Round 6: como usar a série no repertório sociocultural da redação
Foto: AdoroCinema/Copyright NETFLIX/YOUNGKYU PARK

Round 6: como usar a série no repertório sociocultural da redação

Round 6 pode ser um ótimo repertório sociocultural, já que traz críticas sociais ao debate; veja como usar a série sul-coreana na redação

Nesta sexta-feira, 27 de junho, estreia a terceira temporada da série Round 6, na Netflix. A obra sul-coreana fez sucesso em todo o mundo ao trazer uma narrativa envolvente e brutal, centrada em pessoas endividadas que aceitam participar de jogos mortais em troca de um prêmio bilionário. 

Mais do que um suspense, a série conquistou atenção por suas camadas de crítica social, uma marca do cinema sul-coreano, que discute desde desigualdade econômica até a falsa sensação de liberdade. 

Por isso, Round 6 é uma excelente fonte de repertório sociocultural para ser usada em redações dos vestibulares e do Enem. A seguir, o Portal EV reuniu os principais temas abordados na série, explicando como cada um pode ser explorado de forma crítica e estratégica nas suas produções textuais. Confira abaixo!

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O que é o repertório sociocultural?

O repertório sociocultural é usado nas redações para fundamentar um argumento. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ele faz parte da competência número dois de avaliação da proposta de redação.

Nessa competência, a banca avalia se o candidato conseguiu “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.” 

Round 6: sinopse e contexto

Na série sul-coreana Round 6 (Squid Game), centenas de pessoas endividadas e em situação de vulnerabilidade são misteriosamente convidadas a participar de uma competição secreta com jogos inspirados em brincadeiras infantis. 

O prêmio é bilionário, e entre os competidores está Seong Gi-hun (interpretado por Lee Jung-jae), um homem desempregado, viciado em apostas que vê na disputa uma última chance de redenção. 

À medida que os jogadores enfrentam as etapas cada vez mais cruéis, alianças se formam e se rompem, e o instinto de sobrevivência entra em conflito com os limites éticos. Só depois do início dos jogos é que descobrem a verdade mais cruel: quem perde o jogo, morre.

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Desigualdade social e exploração dos vulneráveis

Em Round 6, todos os jogadores estão endividados, sem acesso a recursos, e vivem à margem da sociedade. São pessoas comuns, como um imigrante, uma idosa doente, um ex-empresário falido. 

A série mostra como o sistema social e econômico cria uma base de indivíduos vulneráveis que, por falta de alternativas, se submetem a situações humilhantes ou violentas. É mostrado como o sistema trata essas pessoas: são descartadas, esquecidas, invisíveis.

Em um diálogo marcante, o policial que investiga os jogos ouve que milhares de pessoas desaparecem todos os anos na Coreia do Sul e ninguém dá falta delas, só os cobradores e agiotas sentem sua ausência. 

Isso evidencia o abandono estatal e como o sistema financeiro continua cobrando, mesmo quando o indivíduo já foi destruído psicologicamente ou fisicamente. 

Isso permite discutir temas como exclusão social, desumanização dos pobres e desigualdade de oportunidades. Em redações, esse argumento pode fundamentar críticas ao abandono do Estado, à naturalização da miséria e a lógica da dívida e do lucro acima da vida.

Crítica à meritocracia e à falsa democracia

Ao participar do Squid Game (Round 6), os jogadores têm “direito” a uma votação democrática que decide, por maioria, encerrar os jogos. Parece justo, mas, quando voltam para suas vidas reais, encaram novamente a fome, os cobradores, os abusos. Aos poucos, acabam retornando “por vontade própria”, mas sob forte pressão social e econômica. 

A série desmonta a ideia de liberdade de escolha, revelando como a meritocracia é frágil em uma sociedade desigual. Pode ser usada na redação para discutir como o discurso da igualdade de condições esconde injustiças sistêmicas. Se você quer discutir esse tópico de forma mais profunda, confira abaixo:

Conceito filosófico: simulacro (Jean Baudrillard)

Em Round 6, os participantes acreditam que estão em um jogo justo, onde todos têm as mesmas chances e liberdade para decidir se continuam ou não. 

Porém, tanto no jogo quanto na vida real, essa liberdade é ilusória. O sistema os empurra para decisões que parecem livres, mas já estão condicionadas pela fome, pelas dívidas, pela exclusão.

Esse cenário se conecta ao conceito de simulacro, desenvolvido por Jean Baudrillard, que afirma que vivemos em uma realidade “falsa”, uma simulação da realidade que parece verdadeira, mas é construída para nos controlar. 

No caso da série, o jogo simula uma meritocracia justa e democrática, quando, na verdade, é apenas uma encenação violenta de opressão e desigualdade, como o próprio sistema social fora dali.

Desumanização e instinto de sobrevivência

Ao longo da série, os jogadores deixam de ver uns aos outros como seres humanos e passam a se tratar como obstáculos a serem eliminados. A violência cresce, alianças se rompem e até amizades de longa data são destruídas pela lógica do “matar ou morrer”. 

Isso mostra como, em contextos extremos, a empatia pode ser sufocada pela luta pela sobrevivência. Em redações, esse tópico é útil para discutir a corrosão dos laços sociais, a lógica do individualismo extremo e como sistemas opressores desumanizam o indivíduo.

Ganância e dilemas éticos

O prêmio bilionário é o principal motivador dos participantes, que enfrentam dilemas morais constantes. Até onde vale ir por dinheiro? Vale matar um amigo? Trair alguém? 

Em um dos jogos mais impactantes, jogadores precisam escolher entre salvar a vida do colega ou garantir sua própria. A série mostra como a ganância distorce valores, evidenciando o conflito entre ética e interesse pessoal. Esse tema é muito útil em redações que discutem corrupção, ambição desmedida, moralidade em tempos de crise ou a ética nas relações humanas.

Representatividade e crítica social

Round 6 apresenta personagens diversos, como idosos, uma desertora norte-coreana, um imigrante paquistanês, uma mulher trans, mulheres desacreditadas socialmente e uma jovem grávida abandonada pelo namorado. 

Cada um traz à tona questões sobre identidade, marginalização e preconceito, enriquecendo o debate social. A forma como esses personagens são tratados evidencia como certos grupos enfrentam múltiplas formas de exclusão. 

Esse tópico pode fortalecer redações sobre interseccionalidade, minorias sociais, xenofobia, racismo, etarismo ou desigualdade de gênero.

Crítica à mídia e ao entretenimento violento

O jogo é assistido por milionários (os “VIPs”) que apostam nos jogadores e se divertem com suas mortes, como se fosse um reality show. Isso remete ao papel da mídia e do entretenimento que, muitas vezes, lucra com o sofrimento alheio. 

A série faz alusão a como a sociedade consome violência como espetáculo, seja na TV ou nas redes sociais. É um ótimo repertório para discutir banalização da violência, espetacularização da dor, manipulação midiática ou até mesmo a ética da comunicação.

Cooperação e individualismo

Durante alguns jogos, os personagens tentam agir em grupo, criando laços e estratégias coletivas. Mas, diante da escassez e da pressão, o individualismo se impõe, e até os vínculos mais sólidos são rompidos. 

Esse contraste entre solidariedade e egoísmo mostra como o sistema promove a competição entre os próprios oprimidos. Em redações, essa reflexão serve para falar sobre a importância da coletividade, os limites da empatia sob pressão ou o modo como o sistema desestimula a união dos vulneráveis.

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