A segurança alimentar no Brasil é um tema político, econômico e social ao mesmo tempo, que abrange os impactos das decisões do governo, as flutuações econômicas e a constituição histórica, social e sanitária do país.
Uma população que possui segurança alimentar é aquela que tem disponibilidade de alimentos nutritivos e de qualidade. Para isso, é necessário que haja boa distribuição dos recursos e um controle no processo produtivo, de forma a abranger todos os cidadãos, independente da classe social ou região territorial.
Assim, o assunto torna-se complexo à medida que envolve diversas vertentes da vida social, política e do passo histórico brasileiro. Com isso, torna-se um tema importante para a formação cidadã, para a constituição de uma análise crítica sobre o cenário nacional e mundial, além de ser importante a construção de argumentos sócio-políticos.
Tais conhecimentos podem ser requisitados tanto na escrita de redações, no desenvolvimento de questões dissertativas ou, ainda, serem necessárias para a interpretação correta de um enunciado de uma questão alternativa. Se você deseja se preparar para quaisquer uma dessas situações, continue a ler este artigo.
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Conceito
O conceito de segurança alimentar a abrangente, considera um cenário em que toda a população tem acesso a alimentos que foram produzidos com o menor risco biológico possível, que sejam nutritivos e que sejam ofertados em quantidades adequadas para garantir a nutrição daquele povo.
Leva em conta também o acesso físico a esses alimentos, como eles chegam às diferentes regiões, quando chegam e como são distribuídos entre as famílias. Além disso, demanda um importante controle na plantação e colheita de vegetais, bem como supervisão do processo produtivo, entre muitas outras vertentes que envolvem organização política, social e econômica.
A segurança alimentar é avaliada em um determinado período de tempo, por exemplo, um ambiente que antes tinha boa disponibilidade, distribuição e qualidades dos alimentos, pode sofrer com catástrofes naturais e essa oferta sem alterada — o que pode gerar um cenário transitório de insegurança alimentar.
Insegurança e segurança alimentar no contexto brasileiro
Números levantados pelo IBGE indicam que, no ano de 2023, ao menos 27% dos lares brasileiros sofreram algum grau de insegurança alimentar que, em valores concretos, significa mais de 3,2 milhões de moradias que não tinham acesso à alimentação adequada. Observe que o dado faz a contabilização das residências, o que significa que o número de pessoas atingidas é grande, se for considerado que há, na maioria das casas, mais de um morador.
Os indicadores sociodemográficos do IBGE, no mesmo ano, apontam, ainda, que populações historicamente marginalizadas estão mais vulneráveis em termos nutricionais, de forma que as mulheres e pessoas negras são a maioria entre aqueles que sofrem insegurança alimentar no Brasil.
A situação atinge os indivíduos em diferentes formas: existem lares em que não se sabe até quando a alimentação vai durar e não previsibilidade de quando poderão ser comprados mais alimentos; em outras casas, o alimento pode durar um tempo maior, mas sempre em uma quantidade inferior à necessária para a nutrição adequada dos moradores; existem aqueles que, por falta de recursos, acesso e/ou disponibilidade, só conseguem comprar produtos alimentícios baratos, mas com pouco valor nutricional.
Em termos geográficos, as regiões do Norte e Nordeste do país que, historicamente, são mais atingidas pela desigualdade social, são as que apresentam maior índice de insegurança alimentar, especialmente nos estados do Pará, Amapá e Sergipe. Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste são as que garantem maior segurança alimentar aos seus moradores.
Fatores ambientais que interferem na segurança alimentar
A segurança alimentar relaciona-se diretamente com a agricultura, que garante a possibilidade de produzir alimentos nutritivos, de qualidade. Diante disso, todos os fatores que interferem no meio ambiente podem ser negativos e gerar insegurança no campo alimentício.
O desmatamento, degradação dos solos, a escassez de água, a poluição atmosférica, as mudanças climáticas bruscas, ondas de calor recorrentes, alterações no regime de chuvas e outros problemas ambientais causados pela ação antrópica estão entre os fatores que intensificam a insegurança alimentar no país.
