Pensadores da sociologia: Comte, Durkheim, Marx e Weber

Pensadores da sociologia: Comte, Durkheim, Marx e Weber

A sociologia é, basicamente, a ciência que estuda a sociedade. Ela se desenvolveu após as revoluções industriais, com as transformações que ocorreram nas organizações e civilizações ao redor do mundo. Nesse cenário, são citados clássicos pensadores da sociologia, que serão estudados neste artigo. 

Dada a importância de suas teorias no período em que foram escritas e também para os dias de hoje, e também para a influência ideológica de seus escritos, serão descritas resumidamente os trabalhos e vidas de Auguste Comte, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber.

Conhecer esses autores é importante para a resolução de provas como o Enem, Unicamp, Fuvest, UECE e outros vestibulares que costumam trazer à tona conhecimentos específicos ou aplicados de sociologia e suas nuances. Além disso, é um tema de importância para a constituição social e crítica dos cidadãos, então vale a pena ler, estudar e se aprofundar. Vamos lá?

Por que pensadores clássicos da sociologia?

Como mencionado, são citados quatro pensadores clássicos da sociologia, que têm grande influência sobre essa ciência até hoje. Mas quais são os critérios principais que os caracterizam dessa forma? É isso que buscamos responder neste tópico!

Auguste Comte é considerado o “pai da sociologia”, foi ele o primeiro estudioso a relatar a necessidade de desenvolver uma ciência capaz de explicar e entender a sociedade, suas organizações e peculiaridades. Segundo ele, esse conhecimento seria útil para o traçado de um desenvolvimento social normal e criar estratégias para intervir caso algo estivesse fora do padrão. 

Depois de Comte, Émile Durkheim aparece como um “complemento” de suas teorias. Foi ele quem propôs métodos de estudo para a sociedade, sobre como compreendê-la, classificá-la, destrinchá-las em suas mais variadas características. Nesse sentido, foi o responsável por trazer o estudo sociológico para o ambiente acadêmico.

Já Marx é um sociólogo contemporâneo de Durkheim, que também buscava compreender a sociedade, mas a partir de um ponto de vista diferente, com ideologias firmadas em maior equidade entre os pares. Por fim, é necessário falar sobre Max Weber, que traz inovações sobre como estudar a sociedade. Ele aborda conceitos diferentes, que nunca foram citados anteriormente, com um olhar peculiar quando comparado aos colegas clássicos. 

Contexto histórico dos pensadores da sociologia

Surgimento da sociologia

Os pensadores clássicos da sociologia estão englobados no cenário de surgimento da sociologia, no nascimento desta ciência de tamanha importância para a construção das sociedades atualmente. 

Esse evento aconteceu principalmente no século XIX, mas teve raízes em acontecimentos mundiais e locais desde o século XVI. Sabe-se que com o fim da Idade Média no século XIV, o contexto europeu estava passando por intensas transformações.

Além das sequelas deixadas pelas crises da Baixa Idade Média, havia também o nascimento e crescimento da burguesia, que cada vez mais tinha poder diante da sociedade, com seu comércio em ascensão. 

Ao mesmo tempo, mudanças religiosas importantes aconteceram nesse tempo: as concepções religiosas centradas no controle da Igreja Católica deixaram de ser únicas. Com as Reformas Religiosas, cidadãos passaram a ser autônomos na leitura e interpretação da Bíblia e, assim, novas vertentes cristãs nasceram. 

Isso propiciou maior sensação de liberdade para os europeus da época, que percebiam que sua lógica e razão poderiam ser explorados em qualquer contexto. Algo que se reforçou, novamente, pelo desapontamento burguês e maior contato com outras regiões comerciais. 

Nesse cenário, houveram revoluções científicas, maior antropocentrismo e sensação de poder por parte da população. É um período próximo à Revolução Inglesa, quando os indivíduos se posicionaram contra o absolutismo e conseguiram derrotar esse modelo político-social. 

