Aposto e vocativo: funções sintáticas, exemplos e exercícios

Aposto e vocativo: funções sintáticas, exemplos e exercícios

Aposto e vocativo são duas funções sintáticas acessórias de uma oração, ou seja, que podem ser retiradas da frase sem prejuízo de sentido. O aposto se liga a um outro termo da oração, geralmente para explicar melhor aquele substantivo, trazer mais características a respeito dele, função que varia conforme a classificação do aposto. Já o vocativo é um termo independente, que não faz ligação com outras palavras, mas é importante para chamar a atenção do interlocutor. 

Neste artigo, você pode entender com mais clareza o que são as funções sintáticas de aposto e vocativo. O conteúdo está descrito com exemplos e classificações para cada um deles, além de questões de vestibulares que cobram esse tema, que possuem gabarito e resolução. Leia mais!

O que são funções sintáticas?

As funções sintáticas são classificações criadas dentro do estudo linguístico, para entender qual o papel de cada termo dentro de uma oração. É por meio desse conhecimento que se compreende a relação entre uma palavra e outra. Por exemplo, o objeto direto é uma função sintática que se liga a uma palavra verbal, para completar o sentido. 

No caso do aposto e vocativo, ambas são funções sintáticas que não são essenciais para a construção do significado da frase. É diferente quando observamos uma função de sujeito, porque sem ela, a estrutura da oração se perde. Com essas duas funções acessórias, a retirada dos termos pode ter um prejuízo sonoro ou necessitar de mais contexto para entender, mas a frase como um todo não fica completamente vazia. Observe no modelo abaixo. 

Mariana, eu disse ao Rafael, nosso amigo, que ele deveria sair mais com a família!”

A palavra “Mariana” se dirige à interlocutora da frase, é o que reconhecemos como vocativo. Ao mesmo tempo, note como “nosso amigo” aparece entre vírgulas e explica quem é o Rafael, é o conceito central de aposto. Agora, vamos analisar o mesmo enunciado sem essas duas funções:

“Eu disse ao Rafael que ele deveria sair mais com a família!”

Note que alguns detalhes a respeito de quem se fala e a quem se fala se perderam, mas eles não são essenciais para compreender o tema central da mensagem. Afinal, ainda é possível saber que o enunciador está dizendo para alguém o que ele disse ao Rafael em outro momento do passado.

O que é aposto?

Como já foi explorado, o aposto é uma função sintática que se liga a um nome, mais especificamente às classes de palavras: substantivo, pronome ou outra oração. Ele se liga a esses termos com diferentes objetivos, acompanhe na lista a seguir.

  • Aposto explicativo: é um aposto que serve para explicar, dar mais informações a respeito do nome a que se liga. Essa função sintática aparece entre duas vírgulas, como uma parte independente da oração.

    “Davi, um rei muito influente, venceu milhares de soldados em apenas uma batalha.”
  • Aposto comparativo: trata-se de um aposto que traz uma comparação entre o nome e a expressão apositiva. Essa equivalência não é feita de forma direta com palavras, mas é trazida dentro do significado, na interpretação da frase. Aqui também vale separar o aposto entre vírgulas

    “Cachorros, anjos de luz, são a alegria de qualquer casa”
  • Aposto enumerativo: é o tipo de aposto em que se enumera, demarca, deixa explícito quais significados estão associados com um termo. Em geral, essa construção apositiva se liga aos pronomes demonstrativos, como forma de explicar o que é “isto”, “aquilo”, “esse” e assim por diante. É comum que o aposto esteja separado da oração por meio de dois pontos.

    Sempre quis viver isso: amor, paz, felicidade, família, Deus, amizades e respeito”.
  • Aposto resumidor: é quase o inverso do que vimos no tópico anterior. Aqui, o aposto serve para resumir os diversos assuntos, termos e conceitos apresentados previamente na frase. É importante ter uma vírgula entre as ideias que estão resumidas e o aposto vem logo após esse sinal de pontuação.

