Sociologia contemporânea: importância social nos dias atuais

Sociologia contemporânea: importância social nos dias atuais

A sociologia contemporânea estuda as transformações que aconteceram na sociedade mundial ao longo do tempo, que culminaram nas configurações atuais de vivências entre povos e nações. O período estudado engloba, principalmente a pós-modernidade, especialmente no que diz respeito à globalização e seus impactos nas estruturas sociais. 

Neste artigo, encontre os principais tópicos estudados pela sociologia contemporânea, o impacto desses debates para as organizações políticas e como essa estrutura tem afetado, quase totalmente, as nações terrestres. Leia, aprenda sobre o tema e prepare-se para o vestibular, com questões de ciências sociais. 

Globalização e Transformações Sociais

Uma das principais características da sociedade atual é a globalização, processo que permite a intercomunicação entre as diversas nações, que possui prós e contras, a depender do ponto de vista observado. 

A globalização teve seu início desde os séculos passados, com as Grandes Navegações, que propiciaram contato mais importante entre os diversos continentes. Desde então, com a Revolução Industrial, que permitiu a produção científica e o desenvolvimento tecnológico, cada vez mais os países relacionam-se compartilhando suas características internacionalmente. Especialmente após a Segunda Guerra Mundial há inter-relação muito mais importante entre os territórios.

Anteriormente a esse processo, cada nação era pouco influenciada por territórios de outros continentes, as trocas interculturais ocorriam com povos próximos, então havia uma limitação para esses relacionamentos.

Diante disso, a globalização é um foco importante de transformações sociais porque agrega culturas multicontinentais atuando entre si. É o fenômeno da globalização que propicia, por exemplo, que um adolescente brasileiro coma lanches de fast food americano, acompanhado de um petit gateau francês, enquanto usa uma camiseta importada de marca europeia, navegando por sites de e-commerce chineses, ao ouvir k-pop coreano.

Veja que a globalização ocorre tanto nas barreiras físicas, então os sistemas de transportes comerciais fazem essa importação e exportação de produtos, como as barreiras tecnológicas, culturais e, inclusive, culinárias. 

Assim, há uma diversidade cultural muito ampla que atinge os mais variados países do mundo, devido ao mundo globalizado. Ao mesmo tempo, isso faz com que muitos lugares percam suas características culturais únicas, por “engolir” todos os aspectos alheios e não preservar a própria identidade. 

Do ponto de vista político e econômico, a globalização tem uma importante relação com a homogeneização dos sistemas, basta observar que o capitalismo impera sobre a imensa maioria das nações atualmente. 

Entre os sociólogos mais conhecidos do tempo contemporâneo está Zygmunt Bauman, um estudioso polonês que estuda especificamente essa transição entre a sociedade moderna e pós-moderna, após a Segunda Guerra Mundial. Para Bauman, a globalização propicia um ambiente de alienação, relativismo e fomenta a desigualdade, mas, ao mesmo tempo, também é um importante instrumento de possibilidades para o desenvolvimento individual e criativo, devido ao acesso à diversidade ampla. 

Desigualdades Sociais

Outro tema de suma importância para a formação cidadã e para o preparo pré-vestibular são as desigualdades sociais. Tal como aponta o termo, desigualdade é um desnivelamento entre as condições socioeconômicas, políticas, sanitárias e educacionais de uma população.

A principal forma que a desigualdade social é abordada nos debates atuais refere-se à questão econômica. Afinal, apesar do mundo ser globalizado e permitir diversas possibilidades para os indivíduos, nem todos possuem acesso aos mesmos recursos.

Historicamente, inclusive, países do Norte apresentam um desempenho econômico mais acirrado do que as nações e continentes do Sul. Parte dessa característica só existe porque é costume de países europeus e norte-americanos utilizar mão de obra, matéria prima e estruturas de países ao sul do mundo por um preço barato. Além disso, questões políticas e a forma como as nações foram colonizadas também determinam essas desigualdades. 

É necessário evidenciar que o desnivelamento social não é apenas um conceito econômico, mas muito mais abrangente. Dentro de um mesmo país, como o Brasil, é possível que os acessos aos sistemas e projetos de saúde sejam diferentes — um exemplo é a disparidade entre a infraestrutura presente em comunidades ribeirinhas no Norte, sem saneamento básico, e os condomínios de classe média (ainda que média baixa) da cidade de São Paulo (SP), com acesso à água tratada, coleta de esgoto e lixo.

Outra perspectiva de desigualdade abrange o processo educacional. Há uma tendência na sociedade atual de valorizar a meritocracia, entretanto, observa-se que os recursos acessados são completamente díspares entre as populações. Afinal, a estrutura capitalista propicia a venda da educação como um forte elemento de mercado, enquanto o poder público de muitas localidades pode precarizar o acesso ao conhecimento.

