9 Filmes sobre escravidão para usar no repertório sociocultural

9 Filmes sobre escravidão para usar no repertório sociocultural

Filmes nacionais, internacionais e até documentário estão na lista. Confira mais abaixo

Três séculos, mais de 350 anos, 4,8 milhões de africanos trazidos para o Brasil, sem contar as pessoas que nasceram aqui já na condição de escravizados. O último país do continente a abolir a escravidão. Esses são alguns dos dados que mostram o tamanho e importância do assunto em terras tupiniquins.

O tráfico negreiro foi uma política de estado feita para atender a necessidade de ter mais trabalhadores braçais no Brasil Colônia. Fruto do racismo europeu, negros e indígenas foram escravizados no país até 1888, quando a Lei Áurea foi assinada.

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Após a data, nenhuma medida de suporte, apoio, ou ressarcimento foi feita a essas populações, que continuaram sofrendo preconceito, diversos tipos de violências e falta de acesso à educação básica e oportunidades de desenvolvimento pessoal e histórico.

Tal política afetou todo o mundo, mas principalmente os continentes aficano e americano: o primeiro por todos os danos causados com a diáspora e o segundo por ter recebido a maioria da população escravizada e, consequentemente, sua força de trabalho e inserções culturais diversas.

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Separamos nove filmes sobre escravidão que podem ser usados como repertório sociocultural nos vestibulares e também no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira a lista abaixo!

12 Anos de Escravidão (2017)

Vencedor do Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado em 2018, 12 Anos de Escravidão é baseado na história real de Solomon Northup. Ele é um homem negro nascido livre no norte dos Estados Unidos que é raptado em uma viagem a trabalho e escravizado no sul do país por 12 anos.

O livro, escrito por Solomon e lançado em 1853, se tornou um clássico no país e relata como foi o período em que ele viveu sob essa condição e como conseguiu se livrar da escravidão. Ao longo da história, é mostrado os descasos, crueldades e abusos sofridos pelo protagonista e por outros personagens negros.

Dentre os pontos mais importantes a serem notados estão o status de mercadoria que os escravizados viviam, o racismo e as consequências do período na sociedade atual e o contexto histórico: políticas do norte dos Estados Unidos e do sul antes da Guerra Civil — ou Guerra de Secessão — que aconteceu no país entre 1861 e 1865. 

Doutor Gama (2021)

O filme de 2021 conta a história real de Luiz Gonzaga Pinto da Gama, jornalista, escritor e advogado abolicionista brasileiro. Nascido livre, Luiz Gama foi vendido como escravo pelo próprio pai, branco e português, como pagamento por dívidas contraídas na jogatina.

Anos depois, Gama se alfabetiza e aprende Direito de forma autodidata, após não ser admitido no Largo de São Francisco por ser negro. Ao longo de sua trajetória, acompanhou aulas como ouvinte e na biblioteca do local e lutou pelo movimento abolicionista crescente no Brasil. Seu conhecimento jurídico ajudou a libertar mais de 500 escravos.

Apresentava, por meio de suas argumentações, ilegalidades nas relações entre senhor e escravizado. Tornou-se também um dos patronos da abolição da escravatura no Brasil. A obra, portanto, traz um relato histórico e pessoal de um personagem fundamental na história do país e que não tem o reconhecimento devido.

A Missão (1986)

A produção britânica “A Missão” contra a história de Mendoza — vivido por Robert De Niro —, um traficante de escravos do final do século XVIII que, após matar seu próprio irmão, se torna um jesuíta. Em sua jornada ele passa a defender a população indígena da escravidão e do genocídio na América do Sul.

O filme mostra como foi a Guerra Guaranítica, que aconteceu entre os anos 1750 e 1756. Após assinarem o Tratado de Madrid, espanhóis e portugueses forçaram os índios Guaranis a atravessarem o Rio Uruguai e deixar a região de Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul.

“A Missão” traz um capítulo da história de escravização e extermínio indígena no Brasil, em que só restavam três alternativas aos povos originários: aceitarem o cristianismo e os novos costumes, serem dizimados pelos colonizadores ou serem escravizados.

Harriet (2019)

Mais um filme biográfico na lista. Harriet Tubman foi ativista política durante a Guerra de Secessão estadunidense nascida sob condição de escravizada. Ao conquistar sua liberdade, passa a ajudar centenas de escravizados a fugirem do sul dos Estados Unidos.

Araminta Ross, seu nome como escravizada, fugiu após anos de exploração, inclusive sexual, da fazenda em que foi criada. Caminhou por mais de 150 quilômetros até chegar em um local que pudesse viver em paz. Ao trocar de nome, Harriet passou a resgatar pessoas, sempre sozinha e a pé.

