A ambiguidade ocorre quando um mesmo vocábulo ou expressão pode ser interpretado de mais de uma maneira. O Estratégia Vestibulares explica como ela funciona!
Ela pode aparecer de duas formas:
- como recurso expressivo, principalmente no caso da publicidade ou dos textos humorísticos;
- como um defeito na construção, prejudicando a clareza da mensagem.
Ou seja, ela pode ser intencional ou não.
Em textos argumentativos, didáticos, jornalísticos e outros de função informativa, a ambiguidade é considerada um defeito. Nesses tipos de texto, a mensagem deve ser o mais clara e objetiva possível.
Por isso, deve-se evitar expressões que possam gerar algum tipo de ambiguidade. Um exemplo de ambiguidade intencional pode ser visto na tirinha abaixo:
A ambiguidade aqui é proposital. O objetivo é explorar as duas possibilidades da palavra “paciente”:
- substantivo, significando pessoa que será atendida pelo médico;
- ou adjetivo, significando característica de pessoa que tem paciência. É nessa ambiguidade que reside o humor da tirinha.
Navegue pelo conteúdo
Ambiguidade semântica
Quando envolve polissemia, ou seja, um termo que apresenta mais de um significado possível.
Exemplo:
Estava em frente ao banco.
O termo “banco” seria o móvel em que se senta ou prédio, instituição financeira?
Resolvendo:
Estava em frente ao banco da praça.
Estava em frente ao Banco Itaú.
ATENÇÃO: a polissemia ocorre quando uma mesma palavra asume diferentes significados. Não é o caso, por exemplo, de palavras com grafia e sons iguais, mas classes diferentes (ex.: “cedo” pode ser adverbio de tempo ou verbo ceder conjugado na primeira pessoa do singular).
Ambiguidade gramatical
Quando envolve a estrutura da oração, ou seja, é resultado da posição das palavras.
Exemplo:
As meninas felizes se arrumaram para a festa.
O termo “felizes” seria a característica das meninas ou o estado em que se encontravam naquele momento
Resolvendo:
Felizes, as meninas se arrumaram para a festa.
Pode ocorrer principalmente devido ao uso ambíguo de:
– pronomes possessivos (Ele voltou para sua casa);
– pronomes relativos (Falei com o menino que estava feliz);
– formas nominais (Ajudei a amiga cansada).
Como cai no vestibular?
Vamos ver como isso pode aparecer num exercício de vestibular:
Questão FUVEST/2002
Na posição em que se encontram, as palavras assinaladas nas frases abaixo geram ambiguidade, EXCETO em:
a) Pagar o FGTS já custa R$13,3 bi, diz o consultor.
b) Pais rejeitam menos crianças de proveta.
c) Consigo me divertir também aprendendo coisas antigas.
d) É um equívoco imaginar que a universidade do futuro será aquela que melhor lidar com as máquinas.
e) Não se eliminará o crime com burocratas querendo satisfazer o apetite por sangue do público.
Gabarito: D
Comentários
A única alternativa que não apresenta ambiguidade é a D. A palavra “melhor”, aqui, funciona como advérbio de modo, relacionada ao verbo “lidar”. Não há nenhuma outra palavra na oração com a qual “melhor” poderia se relacionar.
A alternativa A apresenta ambiguidade, pois “já” pode ter valor de tempo (“Pagar o FGTS neste momento (…)”) ou de totalidade (“Pagar o FGTS totaliza um custo de (…)”).
Esta ambiguidade poderia ser resolvida com o uso correto da vírgula:
– “Pagar o FGTS já, custa (…)” (tempo)
– “Pagar o FGTS, já custa (…)” (totalidade)
A alternativa B apresenta ambiguidade, pois “menos” pode ter valor de quantidade (“Pais rejeitam em menor quantidade crianças (…)”) ou de exceção (“Pais rejeitam exceto crianças (…)”).
Esta ambiguidade poderia ser resolvida com o uso correto da vírgula e da ordem das palavras:
– “Pais rejeitam menos crianças (…)” (quantidade)
– “Pais rejeitam crianças, menos (…)” (exceção)
A alternativa C apresenta ambiguidade, pois “também” pode ter valor de inclusive (“Consigo me divertir inclusive (…)”) ou de igualdade (“Consigo me divertir do mesmo modo (…)”).
Esta ambiguidade poderia ser resolvida com o uso correto da vírgula e da ordem as palavras:
“Consigo também me divertir, aprendendo (…)” (inclusive)
“Consigo me divertir, também, aprendendo (…)” (igualdade)
A alternativa E apresenta ambiguidade, pois “público” pode estar ligado a apetite (“o apetite do público”) ou a sangue (“o sangue do público”).
Esta ambiguidade poderia ser resolvida com a mudança da ordem das palavras:
– “(…) satisfazer o apetite do público por sangue” ou “(…) satisfazer o apetite por sangue do público”.
A ambiguidade pode ocorrer em dois níveis: semântico e gramatical.
Siga-me nas redes sociais:
Instagram: @professoracelinagil
Facebook: @professora.celina.gil
Veja também:
- Efeitos de sentido: humor, ironia, ambiguidade e duplo sentido
- Uso dos porquês: Por que, Por quê, porque ou por quê?
- Figuras de Linguagem: o que são e como se classificam
- Denotação e Conotação: qual a diferença?
- Figuras de Palavra: o que são e como se classificam; veja exemplos
- Figuras de Pensamento: o que são e como se classificam; veja exemplos
- Texto jornalístico: entenda esse gênero textual
- Conjunções subordinativas: conceito, classificação e exemplos práticos
- Conjunções coordenativas: conceito, classificação e exemplos práticos
- Crase: uso, regras, exceções e exemplos!
- Metáforas no Enem: como é cobrado o assunto?
- Antítese: o que é, exemplos, questões de vestibulares e muito mais!