Planejar uma cidade e os espaços existentes nela é uma tarefa complexa. Detalhes como localização de ruas, permissões para edifícios variados e suas estruturas, trânsitos, condições sanitárias e como isso tudo convive com as pessoas e o funcionamento desses locais.
Toda a organização dos espaços urbanos são planejados dentro do conceito de urbanismo, e envolve o planejamento de uma cidade por meio de leis, com o plano diretor como o principal ponto nesse sentido. Há também questões sociais em debate, que se conectam com problemas estruturais de tais espaços.
Na definição da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, “o curso busca formar profissionais generalistas, capazes de compreender as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidades, com relação à concepção, organização e construção do espaço interior e exterior, abrangendo o urbanismo, a edificação, o paisagismo, bem como a conservação e a valorização do patrimônio construído, a proteção do equilíbrio do ambiente natural e a utilização racional dos recursos”.
Arquitetura e Urbanismo, inclusive, é um dos principais cursos disponíveis no Brasil, presente em instituições públicas como Unicamp, UFRJ, UFMG, UnB, UFSC, UFPR, UFBA, UEL, UFPE, UFPA e outras.
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O que é plano diretor?
O chamado Plano Diretor Estratégico (PDE) é uma lei municipal que estipula as diretrizes de desenvolvimento e crescimento urbano de um município como um todo. Dessa forma, os próximos passos em relação ao que será feito estruturalmente na cidade são pontuados no PDE.
A lei é elaborada com a participação da sociedade e após ser delimitada passa a contar com ações do poder público e da iniciativa privada para que suas ideias e regras sejam cumpridas por toda a cidade. Além disso, o PDE costumeiramente conta com um prazo e pode passar por revisões ao longo dos anos de vigência, antes de um novo documento ser construído.
Confira temas que abordam o urbanismo e que podem aparecer nos vestibulares
Urbanismo é um tema muito presente nos vestibulares, trazendo dados demográficos e situações que podem ser usadas em praticamente todas as disciplinas. Confira alguns temas abaixo.
Urbanização brasileira
No artigo “A história da urbanização brasileira”, do instituto de pesquisa WRI Brasil, o pesquisador Flávio Villaça divide o processo de urbanização do país em cinco fases. São elas:
- Planos de embelezamento (1875 – 1930): fazer ruas mais largas e empurrar a população de baixa renda para áreas distantes da região central, numa fase marcada pelo higienismo;
- Planos de conjunto (1930 – 1965): momento em que os planos passa a se preocupar com diretrizes para todo o território urbano, e não só determinadas regiões;
- Planos de desenvolvimento integrado (1965 – 1971): são incorporados aspectos não relacionados diretamente com o território, como cenários sociais e econômicos;
- Planos sem mapas (1971 – 1992): em contrapartida ao plano anterior, aqui há a existência de projetos simplificados — até demais — reduzindo muito os limites e funcionamentos de um planejamento urbano; e
- Constituição de 1988 e Estatuto da Cidade (1992 – 2001): o planejamento urbano agora é visto como processo político e social, com participação da população, inclusive. São incluídos pontos que tocam em justiça social, preservação do meio ambiente e desenvolvimento econômico.
E esse processo conta com aumento vertiginoso da taxa de urbanização brasileira, que foi de 31% de população urbana na década de 1940 para 84% na década de 2010, segundo o IBGE. Isso somado ao aumento no número de habitantes: em 1940 éramos 40 milhões e atualmente somos mais de 210 milhões de brasileiros.
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Urbanismo social
Em 2022 o laboratório Arq.Futuro de Cidades, do Insper, lançou o ">Guia de Urbanismo Social, que toca em pontos como governança, dimensões socioeconômica e cultural, sustentabilidade urbana, ordenamento territorial e aspectos jurídicos e financeiros.
O conceito tem inspiração na cidade colombiana de Medellín, considerada o grande caso de sucesso da América Latina. Vale lembrar que, nos anos 90, a cidade era considerada a mais violenta do mundo por conta do controle do narcotráfico e tensões políticas locais.
O documento também apresenta em seus principais aspectos uma abordagem integrada do planejamento urbano, ações concretas de entrega rápida, priorizações em territórios considerados violentos e prega participação social deliberativa da comunidade local na gestão urbana do espaço.
Ao pensar em urbanismo, portanto, é importante observar que não se trata apenas de casas, ruas e populações, mas sim educação, saúde, cultura, lazer, segurança e como todos os espaços conversam entre si, tornando a cidade agradável e eficiente para seus moradores.
