sentido, artistas como Tarsila do Amaral optaram por adicionar elementos do folclore, cultura, fauna e flora brasileira dentro de suas obras. Além disso, os textos, nomes e vocabulários escolhidos tinham um teor indígena, como forma de reforçar as origens brasileiras e consolidar a ideia do “ser brasileiro”.

Como o objetivo principal era expressar essa subversão radical pelas artes acadêmicas, os artistas criaram novas formas de pintar, escrever e se expressar para fugir do comum e dos padrões tradicionais. 

Na literatura, por exemplo, as poesias eram escritas sem métricas (versos livres) e sem rima (versos brancos), com uma organização mais randômica, se afastando dos modelos clássicos como os sonetos. A temática dos textos também recorria a certo tom sagaz, sarcástico e irônico, com provocações e novamente retomando o assunto nacionalidade.

Artistas e obras do modernismo de 1922

Oswald Andrade (1890-1954)

Paulistano, advogado, dramaturgo, escritor, com interesse pelas questões políticas e sociais, são algumas das características que definem Oswald de Andrade. Um autor modernista conhecido por produzir obras irreverentes, irônicas e marcantes que foram essenciais para o estabelecimento do modernismo no Brasil, é considerado um dos principais nomes do movimento.

Essas são algumas das características deste autor que, conjuntamente com Tarsila do Amaral, desenvolveu o Movimento Antropófago, que propunha que a arte brasileira deveria devorar toda a cultura estrangeira em prol de construir algo novo, próprio e identitário do Brasil.

“A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem.
Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo: o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris.
Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Agil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia.
A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.”
Oswald Andrade – Manifesto da poesia pau-brasil

Mário de Andrade (1893-1945)

Mário de Andrade é outra peça fundamental para o modernismo brasileiro, que também atuou no campo da crítica artística, música e na interface entre política e arte. Também paulistano, o escritor tornou-se amigo de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, com contribuição relevante para a exposição do movimento na Semana de Arte Moderna. 

“Cidade é belíssima, e grato o seu convívio. Toda cortada de ruas habilmente estreitas e tomadas por estátuas e lampiões graciosíssimos e de rara escultura; tudo diminuindo com astúcia o espaço de forma tal, que nessas artérias não cabe a população. Assim se obtém o efeito dum grande acúmulo de gentes, cuja estimativa pode ser aumentada à vontade, o que é propício ás eleições que são invenção dos inimitáveis mineiros; ao mesmo tempo que os edis dispõem de largo assunto com que ganhem dias honrados e a admiração de todos, com surtos de eloquência do mais puro estilo e sublimado valor.

As ditas artérias são todas recumadas de ricocheteantes papeizinhos e velívolas cascas de fruitos; e em principal duma finíssima poeira, e mui dançarina, em que se despargem diariamente mil e uma espécimens de vorazes macróbios, que dizimam a população. Por essa forma resolveram, os nossos maiores, o problema da circulação; pois que tais insetos devoram as mesquinhas vidas da ralé e impedem o acúmulo de desocupados e operários; e assim se conservam sempre as gentes em número igual.”

Mário de Andrade – Macunaíma

Tarsila do Amaral (1886-1973)

Pintora e desenhista nascida no interior paulista, Tarsila do Amaral teve um papel importante no estabelecimento do modernismo de 1922 dentro das artes plásticas. Como foi mencionado anteriormente, foi cofundadora do movimento antropofágico, juntamente com seu marido (posteriormente se divorciaram). Seu quadro mais expressivo dentro deste contexto foi Abaporu, que está demonstrado abaixo.

Modernismo de 22: Tarsila do Amaral
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Anita Malfatti (1889-1964)

Outra paulistana entre os modernistas da Primeira Fase, Anita Malfatti também é pintora de relevância gigantesca para a Semana de Arte Moderna de 22 e o crescimento do modernismo dentro do Brasil.

Sua arte inovadora foi amplamente criticada em tabloides voltados para a crítica artística, mas ela ganhou espaço dentro de suas propostas inovadoras e é um dos nomes mais citados quando o tema são as pinturas do modernismo brasileiro. 

Anita Malfatii - quadro modernismo 22
Imagem: Reprodução/Enciclopedia Cultural Itaú

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