Iluminismo e liberalismo

Nas Américas, ocorria o fenômeno da Independência das Treze Colônias (EUA), que ficou marcado por ideias mais liberais, republicanas e federalistas. Esse ímpeto de mudança contagiou o mundo e atingiu a Europa, com o aflorar da famosa Revolução Francesa, guiada pelos ideais iluministas de igualdade, fraternidade e liberdade. 

Industrialização

Algum tempo depois, o conhecimento humano e científico estava em crescimento exponencial, foi quando iniciou-se a Primeira Revolução Industrial, com novas possibilidades de desenvolvimento econômico e político e maiores oportunidades de trabalho.

Esse ponto é crucial para o desenvolvimento da sociologia, uma vez que os trabalhadores rurais   se deslocaram do ambiente rural para o urbano. Nessa troca, as condições de vivências eram precárias, com moradias insalubres, contextos de trabalho degradantes, fome, propagação de doenças, cargas horárias extensas, salários baixos, entre outros fatores negativos. 

Os estudiosos observaram esse contexto e perceberam que houve uma mudança no padrão social, desenvolveram teorias críticas quanto ao capitalismo que se instalava naquele momento, encontraram problemáticas relacionadas ao proletariado e aos donos dos meios de produção e muito mais. 

Auguste Comte (1798 – 1857)

Auguste Marie François Comte é um filósofo francês conhecido como pai da sociologia e desenvolvimento da teoria positivista, de grande importância para o estudo da sociedade durante o século XIX. 

A ideia proposta pelo estudioso é que a sociedade tem um padrão específico de desenvolvimento, que deve ser estudado e sistematizado. É a transformação da observação em ciência, com possibilidades de dar “diagnósticos” para determinado cenário sociológico, no sentido de encaixar cada grupo no tempo e modo certo de desenvolvimento. 

Segundo Comte havia Três Estados possíveis para o padrão de evolução da humanidade. O mais primitivo entre eles é o “estado teológico”, em que os fenômenos naturais são explicados a partir de mitos e narrativas religiosas.

O próximo passo é o “estado metafísico”, quando aquela civilização fica englobada em um contexto mais filosófico e a racionalidade se instala progressivamente nas camadas sociais. Mesmo assim, há indícios de explicações não baseadas em observações e métodos científicos, com presença notável de mitos e religião.

Por fim, o estado mais evoluído de uma sociedade seria o “positivo”, quando as respostas para os fenômenos naturais são encontradas a partir da observação e descrição da própria natureza. As ciências são sistematizadas, como a física, a biologia e a constante evolução e progresso.

Fica notável que o sociólogo seguiu uma vertente de pensamento mais focada na ascensão científica e tecnológica, nesse sentido, era importante que o sistema político permitisse o desenvolvimento dos homens enquanto indivíduos autônomos e racionais. É por isso que há uma posição de Comte contrária ao Antigo Regime e concordância com a Revolução Francesa. 

Karl Marx (1818 – 1883)

Marx é o desenvolvedor do materialismo histórico e dialético, também chamado de marxismo, que trata sobre uma relação dialética (dupla) entre as classes sociais. Segundo ele, desde os primórdios da humanidade, há uma disputa de um grupo com o outro, como por exemplo os senhores feudais e os camponeses, algo que ele chama de luta de classes. 

No contexto de surgimento da sociologia, essa característica se manifestava na disputa entre os interesses da burguesia, a classe dominante, e do proletariado, o grupo dominado. O elemento principal, nesses casos, é o material produzido pelo proletariado, em favor dos ganhos burgueses. 

Segundo ele, esse interesse diferente propicia desvalorização da força de trabalho dos empregados e acúmulo de capital para os donos do meio de produção. Ao mesmo tempo, os trabalhadores ficam alienados sobre o verdadeiro valor daquilo que fabricam ao longo do tempo, um aspecto importante para a construção dessa luta de classes.