Urbanismo sustentável
Sustentabilidade é outro tema frequente nos vestibulares e as relações do assunto com as cidades de modo geral também pode se fazer presente. O conceito de urbanismo sustentável envolve considerar quatro pontos: meio ambiente, mobilidade, qualidade de vida e interação entre governo e cidadãos.
O urbanismo sustentável envolve respeitar a identidade cultural e tradições dos espaços, com eficiência de recursos, respeito pela natureza, soluções que minimizem prejuízos climáticos, visão de futuro, acessibilidade e engajamento, ou seja, que as pessoas participem e que haja colaboração entre poder público e privado no bem-estar da população.
O artigo “Urbanismo sustentável: de volta para o futuro?”, do ArchDaily, discute também as mudanças climáticas cada vez mais presentes em nosso cotidiano e como o planejamento das cidades pode amenizar não só os efeitos, mas também os gastos energéticos e diminuir tipos distintos de poluição, por exemplo.
O futuro do urbanismo
O processo de urbanização é uma tendência global, mas a porcentagem mundial entre pessoas que moram nas cidades ou que moram no campo é de 55% x 45%, respectivamente. Se em 1950 existiam apenas duas cidades com mais de 5 milhões de habitantes, Nova Iorque e Tóquio, atualmente são dezenas, com destaques para cidades na China e na Índia.
Com isso, conceitos para além dos já citados surgem como soluções para alguns problemas de cidades que já são grandes e que precisam de ideias de revitalização. O urbanismo tático é um desses conceitos, e consiste em realizar intervenções simples, mas com rápido impacto nos locais onde são inseridos.
Alguns movimentos temporários como abrir ruas, praças e ciclofaixas são exemplos aplicáveis ao conceito, assim como apropriar espaços subutilizados para realização de atividades culturais.
Além disso, o uso de tecnologias que solucionam ou amenizam problemas das cidades atuais também são pontos discutidos. Transportes coletivos subterrâneos mais rápidos, descentralização das atividades econômicas, uso de iluminação em LED e materiais de construção sustentáveis e reaproveitáveis são exemplos.
Documentários sobre urbanismo
Confira duas listas feitas pelos portais ArchDaily e DW, que contam com documentários que abordam os temas citados acima e trazem perspectivas mundiais sobre os assuntos: “Urbanismo e cinema: sete cidades em documentários” e “8 Filmes em que a arquitetura e o urbanismo são protagonistas”.
Questões sobre urbanismo
Unaerp (2019)
O Ministério das Cidades foi criado no Brasil no ano de 2003. Além de auxiliar os municípios, dentre outras maneiras, através da produção de materiais que orientem às prefeituras na elaboração de seus planos diretores e planos setoriais, o Ministério é responsável por realizar os Conselhos das Cidades e por articular as políticas de desenvolvimento urbano. O Ministério das Cidades é subdividido nos seguintes setores:
A desenvolvimento urbano, habitação, mobilidade urbana e saneamento ambiental.
B desenvolvimento urbano, sustentabilidade, saneamento ambiental e gestão hídrica.
C sustentabilidade, habitação, meio ambiente e mobilidade urbana.
D mobilidade urbana, meio ambiente, segurança e habitação.
E demografia, gestão hídrica, meio ambiente e mobilidade urbana.
Alternativa correta: A
UFJF (2014)
Leia o seguinte texto:
Mobilidade sustentável
A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento social e econômico do país, no qual as crescentes taxas de urbanização, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas.
(…) A necessidade de mudanças profundas nos padrões tradicionais de mobilidade, na perspectiva de cidades mais justas e sustentáveis, levou à aprovação da Lei Federal nº 12.587 de 2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana e contém princípios, diretrizes e instrumentos fundamentais para o processo de transição.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/ mobilidade-sustentável>. Acesso em: 19 jun. 2014.
As mudanças nos padrões tradicionais de mobilidade urbana são necessárias para:
A aumentar a retomada do crescimento econômico, pautado na circulação de veículos automotores e caminhões.
B diminuir o volume da circulação de pessoas, visando criar mecanismos de centralização das atividades econômicas.
C estimular o crescimento da indústria aeroespacial nacional com o aumento da produção de helicópteros.
D melhoria da qualidade de vida urbana, visando uma cidade menos poluída e com maior fluidez no trânsito.
E viabilizar o maior fluxo de veículos individuais que possuem maior autonomia, são mais compactos e menos poluentes.
Alternativa correta: D
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