A sociologia é a ciência que estuda a sociedade, as relações sociais, as classes e divisões entre os indivíduos de uma população, as estruturas de trabalho e as instituições sociais. Então, a sociologia no Brasil abrange toda a história do país em seus estudos, considerando as peculiaridades e características únicas da nação e seu povo.
Neste artigo, você conhecerá um pouco mais sobre o histórico da sociologia brasileira, como ela se iniciou, quais os temas mais abordados e, além disso, um panorama sobre os principais autores, como Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes e Paulo Freire. Aprenda agora!
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Histórico da sociologia no Brasil
A sociologia brasileira entrou em efervescência a partir do século XX, principalmente, em que toda a América Latina estava com diferentes problemas sociais. Nesse período, também, o comunismo e o capitalismo eram dois modelos político-sociais possíveis, então debater essas questões era importante, o que chamava a atenção no aspecto sociológico.
Mas, antes de decidir um sistema político ou criar conceitos sobre a sociedade, é preciso entendê-la do ponto de vista histórico. Então, os primeiros sociólogos brasileiros debruçaram-se em compreender o passado do país, como as classes sociais se estabeleceram, como é a relação entre as etnias e assim por diante.
O caminho da sociologia no Brasil seguiu, também, e evolução do país ao longo do tempo: enquanto a vida rural era predominante, os estudiosos observaram os aspectos sociológicos da agricultura e seus modos de trabalho; com a industrialização do país, em meados do século XX, as novas relações produtivas, o ambiente urbano e seus problemas socioeconômicos ganharam destaque nas pesquisas.
A democratização desse conhecimento, entretanto, atravessou alguns obstáculos ao longo dos anos. Durante a ditadura militar que iniciou-se na década de 1960, o estudo sociológico foi reprimido e, inclusive, retirado do escopo das matérias escolares. Atualmente, é uma matéria obrigatória no currículo da educação básica brasileira.
Autores clássicos da sociologia no Brasil
Sérgio Buarque de Holanda (1902 – 1982)
Sérgio Buarque de Holanda é um historiador e sociólogo brasileiro, que tem reputação importante no cenário nacional e internacional, considerado um dos mais importantes teóricos do século XX. Sua obra de maior destaque é “Raízes do Brasil”, que foi publicada em 1936, em que ele aborda aspectos da história brasileira e a formação da sociedade brasileira, com teorias baseadas na visão do teórico alemão Max Weber.
Segundo Buarque de Holanda, o Brasil foi construído às custas da colonização ibérica (Espanha e Portugal) e sempre em torno de uma “mistura” de povos, tanto africanos, como espanhois, como indígenas e portugues. Assim, não há um sangue puro, um tipo ideal de indivíduo que representasse a hierarquia brasileira.
Ao mesmo tempo, ele defendia que a estrutura da colonização fez com que os humanos protegessem suas famílias, suas posses em detrimento de ter um olhar mais coletivo sobre as circunstâncias. Dessa forma, surgiria um caráter mais individualista do indivíduo brasileiro, em que o privado é sobreposto ao público, característica que, segundo ele, se refletia na sociedade do século XX.
+ Veja também: Pensadores da sociologia: Comte, Durkheim, Marx e Weber
Florestan Fernandes (1920 – 1995)
Florestan Fernandes foi escritor, político, professor e sociólogo de importância para a sociedade brasileira, especialmente porque levantou debates sobre temas relacionados à população negra e à população indígena.
Sua perspectiva de pesquisa era compreender como se deu a inserção dos povos não-brancos no contexto social brasileiro. Entre essas etnias estão os indígenas e os negros, especialmente os escravizados e seus descendentes, que precisavam ser reintroduzidos na sociedade após a abolição da escravidão.
Além de estudar sobre a desigualdade étnica no país, Florestan observou que a desigualdade econômica resultou, também, em segregação social. Ele vivenciou essa realidade, uma vez que não era de origem rica e, muitas vezes, sofreu a estigmatização econômica do “pobre”.
Segundo ele, então, a melhor forma de criar uma sociedade mais justa e igualitária seria por meio da educação qualificada e da democracia, de forma que todos tivessem voz política, independentemente da cor da pele ou da classe social, mesmo que com opiniões diferentes. Afinal, o autor concluiu que o Brasil é desigual social, econômica e etnicamente, e esse disparate atinge mais intensamente aos não-brancos.
Gilberto Freyre (1900-1987)
Gilberto de Mello Freyre foi sociólogo brasileiro, entre muitas outras atribuições, como antropólogo e até deputado. Engajado em causas políticas, acadêmico e estudioso, Freyre publicou uma obra de grande destaque no século XX, denominada “Casa-Grande & Senzala”, na qual aborda os principais aspectos e protagonistas da formação da sociedade brasileira.
O sociólogo também se inspirou em obras weberianas para formular suas teorias e, nessa obra mais famosa, concluiu que o Brasil é um país miscigenado, formado nas bases da colonização e da violência.
A ideia, nesse caso, é que, de alguma forma, a mistura étnica concebeu uma convivência harmoniosa entre brancos, pretos e indígenas, algo que ele denominou como democracia racial. Essa tese foi e é amplamente criticada, porque, segundo os críticos, minimiza as desigualdades vivenciadas por pretos, pardos e indígenas na sociedade brasileira.
Darcy Ribeiro (1922-1997)
Darcy Ribeiro é um mineiro, que foi sociólogo, escritor, acadêmico e até ministro da educação no Brasil. Sua obra sociológica garantiu enfoque para a população indígena, além de retratar os aspectos mais diversos e da cultura brasileira — em seu livro “O Povo Brasileiro” ele constroi essa descrição e considera todas as influências étnicas que constituem a nação.
Sua luta política iniciou ainda no governo de João Goulart, como ministro da educação, depois sofreu em opressões e perseguições durante a ditadura militar do século XX e, por fim buscava a implementação de projetos de educação básica no estado do Rio de Janeiro, como vice-governador, ao lado de Leonel Brizola.
Caio Prado Júnior (1907-1990)
Na mesma perspectiva de criar uma sociologia brasileira a partir de um aspecto histórico, o historiador e sociólogo Caio Prado Júnior. Sua revisão da história teve como base o materialismo histórico proposto nas obras de Karl Marx, mas suas ideias são inovadoras e contextualizadas ao cenário do Brasil.
Ao observar as relações de trabalho no Brasil, que parte de uma visão colonialista e escravista, concluiu que a Colônia, o Império e a República possuem certa influência entre si, de forma que as estruturas do presente sempre remetem às do passado.
Assim, as classes sociais e estruturas de poder mantêm-se semelhantes, precisam ser estudadas, interpretadas e, a partir de então, encontrar soluções para tornar a sociedade mais igualitária social e economicamente.
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