Harriet teve reconhecimento por seus feitos em vida, mas tornou-se ícone da luta racial e do movimento sufragista no país apenas após sua morte, em 1913, no asilo que levava seu nome. 

Todos os Mortos (2020)

Todos os Mortos se passa em 1899, 11 anos após a abolição da escravatura no Brasil e traz dois núcleos de personagens: a família Soares, branca e ex-proprietária de fazendas de café e uma família que foi escravizada, composta por Iná (Mawusi Tulani) João (Agyei Augusto), seu filho.

Iná vivenciou o período de escravidão, mas João nasceu livre, o que faz com que a personagem tente impedir uma aproximação do seu filho com a família Soares. O filme mostra como foi o início do período sem a política de escravatura e o racismo existente na época.

Ao indicar como foi o período, o filme também mostra, aos poucos, como a sociedade atual foi construída e o racismo estrutural existente. Cenas com preconceito religioso e objetificação do negro fazem uma representação da transição entre a escravidão, que era institucional, com a miscigenação cultural que, décadas depois, tornou o Brasil um país racista que nega tal condição em diversas oportunidades.

A 13ª Emenda (2016)

O documentário “A 13ª Emenda” aborda um paralelo entre a superlotação do sistema penitenciário dos Estados Unidos com a criminalização da população negra do país. Parte da análise dele mostra como, mesmo depois de mais de 200 anos da abolição, os negros ainda são aprisionados e perseguidos.

O título é uma referência à 13ª emenda da Constituição estadunidense, que diz: “não haverá, nos Estados Unidos, ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado”.

A tese do documentário, portanto, indica que o aumento do encarceramento de populações excluídas e marginalizadas também faz parte de um plano de transformação de uma população escravizada em uma população servil a partir do encarceramento. 

Xica da Silva (1976)

Inspirado na história de Chica da Silva, o filme traz Zezé Motta no papel principal, uma mulher negra e escravizada que foi alforriada por João Fernandes, um contratador de diamantes que possuía imensa riqueza na época. Ao viver um relacionamento público com João, Chica passou a frequentar a alta sociedade da região de Diamantina, em Minas Gerais.

No filme, Xica da Silva passa a atuar ativamente na política, economia e moda da região, se vingando de tudo que passou no período em que foi escravizada. Mas, com a deportação de João para Portugal, a cidade se volta contra ela. 

A história se tornou novela em 1996 e é uma das produções mais conhecidas sobre o período, mas seus relatos são controversos e expõe o racismo vivido nas épocas em que as obras foram feitas. As visões passadas sobre a personagem, tanto na ficção quanto em escritos da época, criaram também um misticismo de quem realmente foi Chica.

Quanto Vale ou é Por Quilo? (2005)

“Quanto Vale ou é Por Quilo?” faz uma analogia entre a exploração da miséria, feita atualmente pelo marketing e o comércio de escravos existente no Brasil. O longa é uma adaptação livre do conto “Pai Contra Mãe”, de Machado de Assis.

A intenção do diretor Sérgio Bianchi e mostrar uma nova roupagem ao sistema escravagista trazendo cenas que exploram o oportunismo midiático, concentração de poder e de dinheiro, além da deturpação de valores morais de instituições que surgem com a intenção de ajudar populações excluídas, mas acabam agindo em favor de seu próprio interesse.

Ao traçar um paralelo com os tempos atuais, o filme pode ser usado como repertório sociocultural analisando a crítica feita na obra com situações cotidianas atuais e como elas são reflexos do período escravista brasileiro.

Quilombo (1984)

O Quilombo dos Palmares é o cenário de “Quilombo”, filme nacional de 1984 que retrata os últimos três últimos ‘governos’ do vilarejo: Acotirene, Ganga Zumba e Zumbi. Força de resistência, o povoado existiu entre 1630 a 1895 e chegou a ter mais de 20 mil pessoas na Serra da Barriga, que hoje fica localizado em Alagoas.

A formação de Palmares acontece em meio à invasão holandesa no nordeste, que enfraquece e divide as forças do governo colonial português. O filme mostra como o povoado se tornou uma força comercial e militar ao longo dos anos e como as forças coloniais se mobilizam para destruir o local e dizimar sua população, que resiste bravamente.

Baseada no romance “Ganga Zumba” de João Felício dos Santos, a obra é um relato do que foi o maior ponto de resistência afro-brasileira no período colonial. Por conta disso, ajuda a entender mecanismos da época e como as relações comerciais e de resistência se desenvolveram no local, além das reações contrárias movidas pela coroa portuguesa.

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