Cubismo Analítico: o que foi, principais características e artistas 

Cubismo Analítico: o que foi, principais características e artistas 

Entenda o que foi o Cubismo Analítico, estilo que ficou conhecido por romper com a forma tradicional de representar o mundo visível

No início do século XX, o Cubismo surgiu na Europa como uma das maiores revoluções da arte moderna. O movimento rompeu com a forma tradicional de representar a realidade, substituindo a perspectiva linear e o realismo por uma visão fragmentada e geométrica do mundo.

Neste artigo que o Estratégia Vestibulares preparou, você vai entender o que foi o Cubismo Analítico, sua importância dentro do movimento e as características que transformaram significativamente a maneira de ver e representar a realidade. Confira!

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Conceito e origens do Cubismo Analítico

O Cubismo Analítico foi a primeira fase do movimento cubista e também a mais rigorosa em seus princípios. Surgido entre 1907 e 1912, em Paris, ele foi desenvolvido principalmente por Pablo Picasso e Georges Braque, que buscavam romper com a forma tradicional de representar o mundo visível.

Essa fase recebeu o nome de analítica porque tinha como objetivo analisar e decompor os objetos em suas partes fundamentais — planos, linhas e formas geométricas —, permitindo que fossem vistos de vários ângulos ao mesmo tempo.

Em vez de representar a aparência externa, os artistas tentavam mostrar a estrutura interna e a essência do objeto, como se o observador o percebesse de modo mais completo e intelectual.

Com isso, o Cubismo Analítico rompeu definitivamente com os princípios da arte renascentista, especialmente com a perspectiva única e o ilusionismo tridimensional. 

A pintura deixou de imitar a realidade para se tornar um sistema próprio de representação, no qual a forma é construída a partir da razão, e não da aparência.

Principais características do Cubismo Analítico

O Cubismo Analítico é reconhecido por sua profunda investigação das formas e pela busca em representar o objeto de maneira total, e não apenas a partir de um único ponto de vista. Para alcançar isso, os artistas desenvolveram uma série de recursos que transformaram radicalmente a linguagem da pintura.

Fragmentação da forma

Os objetos retratados (garrafas, violões, rostos, copos) são decompostos em múltiplos planos geométricos, quase como se fossem cacos reorganizados na tela. Essa fragmentação permite que cada parte da figura seja observada sob diferentes ângulos, o que transforma o ato de pintar em um exercício de análise visual.

Multiplicidade de pontos de vista (simultaneidade)

Ao invés de mostrar um único enquadramento, o artista representa diversos ângulos e momentos de um mesmo objeto dentro da mesma imagem. Assim, o espectador é convidado a reconstruir mentalmente a figura, participando ativamente do processo de leitura da obra.

Paleta de cores reduzida (monocromia)

Outra característica marcante é o uso de cores sóbrias e contidas, como tons de ocre, cinza, marrom e verde-oliva. Essa restrição cromática não é aleatória. Ela serve para destacar o estudo das formas, volumes e estruturas, evitando que a cor distraia o olhar do observador.

Quase abstração

A decomposição extrema e a limitação das cores tornam as figuras quase irreconhecíveis, aproximando o Cubismo Analítico de uma linguagem abstrata. O que importa aqui não é o objeto em si, mas o modo como ele é percebido e reconstruído pelo pensamento.

Interpenetração de planos

Os planos parecem se sobrepor, atravessar e fundir uns aos outros, criando uma sensação de transparência e profundidade ambígua. É como se o interior e o exterior das formas se tornassem visíveis ao mesmo tempo.

Pinceladas curtas e textura

A superfície das telas costuma apresentar pinceladas pequenas, densas e controladas, formando uma textura vibrante que unifica a composição e destaca o caráter construtivo da pintura.

Temas e assuntos comuns no Cubismo Analítico

Naturezas-mortas (Still Life)

As naturezas-mortas foram um dos temas mais explorados pelos pintores cubistas. Objetos como garrafas, copos, frutas, jornais e instrumentos musicais tornaram-se recorrentes. 

Esses elementos eram ideais para a proposta cubista porque permitiam uma análise minuciosa das formas, a exploração de diferentes pontos de vista e a reorganização das superfícies em planos geométricos. Muitas dessas composições combinavam elementos pintados com técnicas de colagem, integrando materiais reais à obra.

Retratos

Os retratos também ocuparam papel importante na pintura cubista, mas de forma muito diferente da tradição realista. As figuras humanas eram representadas a partir de ângulos múltiplos, com rostos e corpos decompostos em facetas e volumes.

Essa abordagem buscava captar tanto a aparência física do retratado, como também uma visão mais intelectual e abrangente de sua presença. Ainda que menos numerosos que as naturezas-mortas, esses retratos estão entre as obras mais icônicas do movimento.

Paisagens

Embora menos comuns, as paisagens também foram tratadas dentro da lógica analítica: geometrizadas, fragmentadas e reduzidas a planos sobrepostos. Montanhas, casas e árvores perdem seu aspecto natural para se transformar em estruturas quase abstratas, onde o espaço é reconstruído pela mente do observador, e não pela perspectiva tradicional.

Técnicas e abordagens artísticas

O Cubismo Analítico representou uma transformação profunda na maneira de pensar e construir uma imagem. Seu intuito não era reproduzir o que o olho vê, mas investigar e representar como o pensamento percebe a forma.

Rejeição da perspectiva tradicional

Os artistas cubistas abandonaram a perspectiva linear renascentista, que criava a ilusão de profundidade a partir de um único ponto de fuga. Da mesma forma, o uso de luz e sombra (chiaroscuro) para sugerir volume foi deixado de lado. 

Em vez disso, o espaço passou a ser reconstruído por meio da sobreposição de planos e ângulos, sem hierarquia entre o que está à frente ou ao fundo.

Análise profunda do objeto

Antes de pintar, o artista realizava uma espécie de “estudo intelectual” da forma, observando o objeto em diferentes posições e momentos. Essa análise servia para compreender sua estrutura, volume e proporção — informações que, depois, eram traduzidas para a tela em uma composição fragmentada e coerente dentro de sua própria lógica interna.

A pincelada construída

As pinceladas no Cubismo Analítico também se tornaram parte essencial do processo. Curtas, densas e direcionadas, elas construíam e desconstruíam as formas, ajudando a organizar os planos geométricos e a unificar a superfície da tela. Assim, a textura e o ritmo da pintura deixavam de ser meros detalhes técnicos para se tornarem elementos estruturais da composição.

Artistas-chave e obras emblemáticas

Pablo Picasso 

Entre suas obras importantes estão:

  • Les Demoiselles d’Avignon (1907): considerada proto-cubista, marca a ruptura com a tradição e já evidencia influências da arte africana e da fragmentação da forma.
  • Retrato de Ambroise Vollard (1910): exemplo clássico de fragmentação e multiplicidade de pontos de vista, representando o colecionador de forma quase geométrica.
  • Fábrica de Horta de Ebro (1909): mostra a aplicação do Cubismo Analítico em paisagens, com planos sobrepostos e formas geométricas.

Georges Braque

Entre suas obras importantes estão:

  • Casas em L’Estaque (1908): uma obra inicial que decompõe a paisagem em planos geométricos, antecipando o Cubismo Analítico.
  • O Português (ou O Emigrante, 1911-1912): considerado um dos exemplos mais didáticos do Cubismo Analítico, com fragmentação extrema, cores sóbrias e interpenetração de planos.

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