    “Amor, paz, felicidade, família, Deus, amizades e respeito, todos são valores essenciais para mim”
  • Aposto de especificação: é uma função sintática que especifica um substantivo que é mais genérico. Serve para tirar a frase de uma ideia geral para um âmbito mais particular e pessoal. No exemplo abaixo, note que “meu amigo” poderia se referir a diversas pessoas, mas o aposto surge como uma especificação de qual amigo se fala.

    “Quem te ajudou nessa jornada da faculdade? Meu amigo Andrew

    Veja que este é um dos únicos tipos de aposto que não precisam de separação entre a oração e o termo acessório.

Questão sobre aposto

Agora, vamos desenvolver uma questão de prova sobre o tema. 

(Fundação Carlos Chagas) Dê a função sintática do termo em destaque em: “Uniu-se à melhor das noivas, a Igreja, e oxalá vocês se amem tanto.”

a) aposto

b) adjunto adnominal

c) adjunto adverbial

d) pleonasmo

e) vocativo

Nesta frase, primeiramente, fica fácil retirar a porção em destaque, sem perda de sentido, dentro do contexto em que a oração foi proferida. Depois de analisado isso, é necessário notar que a expressão está entre vírgulas.

Somado a essas informações, a expressão aparece no texto como uma forma de explicar quem é a melhor das noivas. Essas características são típicas de um aposto explicativo, o que pode ser confirmado ao escolher a alternativa A.

O que é vocativo?

Um termo isolado da oração, os vocativos não podem ser considerados parte nem do sujeito e nem mesmo do predicado. Eles aparecem sozinhos e tem a função específica de chamar a atenção do interlocutor, colocá-lo como centro de uma fala. 

Em geral, é uma função sintática observada em expressões exclamativas, especialmente em poemas que trazem muita subjetividade. Muitas vezes o eu-lírico clama pela amada e, para isso, utiliza de vocativos.

As classes gramaticais que podem estar em um vocativo são substantivos e pronomes. Os pronomes servem para se referir a outras pessoas do discurso, enquanto que a maioria dos substantivos são próprios. 

“Ora, enfim, sublimai vossa vitória,
Senhora, com vencer me e cativar me:
fazei disto no mundo larga história.”

No exemplo acima, retirado de um soneto de Camões, é possível perceber que o vocativo chama à “senhora”. Dentro da classificação gramatical, essa palavra é um pronome demonstrativo. Note, ainda, que o vocativo aparece separado da oração principal por meio de vírgulas e essa é uma característica essencial da função sintática, inclusive que confere esse “isolamento”.

Questão sobre vocativo

Acompanhe, agora, uma questão de prova (Santa Casa/2023) sobre esse assunto.

Qual tem a borboleta por costume,
Que, enlevada na luz da acesa vela,
Dando vai voltas mil, até que nela
Se queima agora, agora se consome,
Tal eu correndo vou ao vivo lume
Desses olhos gentis, Aónia bela;
E abraso-me, por mais que com cautela
Livrar-me a parte racional presume.

Conheço o muito a que se atreve a vista,
O quanto se levanta o pensamento,
O como vou morrendo claramente;
Porém, não quer Amor que lhe resista,
Nem a minha alma o quer; que em tal tormento,
Qual em glória maior, está contente.

(Luís de Camões. Sonetos, 1942.)

No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo,

a) À vela.

b) A Amor.

c) À borboleta.

d) A Aónia.

e) À própria alma.

Uma vez que o exercício já apontou a função sintática a ser procurada, é importante rememorar as características dela. Sabe-se que um vocativo é um termo independente da oração, que aparece separado por vírgulas e que faz o chamamento de algo ou alguém.

No soneto de Camões, o autor constrói o início do texto fazendo uma comparação entre uma borboleta e ele, que se vê atraído pela luminosidade dos olhos da interlocutora. Diante disso, ele adiciona o termo “Aónia bela”, como que para dirigir o texto a ela.  E esse é o vocativo, conforme a alternativa D.

Perceba, ainda, como é importante interpretar a linguagem poética e a subjetividade do texto, para entender melhor como essa obra foi construída, a quem se dirige e de que forma o autor coloca isso em palavras.

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