O dia 08 de março é símbolo internacional da luta de direitos das mulheres, uma data importante para relembrar nomes femininos que ultrapassaram barreiras de gênero, classe e raça para acessar o ensino, e tornaram-se as primeiras mulheres em suas áreas de estudos no Brasil.
Na Medicina, no Direito, nas Engenharias e em outros campos, conheça, no texto de hoje, a história de mulheres que abriram caminho na busca pela equidade de gênero na Ciência e no Trabalho.
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Rita Lobato Velho Lopes – Medicina
Nascida em 1866, no Rio Grande do Sul, Rita Lobato Velho Lopes se inspirava no médico que atendia sua família e desde criança revelava seu desejo de seguir carreira na medicina. Já adolescente, Rita perdeu sua mãe durante um parto e em meio ao luto decidiu que seria médica para evitar esse tipo de acontecimento com as mulheres.
Com 18 anos, em 1884, quando mudou-se com o pai e os irmãos para o Rio de Janeiro, Rita ingressou na Universidade de Medicina do Rio de Janeiro — atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — e cursou o primeiro ano da graduação de Medicina. A aspirante a médica precisou mudar-se novamente, e concluiu seu curso na Faculdade de Medicina de Salvador, formando-se como a primeira médica do Brasil.
Enedina Alves Marques – Engenharia Civil
Além das barreiras de desigualdade de gênero, Enedina Marques também precisou superar o racismo para ser a primeira mulher negra a se formar em Engenharia Civil no Brasil, no ano de 1945, na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A engenheira nasceu em 1913, em Curitiba, e precisou trabalhar como babá e como empregada doméstica para custear seus estudos até a graduação, que naquela época não eram gratuitos. Na carreira, Enedina trabalhou no Plano Hidrelétrico do Paraná e no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu, além das construções do Colégio Estadual do Paraná e da Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU).
Anna Frida Hoffman – Engenharia Química
Primeira mulher formada na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Anna Frida Hoffman concluiu a graduação em Engenharia Química em 1928. Antes dela, a Poli só havia recebido alunas ouvintes, sendo Eunice Peregrino Caldas, em 1893, e Alicina Maria Moura, em 1904.
Depois de formada, Anna Hoffman ainda trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da faculdade. Hoje, a engenheira dá nome ao Prêmio Anna Hoffman, que exalta trabalhos femininos na área das Engenharias.
Maria Augusta Saraiva – Direito
Maria Augusta Saraiva nasceu no interior de São Paulo, e na adolescência mudou-se para a capital, onde, em 1902, foi a primeira mulher a se formar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco — atual Faculdade de Direito da USP.
Desde a escola, Maria sonhava em cursar Direito, construindo um histórico escolar que possuía certificados de exames expedidos pelo Curso Anexo à Faculdade de Direito de São Paulo e pela Secretaria de Estado dos Negócios do Interior de São Paulo. Foi a partir dessa determinação que ela decidiu redigir um requerimento escrito à mão ao diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, pedindo-lhe que sua matrícula fosse autorizada.
Antes de Maria Augusta, a única mulher que havia exercido o direito no Brasil — mas sem se graduar — foi Myrthes Gomes de Campos, que se inscreveu no Instituto dos Advogados do Brasil (que antecedeu a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB) e atuou no seu primeiro caso no Tribunal do Júri do Rio de Janeiro em 1899.
Maria Laura Mouzinho Leite Lopes – Matemática
A matemática Maria Laura Mouzinho Leite Lopes é um dos grandes nomes da Ciência brasileira, fez parte da fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM).
Nascida em Pernambuco, em 1917, concluiu sua graduação em 1942, e em 1949 terminou seu doutorado, formando-se como a primeira mulher Doutora em Matemática do Brasil. Além disso, também foi a primeira mulher a se tornar membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
Como professora, Maria Laura deu aulas na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), onde foi a primeira mulher a ministrar aulas de geometria no curso de Engenharia.
Annita de Castilho e Marcondes Cabral – Psicologia
Annita de Castilho e Marcondes Cabral nasceu em 1911, no interior do estado de São Paulo, mas ainda na infância mudou-se para a capital paulista, onde fez sua trajetória de trabalho na Psicologia, apesar de ter cursado graduação, mestrado e doutorado em Filosofia. Naquela época, a Psicologia ainda era estudada como parte da Filosofia, sem autonomia.
Em sua carreira, Anitta atuou no Serviço de Psicologia Aplicada, que posteriormente, foi transformado no Laboratório de Psicologia Educacional do Instituto de Educação da USP, na Seção de Medidas Mentais e coordenou atividades de estagiários ligadas à aplicação de técnicas de exames psicológicos. Seu feito mais importante, entretanto, foi a criação do primeiro curso de Psicologia do Brasil, na Universidade de São Paulo.
Nísia Floresta – Filosofia
Natural do Rio Grande do Norte, Nísia Floresta nasceu em uma família abastada em 1810, e viveu em vários lugares do Brasil, mudando-se também para a Europa durante um período. No Velho Continente, conviveu com Augusto Comte, filósofo que inaugurou o Positivismo.
Influenciada pelas Ciências Positivas de Comte, Nísia voltou ao Brasil e rompeu barreiras de gênero para fundar uma escola de Filosofia para meninas. A filósofa é considerada umas das primeiras feministas brasileiras, e foi a primeira mulher a publicar em jornais, textos nos quais ela questionava o papel social das mulheres e defendia direitos para negros e indígenas.
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