Derivação prefixal: processo de formação de palavras 

Derivação prefixal: processo de formação de palavras 

A derivação prefixal, também chamada de prefixação, é uma das formas de construir palavras da Língua Portuguesa. No estudo morfológico, entender os sufixos e os efeitos que eles têm sobre os termos é importante até mesmo para a interpretação de palavras pouco comuns, mas que fica possível inferir o significado apenas com o conhecimento de morfologia.

Se você quer entender melhor a derivação prefixal e como ela influencia na construção dos termos do português, continue lendo este texto. Veja, ainda, exemplos de como esse tema pode aparecer em questões de vestibulares nacionais.

O que é derivação prefixal?

A morfologia é a parte da gramática que estuda a forma das palavras e como elas variam a depender do contexto em que estão inseridas. São descritas diversas maneiras de formar os termos, como a prefixação, sufixação, aglutinação, justaposição, entre outros.

As derivações acontecem quando pequenos termos, chamados de morfemas, são adicionados antes ou depois de um radical. Quando o morfema é adicionado antes do radical, então ele é chamado de prefixo. Se, por sua vez, o morfema aparece ao fim do radical, ele será nomeado como sufixo. 

O tema deste texto, derivação prefixal, trata sobre a adição de morfemas antes dos radicais. Cada vez que isso acontece, o sentido da palavra pode ser alterado. Por exemplo, no radical “feliz” a adição do prefixo “in-” transforma o significado para o oposto do que era: “in + feliz = infeliz”. 

Como são os prefixos?

Para fazer a derivação prefixal ou prefixação, é necessário que haja uma gama de prefixos possíveis para serem adicionados no começo da palavra principal. Nesse sentido, a Língua Portuguesa possui uma gama de prefixos com significados que podem negar, afirmar, indicar o tempo de ocorrência de um evento, posição espacial do objeto e assim sucessivamente. Veja alguns exemplos a seguir.

Na palavra ontem é possível adicionar o prefixo “ante-” que traz a ideia de “antes”, “anteriormente”, “passado”. Isso significa que anteontem indica aquilo que veio antes de ontem, com uma ideia temporal. 

Ele também pode aparecer para indicar a localização espacial de algum objeto ou parte corporal. Na anatomia, é utilizado para designar o antebraço, região que fica “antes do braço”. Afinal, o braço é o membro que fica delimitado entre o cotovelo e o ombro, então o antebraço é o que fica entre o cotovelo e as mãos. 

Para trazer uma ideia de oposição, contrariedade, é possível utilizar o prefixo “anti-”. Por exemplo, a palavra “anti-inflamatório” surge a partir de “inflamação” e, com as modificações necessárias e a prefixação com “anti-” traz a noção sobre aquilo que é contra ou evita processos inflamatórios.

A própria palavra prefixo é uma derivada. Ela surge da união entre o termo “fixo” e o prefixo “pré”. Ou seja, trata-se de algo que vem antes daquilo que é fixo: o radical é fixo e imutável e adiciona-se o morfema no começo dele. 

O prefixo “sobre-” também é interessante e muito utilizado no cotidiano. Ele traz ao radical a ideia de algo que está além, acima. De forma que “sobrenatural” é tudo aquilo que está acima do que é natural e também “sobrecarga” indica uma carga acima do que é possível suportar.

Ao adicionar o prefixo “extra-” adiciona-se uma ideia de” sobrante, a mais”. Por exemplo, os médicos consideram que um bebê que nasça com 6 dedos em uma mão tem dedos “extranumerários”, indicativo de um valor a mais do que o comum.

Também é comum o uso dos prefixos para apontar o movimento para dentro ou para fora de algo ou alguém. Por exemplo, a palavra “imigração” traz a ideia de “entrar, para dentro” devido ao prefixo “i-”. Ao mesmo tempo, se trocarmos por “e-” (emigração), então o conteúdo torna-se para o sentido de “sair, para fora”.

+ Veja também: Composição por aglutinação: o que é e exemplos

Questões sobre derivação prefixal

(Simulado Enem – EV)

O planeta é mensurável e transitório. Assim como o espaço para armazenar lixo está se findando, para inumar os cadáveres também. Daqui a algumas décadas ou uma centena de anos haverá mais corpos embaixo da terra do que sobre ela. Estaremos pisando em antepassados, vizinhos, parentes e inimigos, como pisamos em grama seca; sem nos importarmos. O solo e a água estarão contaminados por necrochorume, um líquido que sai dos corpos em decomposição e possui substâncias tóxicas. A morte ainda pode gerar morte.

Ela se espalha até quando não é percebida.

(Ana Paula Maia, Carvão Animal)

 A autora faz uso de um neologismo em “necrochorume” a fim de 

a) evidenciar a origem da substância tóxica. 

b) indicar que é algo muito tóxico ou poluente.

c) trazer ao leitor uma noção de perigo à palavra.

d) criar um ambiente de dúvidas sobre os conhecimentos do leitor.

e) produzir uma noção fantástica para a palavra. 

A alternativa A está correta, pois no contexto apresentado a palavra traz a ideia de ser um líquido que sai dos corpos mortos em decomposição. Não é apenas um chorume simples. Trata-se de algo mais complexo, então utiliza-se “necro”, que é uma palavra de origem grega, com significado de morte.

A alternativa B está incorreta, pois aqui não é apenas uma questão de quão tóxico ele é, mas principalmente de onde ele se originou e o prefixo aparece justamente para apontar essa origem.

A alternativa C está incorreta, pois a ideia não é que o chorume seja perigoso apenas, mas também que venha da morte. 

A alternativa D está incorreta, pois o leitor consegue compreender o que foi dito a partir da origem da palavra. 

A alternativa E está incorreta, pois a acepção aqui não é fantástica, mas descritiva nos elementos que compõem o chorume.

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