Assim, mesmo que tenham a mesma idade e capacidade de aprendizado, duas pessoas podem seguir caminhos educacionais completamente diferentes porque não há igualdade e nem equidade nos caminhos trilhados dentro da sociedade. 

Inclusive, é importante mencionar que algumas vertentes sociológicas apontam que a educação é a base da sociedade como um todo. Defende-se, assim, que um povo que não teve acesso minimamente equitário aos conhecimentos fundamentais pode ter dificuldade na capacidade crítica, com dificuldade para encontrar as vias corretas de lutar por seus direitos e exercer seus deveres de maneira clara. 

+ Veja também: Problemas sociais urbanos: quais são e como afetam a realidade

Relações de trabalho 

Na perspectiva da sociologia contemporânea, as relações trabalhistas têm sido amplamente estudadas por um processo recente, a uberização do trabalho, especialmente nas primeira e segunda década do século XIX. 

Durante muito tempo, as relações de trabalho formais restringiam-se a um empregador contratando um empregado, que vende sua força de trabalho em troca de valores e bonificações ao final de um período (geralmente um mês). Os tipos de trabalhos já eram variados, mas a interação chefe-funcionário sempre seguiu um padrão específico. 

Atualmente, muitas empresas têm abandonado as relações formais de trabalho para contratar microempreendedores individuais como prestadores de serviços. Assim, rompe-se o elo entre empregador-empregado, de forma que o trabalhador tem mais liberdade de demanda, horários e responsabilidades, a depender do contrato, ao mesmo tempo em que o contratante tem menos compromissos empregatícios com o serviçal.

Entretanto, esse tipo de relação também tem menor segurança para ambos os lados. Do ponto de vista social, esses prestadores de serviços perdem vantagens e direitos importantes, como afastamentos remunerados pela empresa em períodos de doença ou gestação. 

Esse tema está em amplo debate na sociedade atual, principalmente por conta de aplicativos de entrega, serviços de transporte, plataformas de e-commerce, sites e trabalhos online que foram extremamente fomentados durante a pandemia de Covid-19 e usam tal mão de obra.

Há uma vertente que defende que essa nova configuração de trabalho é uma liberdade conquistada, que deve ser valorizada. Por outro lado, muitos estudiosos advogam que essas entidades fornecem trabalho, mas não oferecem vínculo empregatício ao trabalhador, o que pode ser muito lucrativo para a empresa, porém pode restringir os direitos trabalhistas dos cidadãos.

+ Veja também: O trabalho na perspectiva sociológica: trabalho e sociedade

Participação Política

A participação política também tem sofrido transformações na sociedade contemporânea. No Brasil, por exemplo, há uma intensa polarização entre vertentes mais conservadoras e correntes mais progressistas. Veja alguns exemplos de movimentos sociais que têm levantado debates políticos nas nações globalizadas da atualidade: 

Movimentos Sociais

Os movimentos sociais são, historicamente, um importante elemento nas transformações da sociedade, atuantes no levantamento de debates relevantes para algum setor ou buscando melhorias específicas para populações necessitadas. 

Nos tempos atuais, está em grande destaque o movimento feminista, que luta pela equidade de posicionamento e reconhecimento social entre pessoas de gêneros diferentes, sejam homens ou mulheres. Então, busca que a fala, a produção científica, o trabalho e o lugar da mulher sejam tão garantidos, valorizados e remunerados quanto são para os homens. 

Outro movimento evidente atualmente é a luta antirracista, que busca proteger o direito de pessoas negras, indígenas, asiáticas e outras etnias não brancas. Devido ao passado histórico do Brasil e da maior parte dos países colonizados por europeus, há uma tendência em supervalorizar as pessoas de pele e traços brancos, enquanto que outras etnias são marginalizadas.

O objetivo do antirracismo é, justamente, garantir que o acesso à educação, saúde, regalias econômicas e direitos políticos sejam igualitários entre as pessoas brancas, pretas, pardas, indígenas, asiáticas ou de outras características étnicas. 

Além disso, outro grupo que luta pela minoria é o movimento LGBTQIA+, que engloba pessoas que identificam-se com gêneros e sexualidades diversas. A sociedade foi construída com bases heteronormativas, com uma divisão muito rígida de gêneros e relações sexuais (homem e mulher). Então, o discurso do movimento social é garantir liberdade e igualdade social para pessoas que não se identificam com esses moldes, seja em relação ao gênero ou sexualidade. 

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Sociedade, Clima e Sustentabilidade

Do ponto de vista ambiental, a sociedade atual tem um embate importante entre sustentabilidade, clima e economia. Observa-se que o capitalismo evoluiu de forma que o acúmulo de riquezas e produtos é prestigiado. 

