A transitividade verbal, bem como os conceitos envolvendo adjuntos adverbiais e complementos verbais são assuntos fundamentais da gramática, uma vez que tratam do verbo e sua relação com outros elementos da frase na geração de sentido.
O estudo desse tema não somente é importante para desenvolver um texto coerente e coeso, como também auxilia na compreensão e interpretação de enunciados (inclusive de outras matérias), e também na análise sintática, muito exigida nas provas de português.
Com isso em mente, a Coruja preparou este guia com os principais pontos sobre transitividade verbal, complementos verbais e adjuntos adverbiais, trazendo diversas dicas e exemplos. Continue lendo e, ao final, veja uma questão sobre o assunto.
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O que são verbos transitivos e intransitivos?
Os verbos podem ser classificados de acordo com a necessidade de complemento para que a oração tenha sentido completo. Nesse contexto, existem verbos intransitivos e verbos transitivos.
Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos são aqueles que não precisam de complemento para ter sentido completo, pois já expressam uma ideia por si mesmos. Muitas vezes, podem ser acompanhados de adjuntos, como veremos mais à frente.
Exemplos:
- O bebê dormiu;
- As flores morreram no inverno; e
- Ele comeu muito.
Perceba que, em todas as frases, o verbo sozinho já faz sentido, e os termos adicionais apenas trazem mais detalhes.
Verbos Transitivos
Os verbos transitivos são aqueles que precisam de complemento (objeto) para que a oração tenha sentido completo. Eles podem ser divididos em:
Verbo Transitivo Direto
O complemento aparece diretamente ligado ao verbo, sem a mediação de uma preposição.
Exemplos:
- A menina estudou gramática;
- Nós assistimos ao filme. (No sentido de “ver”, “assistir” exige preposição, mas isso não altera a transitividade direta do verbo.)
Verbo Transitivo Indireto
O complemento aparece ligado ao verbo a partir da mediação de uma preposição.
Exemplo:
- Ele gostava de geografia.
A preposição “de” é necessária para formar o sentido da frase. Sem ela, não é possível compreender o que se quer dizer.
Verbo Transitivo Direto e Indireto
Nesse caso, note que o verbo apresenta dois complementos: um com preposição e outro sem.
Exemplo:
- Eu dei um lápis a ele.
Complemento “a ele”, com preposição “a”; complemento “dei um lápis”, sem preposição.
Complementos verbais
Além da transitividade verbal, é importante compreender o papel dos complementos verbais, que são termos que completam o sentido dos verbos transitivos, pois esses verbos não têm significado pleno sem um complemento. Existem três tipos principais: objeto direto, objeto indireto e objeto direto e indireto (bitransitivo).
Objeto Direto
É o complemento que se liga ao verbo sem preposição obrigatória. Geralmente, responde à pergunta “o quê?” ou “quem?” em relação ao verbo.
Exemplos:
- O professor explicou a matéria. (Explicou o quê? A matéria.)
- Ela comprou um livro novo. (Comprou o quê? Um livro novo.)
Objeto Indireto
É o complemento que se liga ao verbo com preposição obrigatória. Geralmente, responde à pergunta “a quem?” ou “para quem?”.
Exemplos:
- Ele obedece aos pais. (Obedece a quem? Aos pais.)
- João sempre confia em seus amigos. (Confia em quem? Em seus amigos.)
Objeto Direto e Indireto
Alguns verbos exigem dois complementos simultaneamente: um objeto direto e um objeto indireto.
Exemplos:
- O professor ensinou matemática aos alunos. (Ensinou o quê? Matemática – OD; Ensinou a quem? Aos alunos – OI.)
- Enviei um e-mail ao gerente. (Enviei o quê? Um e-mail – OD; Enviei para quem? Ao gerente – OI.)
Quais as diferenças entre complementos verbais e adjuntos adverbiais?
A principal diferença entre complementos verbais e adjuntos adverbiais está na sua função dentro da oração.
Os complementos verbais são essenciais para o sentido do verbo, pois alguns verbos transitivos não têm significado completo sem eles.
Os adjuntos adverbiais, por outro lado, são termos acessórios, ou seja, não são indispensáveis para o entendimento da frase. Eles apenas acrescentam informações como tempo, lugar, modo, causa, entre outras.
Exemplos comparativos:
Complemento verbal (essencial)
- Mariana comprou um carro. (Comprou o quê? Um carro – objeto direto)
- Carlos respondeu ao professor. (Respondeu a quem? Ao professor – objeto indireto)
Adjunto adverbial (acessório)
- Mariana comprou um carro ontem. (Ontem indica tempo, mas sua retirada não compromete o sentido principal da frase.)
- Carlos respondeu ao professor com educação. (Com educação indica modo, mas sua retirada não altera a estrutura essencial da oração.)
Resumindo, complementos verbais são indispensáveis para o verbo, pois ele precisa deles para ter sentido completo. Já os adjuntos adverbiais são dispensáveis, pois apenas adicionam detalhes à ação verbal sem afetar seu significado essencial.
O uso da vírgula com complementos verbais e adjuntos adverbiais
Trata-se de um recurso muito importante na escrita e seu uso varia conforme a função do termo na oração.
Complementos verbais geralmente não levam vírgula. Os objetos diretos e indiretos são elementos essenciais ao verbo, por isso não devem ser separados por vírgula.
Exemplos:
- Correto: João leu o livro com atenção.
- Errado: João leu, o livro com atenção. (A vírgula não pode separar o objeto direto “o livro” do verbo “leu”.)
Os adjuntos adverbiais, por sua vez, são acessórios e podem ser deslocados na oração. Quando aparecem no início da frase ou são muito longos, recomenda-se o uso da vírgula.
Com vírgula (adjunto adverbial deslocado):
- Com atenção, João leu o livro.
- Ontem à noite, encontramos nossos amigos.
Sem vírgula (adjunto adverbial curto no final ou no meio da frase):
- João leu o livro com atenção.
- Encontramos nossos amigos ontem.
Confira um exercício sobre o assunto
IME (2015)
“Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.”
“Se hoje eu pudesse falar com aquele menino, diria-lhe que a poesia não é nenhum decassílabo de sete cabeças.”
Os pronomes em destaque desempenham, respectivamente, a função de:
A) adjunto adverbial / objeto indireto.
B) objeto indireto / objeto direto.
C) adjunto adnominal / objeto indireto.
D) adjunto adnominal / adjunto adverbial.
E) objeto indireto / objeto indireto.
Resposta:
Na primeira frase, “cujo fim é instantâneo ou indolor” caracterizam a palavra “romance”. Por isso, assumem a função de adjunto adnominal.
Já na segunda frase, “lhe” assume função de objeto indireto. Lembre-se que o “lhe” significa “a ele”. Portanto, é complemento precedido de preposição. Logo, a alternativa correta é alternativa C.
Gabarito: C
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