Diante disso, a luta pela sustentabilidade e preservação do meio ambiente também abrange aspectos nutricionais, que permitem uma vivência mais digna a todos os seres humanos que compartilham o território brasileiro.
Estratégias para combater à insegurança alimentar no Brasil
A insegurança alimentar, além de afetar a qualidade de vida da população, também se relaciona com o aspecto sanitário da sociedade. Afinal, um povo que tem acesso precário aos alimentos nutritivos torna-se mais vulnerável em termos de saúde e/ou desnutridos.
Diante disso, diversos aspectos humanos, sociais e sanitários indicam que são necessárias ações urgentes para conter a insegurança alimentar no país. Diante desse cenário, o Brasil possui diversos programas de apoio à alimentação segura e também fornece renda mínima para as populações em condições de vulnerabilidade.
Entre esses programas de apoio social estão o Programa Bolsa Família, que garante uma renda per capita mínima que permita uma alimentação adequada para famílias grandes e marginalizadas.
Para a população em situação de rua, existem os restaurantes populares, conhecidos como “Bom Prato” no estado de São Paulo. Nesses estabelecimentos são servidas refeições nutritivas e equilibradas por um valor mínimo, geralmente em torno de R$ 3,00, que permite acesso alimentar aos que não tem condições de garantir a nutrição diária.
No estabelecimento da segurança alimentar, as escolas tornaram-se um ponto estratégico de intervenção governamental. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é vinculado ao Ministério da Educação, atende aos alunos de toda a rede pública de ensino. Ele proporciona refeições nutritivas e de qualidade aos estudantes durante seu período letivo, além de fornecer informações sobre alimentação para essa população em desenvolvimento.
Entre os anos de 2022 e 2023, análises epidemiológicas apontam que 13 milhões de brasileiros foram retirados da situação de insegurança alimentar moderada ou grave. Ao considerar o cenário histórico da década, em que houve uma pandemia, houve uma recuperação da situação anterior ao evento pandêmico, o que indica que os sistemas de combate à fome são, em algum nível, eficientes.
Questão sobre segurança alimentar
UNITAU (2019)
O MAPA DA FOME NO BRASIL
“Em uma investigação sobre o avanço da fome no país, foram ouvidos especialistas e instituições renomadas, além de terem sido levantados dados que revelam o rosto e as histórias de quem sobrevive com menos de 150 reais por mês. De 2014 para cá, quase dobrou o número de pessoas em condição de miséria extrema, segundo o IBGE. Quatro anos atrás, 7 milhões de brasileiros não tinham o que comer. Hoje, mais de 13 milhões passam fome no Brasil. De acordo com a fundação Getúlio Vargas, a fome tem endereço certo: negros, nordestinos, pessoas da zona rural ou das periferias das grandes cidades, com baixo nível escolar, e afeta principalmente as mulheres”.
Disponível em: https://www.viomundo.com.br/denuncias/ao-registrar-o-brasil-rumo-ao-mapa-da-fome-equipe-de-tv-vai-a-cidade-simbolo-do-bolsa-familia.html. Acesso em out. 2018.
A partir das informações do texto acima, sobre a fome no Brasil, é CORRETO afirmar:
A) A fome no Brasil, em algumas regiões, é epidêmica, como nos países africanos, pois existe um desencontro geográfico entre a produção de alimentos e a localização das famílias mais necessitadas.
B) A fome no Brasil é considerada endêmica, isto é, a população tem a comida, mas com má distribuição de calorias, e não epidêmica, como acontece com os países africanos, onde há escassez de comida para a população.
C) A fome no Brasil está relacionada exclusivamente à questão da pobreza, e seu combate implica um amplo e sustentável processo de políticas de geração de empregos e renda e de recuperação do poder aquisitivo dos salários.
D) O problema da fome no Brasil, considerada epidêmica nas décadas anteriores, foi superado, pois, atualmente, 22,3% da população brasileira com mais de 18 anos é considerada obesa.
E) As principais causas do aumento do número de pessoas em situação de grave segurança alimentar no Brasil são consequências de conflitos e de fenômenos climáticos em constante alteração.
Alternativa correta: B.
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