Para romper com esse padrão, Marx propõe que o grupo proletário deveria se revolucionar, para a tomada dos meios de produção e estabelecer um governo baseado em seus valores. É nesse ponto que entra a teoria socialista e, posteriormente, a abolição da desigualdade social com o comunismo

Émile Durkheim (1858 – 1917)

Durkheim também é um estudioso francês, que se dedicou ao direito, economia, filosofia, ciências naturais, psicologia e também sociologia. Com uma grande base acadêmica, ele se dedicou a desenvolver um método e conceitos que pudessem ser aplicados em uma sociedade, sem que fossem inclinados para as ideias completamente rígidas da física ou orgânicas da biologia.

O objetivo era desenvolver uma ciência autônoma, com métodos e diretrizes próprias. Para isso, ele criou a teoria dos fatos sociais. É um arcabouço teórico que explica leis e padrões que podem ser encontrados nas sociedades, ao longo do tempo e ao redor do mundo.

Por exemplo, existem atitudes, modos de pensar e de agir que estão predominantemente ligados ao local de nascimento, cultura e hábitos de determinadas sociedades. São relações marcadas por expectativas e padrões de comportamento, como as relações familiares, as instituições (igreja, escola, trabalho), vestimentas adequadas a determinados ambientes, entre outros elementos. 

Outro tópico estudado por Durkheim diz respeito à forma como o trabalho é dividido dentro da sociedade, a depender das características daquela civilização. Por exemplo, a solidariedade mecânica acontece quando há uma grande coesão social, maior proximidade e intimidade entre os indivíduos — ele descreve esses aspectos para povos mais antigos e primitivos, que ainda não tiveram contato com o capitalismo.

Quando a sociedade já passou por um processo de industrialização, há maior influência do capitalismo, é o que ele considera como solidariedade orgânica. Nesse caso, há uma divisão mais sistemática do trabalho, com diversos mecanismos e órgãos para o funcionamento correto da sociedade. A desigualdade social é um fator marcante, sem a coesão entre os indivíduos, com um padrão de maior individualismo. 

Durkheim também foi responsável por desenvolver teorias a respeito do ato suicida, no sentido de causas sociais que possam estar relacionados com esse tipo de morte. Seja o suicídio que pensa no coletivo (suicídio altruísta), seja uma questão mais pessoal do indivíduo (suicídio egoísta) ou um caos social que leva a maior incidência de suicídios (suicídio anômico). 

Max Weber (1864 – 1920)

Alemão, o sociólogo Max Weber tem um posicionamento teórico contrário ao de seu contemporâneo Émile Durkheim. Para ele, não existem fatos sociais determinantes, mas ações sociais definidas a partir de aspectos individuais, e não coletivos.

Seu ponto de partida era do indivíduo para sociedade e, assim, comparar com o padrão esperado de comportamento dentro daquele grupo social. Assim, ele traz um rigor científico para observações que podem ser subjetivas, uma vez que considera as ações individualmente. 

As atitudes dos cidadãos podem ser definidas para buscar uma finalidade, como estudar com o objetivo de se estabelecer financeiramente. Por vezes, a atitude é mais voltada aos valores individuais, como escolhas que visam não prejudicar o colega de turma. 

Existem ainda, as ações escolhidas apenas porque é uma tradição familiar, social ou do grupo. Nesse caso não há influência racional, mas a ação justificada por aquilo que “sempre foi assim”. Por fim, encontram-se atitudes baseadas apenas no afeto e sentimentos passionais, que também não consideram plenamente a razão. 

Questões sobre pensadores da sociologia

(Unespar 2015)

Marx, Durkheim e Weber, os três autores clássicos da sociologia, tiveram, cada um a seu modo, uma vida política intensa e fizeram reflexões importantes sobre o Estado e a democracia de seu tempo.

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 179.

É sabido que cada autor clássico da sociologia, apontado no texto acima, buscou um objeto para que pudesse, com seu método, observar a realidade social. Nesse sentido, enumere a segunda coluna a partir da primeira e, posteriormente, marque a alternativa correta:

1) Karl Marx                   ( ) Fatos Sociais

2) Émile Durkheim      ( ) Classes Sociais

3) Max Weber                  ( ) Ação Social

a) 1, 2, 3;

b) 1, 3, 2;

c) 2, 3, 1;

d) 2, 1, 3;

e) Nenhuma das alternativas.

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