Por outro lado, a produção massiva demanda recursos naturais, matéria prima e ainda libera conteúdos tóxicos para a natureza. Com isso, há vertentes que buscam uma produtividade, consumo e alimentação sustentável — de maneira que os substratos utilizados são retirados com o mínimo de dano ambiental possível, ao mesmo tempo que as compras e descartes deveriam ser realizados de maneira consciente e cuidadosa e a alimentação baseada em alimentos reais, de maneira equilibrada. 

Como trata-se de um mundo globalizado, existem os acordos e reuniões internacionais que discorrem sobre o meio ambiente e sua evolução, buscando agregar o máximo de nações comprometidas na preservação do planeta Terra. Um exemplo importante é o Acordo de Paris, que tratava sobre a emissão de gases tóxicos para a atmosfera, que gerou um grande debate quando o presidente Donald Trump abandonou a participação dos EUA. 

Sociologia Contemporânea: Novas Tecnologias e Sociedade

Atualmente, ainda, é possível falar sobre a sociologia contemporânea a partir da perspectiva das tecnologias, que estão em pleno desenvolvimento no presente século. Um dos debates mais atuais sobre o tema são as inteligências artificiais e a repercussão delas sobre as estruturas sociais. 

Conhecidas como IAs, são máquinas programadas para realizar tarefas que antes eram feitas por humanos, e de forma mais inovadora, agem como humanos. O principal dilema está na substituição da mão de obra humana por robôs, o que direciona o trabalho humano para conhecimentos cada vez mais especializados. 

Novamente, essas alterações podem reforçar o processo de desigualdade social, porque uma sociedade com poucas bases educacionais pode ficar com escassez de empregos. Ao mesmo tempo em que países mais ricos e desenvolvidos podem dominar esse desenvolvimento, assim, reforçam-se as desigualdades já existentes. 

Questões sobre sociologia contemporânea

As imagens I e II retratam situação-problema concernente às relações sociais e ao consumismo na era pós-moderna.

Leia o texto sobre a série britânica Black Mirror, que retrata a influência das redes sociais nas atitudes cotidianas das pessoas.

A série britânica Black Mirror (Espelho preto) retrata, no episódio Nosedive [Queda livre], uma cidade futurista onde as pessoas avaliam e são avaliadas o tempo todo por suas postagens e atitudes diárias. O resultado dessa avaliação ocorre por meio da quantidade de likes (curtidas) que as pessoas recebem e, assim determina-se, por exemplo, que tipo de carro as pessoas podem alugar, que tipo de casa podem comprar e até mesmo que tipo de evento podem frequentar, ou seja, as notas geradas pelo número de likes, determinam o status social das pessoas.

As imagens I e II ilustram dois momentos distintos da personagem principal, Lacie, que encara o processo com destrutiva obsessão por likes e aprovação alheia. Na imagem I, a personagem (com roupão e toalha na cabeça) sorri numa self de apresentação que mostra sua nota de avaliação positiva nas redes sociais. Na imagem II, Lacie aparece com aspecto sujo, cabelos desarrumados e com maquiagem borrada, forçando um sorriso na tentativa de mostrar que continua a mesma pessoa, ainda que tenha recebido avaliação negativa. Com o rebaixamento de suas notas e, consequentemente, sua marginalização social, a personagem demonstra seu desespero em meio à falta de aprovação social. Além dessa representação sobre as relações e as conexões entre os indivíduos nas redes sociais, o episódio Nodivide traz também uma reflexão sobre a ideia de conquistar a felicidade, a partir do consumismo orientado socialmente.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/tv/noticia/2016/11/episodi https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/tv/noticia/2016/11 (adaptado)

O conceito de modernidade líquida, apresentado por Zygmunt Bauman, pode ser referência para a análise do texto, pois a situação-problema retratada traduz

A) a fetichização das marcas, que deixa de valorizar o produto em si, passando a destacar somente seu fabricante e o seu preço como essenciais dentro dos relacionamentos sociais.
B) os indivíduos e suas diversas lutas em busca de reconhecimento social, já que as conexões entre os indivíduos tornam-se cada vez mais complexas, essenciais e duráveis nas sociedades.
C) o consumo de mercadorias por parte dos indivíduos que almejam alcançar a visibilidade nas redes sociais e, para isso, constroem virtualmente novos laços de solidariedade.
D) o avanço das tecnologias que cumprem com seu papel de solidificar e de burocratizar as relações individuais e institucionais, tornando-as rígidas e duradouras nas sociedades modernas.
E) a objetivação do sujeito pelo capitalismo que se torna um empreendedor de si mesmo, além de ter sua identidade reduzida pelo padrão de consumo, externalizado e reproduzido nas relações e nas redes sociais.

Alternativa correta: E. 

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